Retrospectiva 2021: Williams, Alfa Romeo e Haas se arrastam e formam Z-3 previsível

Com carros que não ofereceram competitividade, equipes terminaram 2021 nos três últimos lugares entre os Construtores — em resultado que poderia ser previsto desde o início do ano

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Se o título da Fórmula 1 em 2021 só pôde ser decidido na última volta da última corrida da temporada, o mesmo não pode ser dito da outra ponta da tabela. Na rabeira da classificação, Haas, Alfa Romeo e Williams já conheciam seus caminhos com antecedência, e a verdade é que pouco fizeram dentro das pistas para que o final de 2021 fosse diferente das últimas três posições. A equipe de Grove até ofereceu uma sequência de resultados aceitáveis, mas nada que pudesse ser confundido com competitividade.

A Williams conseguiu terminar como “a melhor das piores”, com o antepenúltimo lugar e 23 pontos, dez tentos a mais do que a Alfa Romeo — a Haas não pontuou. A questão é que muito disso se deve a George Russell, que encaixou uma sequência de bons resultados no meio do ano, entre os GPs de Hungria e Rússia, o suficiente para se garantir à frente do time de Hinwill — que pouco conseguiu fazer para mudar a situação.

Russell aproveitou as situações caóticas de Hungria (quando Bottas abalroou vários carros à sua frente na largada), Bélgica (essa falaremos abaixo), Itália (que teve batida e abandono dos dois concorrentes ao título e vitória da McLaren) e Rússia (quando a chuva mudou completamente o cenário que se desenhava na corrida) para garantir alguns pontos, suficientes para terminar à frente da Alfa Romeo. Nicholas Latifi, por sua vez, pontuou apenas duas vezes e chamou mais atenção por causar o acidente decisivo na disputa pelo título, em Abu Dhabi.

GEORGE RUSSELL; WILLIAMS; PÓDIO; GP DA BÉLGICA;
George Russell terminou com o segundo lugar na Bélgica em 2021 (Foto: Williams)

Vale destacar que Russell — que será companheiro de Lewis Hamilton na Mercedes em 2022 — praticamente garantiu a vantagem entre as equipes com o desempenho que teve na Bélgica. Apesar de ser possível prever que George perdesse posições ao longo da corrida — que acabou não acontecendo devido às péssimas condições climáticas —, o fato é que o inglês garantiu o segundo lugar no grid de largada em condições extremamente adversas e em um carro bastante limitado, o que deu mais uma mostra de seu enorme talento.

A história se repetiu na Rússia, e Russell assegurou um terceiro lugar na largada que lhe valeu muito. O carro da Williams não o permitiu se manter entre os ponteiros, mas o caos causado pela chegada da chuva ao Circuito de Sóchi premiou o britânico, que aproveitou a situação para terminar em décimo e garantir um ponto.

A Alfa Romeo disputou a temporada de 2021 com dois pilotos que não estarão no grid em 2022: Kimi Räikkönen fez sua última participação na Fórmula 1 e deixou a categoria após 350 GPs disputados, e Antonio Giovinazzi não teve seu contrato renovado e partiu para a Fórmula E, onde defenderá a Dragon. Ambos os pilotos tiveram um ano extremamente apagado, com um carro que não oferecia possibilidades de brigar por pontos a não ser que fatores externos influenciassem na corrida.

Kimi Raikkonen se aposentou da F1 após última temporada pela Alfa Romeo (Foto: Alfa Romeo)

Räikkönen ainda conseguiu garantir dois oitavos lugares, em Rússia e México, utilizando exatamente deste artifício: aproveitou o caos instaurado em Sóchi devido à chuva e as batidas na largada do GP da Cidade do México para galgar algumas posições e somar pontos suficientes para terminar à frente do companheiro de equipe. Giovinazzi pontuou em apenas duas corridas, décimo em Mônaco e nono na Arábia Saudita, e pouco mostrou em 2021 para convencer a escuderia a mantê-lo.

Para o próximo ano, a Alfa Romeo assegurou a contratação de Valtteri Bottas e Guanyu Zhou, que será o único estreante do grid após subir da Fórmula 2. O finlandês chega com uma experiência respeitável na F1 — principalmente após cinco títulos de Construtores em cinco anos na Mercedes —, enquanto o chinês será o primeiro representante de seu país na categoria. Além do aporte financeiro milionário, Zhou buscará mostrar que não se trata apenas de um “piloto pagante”.

Por último, assim como foi ao longo de todo o ano, a Haas. Nikita Mazepin é um caso à parte: anda constantemente abaixo de seu companheiro, Mick Schumacher, e terminou à frente do alemão em apenas três corridas do ano. É difícil traçar qualquer comparativo entre os pilotos da Haas e os competidores do grid, pois além de serem estreantes na F1, o carro não oferece competitividade contra nenhum outro. Foram zero pontos em 22 corridas.

Nikita Mazepin estreou na F1 em 2021 e chamou mais atenção por polêmicas do que pela pilotagem (Foto: Haas F1 Team)

Assim, a comparação só pode ser feita internamente. E Mick, apesar de não ter ainda resultados expressivos na Fórmula 1, mostra um potencial imensamente maior que Mazepin. O russo oferece à equipe norte-americana um investimento extremamente forte, fruto de seu pai, Dmitry, dono da Uralchem.

No entanto, dentro das pistas, causou confusões com outros pilotos, desrespeitou acordos traçados entre os competidores — principalmente em classificações —, foi desrespeitoso com a repórter Mariana Becker ao debochar de uma simples pergunta, e demonstrou ao longo de todo o seu primeiro ano na F1 ter um potencial muito maior para se envolver em polêmicas do que garantir vitórias ou pontos em seu futuro na maior categoria do automobilismo.

Assim, na pior equipe da Fórmula 1 em 2021, foi possível ver um piloto — Schumacher — sem bons resultados, mas que busca claramente uma evolução dentro da categoria e que conta com um histórico bastante positivo — o título da F2 de 2020, por exemplo. E foi possível ver Mazepin, que encerra o ano como o pior piloto da categoria e traz questionamentos sobre sua real capacidade de pilotar um carro de Fórmula 1 de maneira competitiva.

Era possível saber as últimas três colocadas do campeonato de 2021 com antecedência, possivelmente desde a abertura do campeonato, no Bahrein. Para o ano que vem, o pensamento de Williams, Alfa Romeo e Haas é o mesmo: aproveitar o novo regulamento técnico da categoria para que seja possível dar um salto de rendimento, e ao menos oferecer a seus pilotos a possibilidade de disputar posições na pista com outras equipes que não as três.

Mick Schumacher ainda busca somar seus primeiros pontos na Fórmula 1 (Foto: Haas)
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