Retrospectiva 2024: Interlagos define ‘era Verstappen’ com nova corrida histórica
Max Verstappen encaminhou o quarto título mundial em uma corrida histórica, que não apenas definiu a era do neerlandês na F1 como também mostrou que Interlagos é o teatro dos sonhos do esporte a motor
O GP de São Paulo chegou com expectativas altíssimas para a edição 2024. Depois da decepção por uma corrida bem qualquer coisa em 2023, a temporada maluca aliada com a pequena crescente de Lando Norris tornaram Interlagos um palco crucial para a disputa do título mundial, algo que não acontecia no Brasil desde a vitória de Lewis Hamilton em 2021.
Líder do campeonato e então tricampeão, Max Verstappen vinha cercado de pressão, não apenas pela ascensão do rival, mas pelas punições na corrida anterior, no México, que mais uma vez levantaram questões sobre a capacidade do neerlandês de aceitar derrotas. A diferença entre Verstappen e Norris desembarcou em Interlagos em 47 pontos, com mais 3 corridas restantes após a passagem pelo Brasil.
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Tudo corria com tranquilidade, inclusive a corrida sprint. Com amplo domínio da McLaren, o time estava determinado a colaborar com a campanha de título de Norris, dando ordem de equipe para o companheiro Oscar Piastri ceder o triunfo na prova da manhã de sábado. Eram 2 pontos a menos na distância entre o britânico e o neerlandês Verstappen. Mal os fãs sabiam que seriam os últimos carros que veriam na pista naquele dia.
Cerca de 1 hora antes da classificação, uma tempestade de proporções bíblicas caiu sobre o autódromo. A drenagem difícil e o acúmulo de água resultaram em múltiplos adiamentos da sessão. Safety-car, carro médico e caminhões tentaram ajudar, mas foi inevitável: classificação adiada para a manhã de domingo, algo que não acontecia desde 2019 na categoria.

A chuva diminuiu às 7h do domingo, mas ainda marcou presença e afetou o andar da carruagem. Foram simplesmente cinco acidentes que interromperam a sessão: Franco Colapinto, Carlos Sainz, Lance Stroll, Fernando Alonso e Alex Albon foram ao muro. Norris ficou com a pole, lado a lado com George Russell, de Mercedes. Yuki Tsunoda ficou com o terceiro posto, seguido por Esteban Ocon, Liam Lawson e Charles Leclerc. Eliminado no Q2 e punido, Verstappen largaria apenas em 17º.
Antes mesmo da largada, um dos momentos mais cômicos de 2024: Stroll errou sozinho no fim da reta oposta na volta de apresentação e tocou o muro. Na tentativa de voltar para a pista, acabou atolando na brita. A gafe do canadense acabou atrasando o apagar das luzes. Na partida, o primeiro erro de Lando: superado por Russell, que assumiu a liderança.
Em meio a escapadas e rodadas, Verstappen começou a galgar espaço. Rapidamente já surgiu no top-10 e, conforme a chuva aumentava, já mostrava que estava em um ritmo diferente de todos, tirando Pierre Gasly, Alonso, Piastri e Lawson da frente. Conforme a água foi aumentando, decisões importantes teriam de ser tomadas sobre troca de pneus ou permanência na pista.
Russell e Norris pararam, dando a liderança para Ocon, de Alpine, que já puxava Verstappen no segundo lugar. Lando até conseguiu superar o compatriota, mas a decisão se provou um erro. Primeiro, pelo safety-car acionado. Aí, logo na sequência, Colapinto, de pneus intermediários, deu uma tremenda pancada no muro e veio a bandeira vermelha.

Com vários pilotos ganhando um ‘pit-stop gratuito’, Verstappen manteve o grande ritmo assim que a bandeira verde veio, e não teve dificuldades para tirar a liderança das mãos de Ocon. Enquanto isso, Norris errou duas vezes, transformando o quarto lugar em sétimo. Só foi cruzar a bandeira quadriculada em sexto por conta de ordens de equipe. De novo.
Se a distância de 47 entre Max e Lando chegou a cair virtualmente para 19 tendo em vista a classificação, ambos saíram de Interlagos separados por 62. Não foi apenas um golpe matemático nas pretensões do britânico da McLaren, como também uma pancada mental ao ponto do piloto sair dizendo que Verstappen “deu sorte” com a vitória. Não teve jeito, título cravado em Las Vegas, na corrida seguinte.
Enquanto Max marchou para uma vitória histórica, a Alpine também celebrou um de seus melhores dias na história, com Ocon firme no segundo lugar e Gasly segurando Russell para ficar com a posição final no pódio. O resultado ajudou o time a pular de nono para sexto no Mundial de Construtores.
Mais uma vez, Interlagos não entregou apenas uma grande corrida, mas definiu eras na Fórmula 1. Assim como definiu para Ayrton Senna e também para Lewis Hamilton, 3 de novembro de 2024 vai ficar marcado como o dia em que qualquer dúvida sobre o nível de Verstappen deixou de existir. Estamos em uma era histórica e o neerlandês escreveu o nome dele no teatro dos sonhos do esporte a motor.
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