Retrospectiva F1 2018: Na batalha dos tetracampeões, Hamilton se põe impecável e anula errático Vettel

A temporada 2018 teve início com a expectativa de uma grande batalha entre os dois tetracampeões do grid. Mas um irregular Sebastian Vettel não foi capaz de se manter na batalha, enquanto Lewis Hamilton, impecável, aproveitou cada erro do adversário para chegar ao histórico pentacampeonato

RETROSPECTIVA F1 2018
 'Nova' F1 esbarra em ano de altos e baixos, mas dá sorte com penta de Hamilton

Pela primeira vez na história, a F1 viveu a chance de acompanhar uma disputa de título entre dois tetracampeões. Defendendo as duas melhores equipes do grid, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel carregavam toda a expectativa de uma batalha ponto a ponto e até certo momento parecia que seria assim mesmo. A pré-temporada havia mostrado um equilíbrio maior entre Mercedes e Ferrari. Mas, mais que isso, revelou que a equipe italiana havia, de fato, dado um passo importante à frente. E tanto é verdade que, apesar da velocidade do carro prateado na abertura do campeonato, foi o alemão quem tirou o sorriso do inglês. O GP da Austrália foi agitado e marcado por um incidente que mudou a história da corrida. Mesmo assim, deixou a impressão de que era possível esperar mais da luta pelo campeonato. E na realidade, a primeira fase da temporada acabou por corroborar esse cenário, especialmente quando se nota as seis mudanças de liderança durante as 11 primeiras etapas. Mas algo aconteceu nas garagens de Maranello, e isso mudou a história da temporada. 

 
Depois de sorrir por último em Melbourne, Vettel voltou a triunfar no Bahrein, aí mostrando as armas. A Ferrari esbanjou desempenho, e o #5 cravou uma bela pole, puxando uma dobradinha do grid. Por causa de uma troca de câmbio, Hamilton partiu apenas em nono. E precisou de uma prova paciente e de recuperação para alcançar o terceiro lugar. Era a primeira vez, desde 2004, que Maranello iniciava uma temporada com duas vitórias seguidas. A performance se traduziu em uma confortável vantagem na tabela de classificação: 50 a 33 para o ferrarista.
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel (Foto: Twitter/Soy Motor)

Aí a F1 foi para a China. Uma das corridas em que o acaso teve interferência decisiva. Em Xangai, se viu de tudo: batidas, mudanças de estratégias, de liderança e boas ultrapassagens. De novo, os italianos garantiram a primeira fila, enquanto a Mercedes se via apuros e não conseguia apresentar um ritmo forte. Isso ficou evidente na corrida, mas, ainda assim, conseguiu lidar com as táticas. O que as ponteiras não esperavam era uma Red Bull tão esperta. A equipe aproveitou bem a entrada de um safety-car para colocar seus dois pilotos em posição de vitória. Apenas um aproveitou: Daniel Ricciardo. Os dois protagonistas do ano acabaram fora do pódio, com Seb levando a pior. O britânico foi quarto, enquanto o alemão, oitavo. Apesar do revés, Vettel seguia no comando dos pontos.

 
Se a etapa chinesa já tinha sido uma surpresa agradável, Baku foi ainda maior. Fazendo uso de todo o potencial para uma corrida agitada, dadas as condições da pista, o GP do Azerbaijão não decepcionou. Uma vez mais, Seb cravou a posição de honra, mas agora teve Lewis na primeira fila. Só que a Mercedes não acompanhou o ritmo, ao menos não com Hamilton. Só que a corrida foi maluca que acabou coroando o #44, que viu seus adversários deixarem a luta: Vettel, primeiro, depois de um erro na disputa com Bottas e, o próprio finlandês, que certamente levaria a prova não fosse um pneu furado, em destroços de um bizarro acidente entre a dupla da Red Bull. O triunfo colocou Lewis na ponta do campeonato pela primeira vez. 
 
Então, dessa forma torta é que Hamilton viveu sua primeira vitória em 2018. O GP da Espanha veio a seguir, e a F1 se entregou à normalidade. Enfrentando dificuldades de pneus em Barcelona, a Ferrari e Vettel não tiveram chance contra a Mercedes e Lewis. A prova seguinte se deu em Mônaco e lá foi uma espécie de corrida neutra para os dois postulantes ao título. O triunfo ficou nas mãos de um excelente Ricciardo. Seb e Lewis apenas completaram o pódio. Já a tabela ainda mostrava o inglês à frente, mas agora com uma vantagem de 14 tentos.
Lewis Hamilton (Foto: Mercedes)
As corridas que vieram na sequência revelaram uma briga de gato e rato entre Hamilton e Vettel, um toma lá dá cá. Mas também mostrou uma Ferrari melhor tecnicamente e uma Mercedes preocupada, especialmente depois de um esquisito abandono duplo. Mas tudo começou no Canadá. Antes terra de Hamilton, foi Vettel quem deu as cartas por lá e reassumiu a liderança da tabela. Depois foi a vez da revanche, e o #44 levou a corrida na França, na volta de Paul Ricard ao calendário. E lá também foi o primeiro grande vacilo de Seb. Com um carro veloz nas mãos, o ferrarista foi para o tudo ou nada na largada e acabou despencando no pelotão, o que deu a oportunidade a Lewis de retomar a ponta da temporada.
 
Enquanto a esquadra prata lambiaa suas feridas depois de deixar a corrida austríaca com ambos os carros, a Red Bull voltava a vencer, agora com Max Verstappen. Seb foi só terceiro, o suficiente, no entanto, para recuperar o comando do Mundial. E essa liderança foi consolidada com uma vitória categórica em plena Silverstone lotada. Hamilton, apesar de um revés na largada, foi capaz de levar a Mercedes até o segundo lugar. 
 
A vingança não tardaria. O inglês devolveu o triunfo ao rival em plena Hockenheim lotada duas semanas depois. E coube ao GP da Alemanha servir de cenário para o ponto chave da temporada. Comandando a corrida desde a pole, Vettel cometeu um erro quando a chuva apertou na região da pista alemã. Com o ferrarista fora, Hamilton partiu para a vitória e voltou a ser líder, algo que nunca mais largou. Lewis ainda venceu na Hungria sete dias depois, saindo de férias com uma confortável vantagem de 24 pontos.
Sebastian Vettel (Foto: Beto Issa)
Quando a F1 voltou da pausa do verão europeu, a Ferrari novamente exibiu uma grande forma e, mesmo sem largar da pole, Vettel foi impiedoso e venceu com autoridade em Spa-Francorchamps, dando a entender que a briga voltaria a ser dura. Foi só impressão, lamentavelmente. O GP da Itália viu um novo equívoco do ferrarista em largadas. Sem paciência depois de ter perdido a pole para o companheiro Kimi Räikkönen no dia anterior, Seb se envolveu em um toque com Hamilton logo na primeira volta, caiu lá para trás e perdeu a chance de tentar a vitória. Enquanto isso, o inglês se pôs forte e cirúrgico ao esperar o momento certo para superar Räikkönen e vencer em plena Monza lotada. A história se repetia.
 
A fase asiática da F1 acompanhou a derrocada da Ferrari e um Hamilton quase perfeito. Em Singapura, praticamente última chance de recuperação dos vermelhos, o britânico deu um espetáculo com uma volta precisa e sensacional para saltar da pole. Na corrida, foi cuidadoso, mas também veloz. Venceu de novo e ainda viu o rival em apuros por decisões erradas no pit-lane. Em Suzuka, duas semanas depois, Hamilton ganhou de novo, enquanto Seb se envolvia um toque com Verstappen, depois de uma tentativa de desastrada de ultrapassagem. Ali as chances de luta praticamente acabaram.
 
Lewis obteve um novo triunfo na Rússia – polêmico devido a uma ordem de equipe desnecessária da Mercedes. Nos EUA, a Ferrari voltou a vencer com Räikkönen, enquanto, no México, foi a vez da Red Bull. Mas aí sequer havia uma disputa. De novo, Hamilton faturou o Mundial com três provas de antecipação. No Hermanos Rodríguez, bastou a quarta posição para o inglês alcançar o histórico pentacampeonato. O #44 ainda venceria no Brasil e na etapa final, em Abu Dhabi.
Sebastian Vettel e Lewis Hamilton com capacetes trocados (Foto: Mercedes)
A Vettel coube o vice-campeonato. Pode parecer muito, mas é pouco, especialmente diante do carro que teve nas mãos. De longe, a melhor Ferrari da era dos motores híbridos na F1. Por vezes, se apresentou até melhor que a Mercedes. Mas Seb sucumbiu à pressão da missão que tomou para si. Cometeu erros em momentos decisivos, se mostrou instável do ponto de vista emocional e não teve a união de uma equipe – que também viveu seus dramas com a morte precoce do presidente Sergio Marchionne. A temporada deixou claro que, mais que a parte técnica, a evolução emocional do time como um todo é necessária para superar uma esquadra tão compacta quanto a Mercedes. 
 
E a verdade é que a quinta taça do mundo chega para Hamilton em seu melhor ano na F1. Depois de um 2017 já impressionante, Lewis foi capaz de ir além. Não cometeu nenhum grande erro ao longo da temporada, soube somar pontos quando não tinha o melhor carro nas mãos, tirou proveito de todas as trapalhadas do rival e ainda exibiu uma pilotagem soberba, veloz e de excelência. É difícil imaginar o que teria acontecido se Vettel não tivesse se envolvido em tantos incidentes, mas é certo dizer, e até justo, que o inglês teria sido um adversário duro de bater de qualquer maneira, principalmente devido à alta qualidade técnica apresentada na segunda fase do ano. A questão é que o britânico subiu tanto o sarrafo só a perfeição poderia mudar a história de alguém que já está cada vez mais perto de se tornar o maior de todos.

As 21 imagens que traduzem bem a temporada 2018 da F1
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