Rokit deve mais R$ 150 milhões à Williams em lista de calotes no mundo do esporte

A Rokit entrou de mala e cuia no mundo do esporte, fez da Williams uma das parceiras e, pouco tempo depois, viu-se envolvida numa série de pedidos de falência

A Williams saía de um acordo com a Martini que durara meia década, até o fim de 2018, quando, para o ano seguinte, anunciou acerto com uma companhia nova e até então desconhecida que, daquele momento em diante, esticaria as garras para o mundo do esporte e do entretenimento. Quatro anos depois, a empresa em questão, a Rokit, via várias de suas empresas-satélite pedirem falência e deixava um rastro de calotes financeiros. No caso da Williams, esses valores ultrapassam R$ 157 milhões.

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Após a assinatura do contrato, em 2018, a Rokit passou a ser patrocinadora-máster da equipe, então ainda pertencente à família Williams. Mais que isso, o nome da companhia dos Estados Unidos foi incluído ao nome oficial da equipe, que passou a ser ROKiT Williams Racing. O acordo foi incrementado e esticado ainda em julho de 2019 e devia durar até o fim de 2023. Contudo, em maio de 2020, terminou rescindido antes do começo de fato do campeonato daquele ano.

No ano passado, a Williams entrou com um processo legal contra a Rokit que, em fevereiro de 2022, chegou ao final com vitória para a equipe inglesa e a ordem de que a Rokit pagasse £ 26,2 milhões — equivalente a R$ 152,3 milhões, na cotação do dia — mais US$ 1 milhão — R$ 5,2 milhões — de juros. O total chega a R$ 157,5 milhões.

O caso foi inicialmente vencido pela Williams na Corte de Londres e, na sequência, levado aos Estados Unidos para confirmação e por ser onde a equipe queria receber os valores devidos. O juiz da Corte Federal dos Estados Unidos que julgou o caso rejeitou a defesa da Rokit, de que o não-pagamento acordado se deu pela Williams falhar em cumprir com suas obrigações do acordo. Segundo a sentença, a Rokit fez uma “promessa sem ambiguidades” de cumprir com o pagamento integral conforme descrito no contrato. E março, entretanto, a empresa pediu falência e colocou as cobranças em questão.

Edoardo Mortara brigou pelo título da Fórmula E com o patrocínio da Rokit (Foto: FIA Fórmula E)

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A Williams foi a entrada da Rokit no esporte a motor, mas não a única tentativa. A companhia esteve ligada à W Series logo na origem da competição. Na verdade, foi a primeira patrocinadora da história da W Series, ainda em 2019. Depois, em 2020 e com a pandemia, a categoria resolveu não realizar a temporada e o acordo com a Rokit nunca mais foi tratado. Na última temporada da Fórmula E, contudo, a Venturi anda estampava a Rokit por todo o carro e tinha na companhia dos Estados Unidos uma patrocinadora-máster.

Embora as duas marcas, W Series e Venturi, não tenham entrado com processos legais, ao menos nada de ordem pública, contra a Rokit, o que se sabe é que as dificuldades financeiras fizeram a categoria criada para desenvolver pilotas ter de encurtar a temporada 2022 por falta de dinheiro e que a Venturi entrou em acordo com a Maserati para passar somente a operar o time italiano a partir do próximo campeonato da Fórmula E.

Houve também um acordo com a Foyt, na Indy, para o carro #11. Dividido por Tatiana Calderón e JR Hildebrand ao longo de 2022, a equipe simplesmente tirou um carro de circulação durante a temporada até que os valores acordados fossem pagos. Como não foram, o carro deixou de competir.

O tema Rokit ganhou força após o site norte-americano Sportico publicou uma ampla investigação na qual trata da trilha de calotes que a Rokit, originalmente uma de tecnologia, bebidas e “serviços inovadores”, deixou no mundo do esporte. Entre os credores, estão o Manchester United [time inglês de futebol] Houston Rockets [time da NBA], o Las Vegas [time da NFL] e Derwin James [jogador da NFL]. O total das dívidas esportivas ultrapassa os R$ 520 milhões.

De acordo com o veículo, os valores devidos ao Manchester United chegam a R$ 40,6 milhões; ao Houston Rockets, R$ 58,4 milhões; ao Las Vegas Raiders, R$ 10,2 milhões. Entre outros credores menores, como James e o Tennis Channel.

A companhia, que tem o comando do empresário inglês Jonathan Kendrick e do bilionário John Paul DeJoria, um dos fundadores da empresa de bebidas Patrón Spirits, vendida para a gigante Bacardi há alguns anos. Ao Sportico, o advogado de Kendrick afirmou que o caso “é baseado em rumores e informações” falsas, enquanto DeJoria não respondeu.

Tatiana Calderón esteve no carro da Foyt empurrado pela Rokit (Foto: IndyCar)

O Sportico publicou, porém, que seis das subsidiárias do que a Rokit chamada de “grupo de companhias” pediu falência no último ano e meio. Agora, os credores tentam entender de que maneira vão receber os valores devidos. A maioria destas empresas, segundo a reportagem, tem ativos na casa da dezena de milhares de dólares, enquanto as dívidas estão na casa do milhão de dólares, portanto.

O mesmo vale para o mundo do entretenimento. Uma dessas empresas do grupo de companhias, a Rok Mobile Inc. inaugurou um serviço de operador móvel virtual que rendeu processos distintos por meio da Warner Music, Sony e Orchard Enterprises por calotes nos acordos de licenciamento que assinaram com a companhia.

O grosso da dívida com a Williams foi feita por meio da Rokit Marketing e da ROK Marketing. As duas companhias pediram falência cerca de duas semanas marcar do juiz do caso marcar uma reunião para tratar do pagamento do valor. Essa não será a última vez que o assunto virá a tona.

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