Sauber firma acordo financeiro com Van der Garde e segue com Nasr e Ericsson titulares em 2015, diz TV

A resposta de Giedo van der Garde ao acordo feito entre seu advogado e a Sauber denunciava que o piloto não estava satisfeito. Depois de brigar na Justiça a semana toda, o holandês falou em "respeitar FIA, Sauber e os dois outros pilotos". Pois o respeito veio em forma de compensação financeira, segundo a TV Globo

Ao que parece, a novela envolvendo Sauber e Giedo van der Garde chegou mesmo ao fim. E isso aconteceu graças a um entendimento financeiro, firmado neste sábado (14), depois de que as partes entraram em acordo quanto ao processo movido pelo holandês na Justiça australiana. Ainda, o pacto é válido para toda a temporada 2015. A informação é da TV Globo.

De certa forma, a ação explica o repentino "respeito" manifestado Van der Garde ao falar sobre os "interesses da Sauber e da FIA". A manobra, por outro lado, também assegura a Felipe Nasr e a Marcus Ericsson os postos de titulares do time de Hinwil. Os dois já participaram do terceiro treino livre em Melbourne, no Albert Park, palco da abertura do Mundial.

Van der Garde deixa paddock em Melbourne já sem macacão da Sauber (Foto: Twitter/FOX)

Em nota, a equipe chefiada por Monisha Kaltenborn afirmou que, na próxima semana, as "conversas construtivas" devem continuar para que uma solução para o imbróglio seja encontrada e que seja benéfica para ambas as partes.

Van der Garde demonstrou que não saiu de todo contente do caso. "Como eu sou um piloto muito passional, a decisão foi bem difícil para mim", disse.

"Mas eu também desejo respeitar os interesses da FIA e da Sauber, bem como de Nasr e Ericsson. Meus agentes vão continuar as conversas com a Sauber no começo da semana que vem para achar uma solução aceitável para ambas as partes. Eu estou confiante de que vamos encontrar uma solução e vou informar à imprensa assim que a tiver", completou.

Sobre o acordo financeiro, o primeiro valor que começou a borbulhar é de US$ 3 milhões — mais de R$ 9 milhões — só para este fim de semana. Van der Garde levava à Sauber era de US$ 8 milhões — acima de R$ 24 milhões — pelo acordo que tinha. As "conversas construtivas" da semana que vem devem definir a quantia restante a ser recebida e/ou a retomada das conversas para que o sogro de Van der Garde, Marcel Boekhoorn, fique com parte da equipe.

Entenda o 'caso Van der Garde'

A história remonta o fim do ano passado. Ainda com o campeonato em andamento, a Sauber anunciou a contratação de Marcus Ericsson, então sem poder correr pela Caterham— que se ausentou de duas das últimas três provas temporada. Era o primeiro sinal de que a equipe não honraria um dos contratos então em vigor. Tanto Adrian Sutil quanto Giedo van der Garde tinham acordos válidos para 2015. Os dois pilotos tiveram a exata noção de que não serviam mais quando Felipe Nasr foi confirmado.

Sutil e Van der Garde foram devidamente comunicados. Por SMS. O alemão reclamou, mas deixou quieto; o segundo, não. O segundo foi levar o desaforo à Justiça suíça. Em dezembro, os tribunais helvéticos deram ganho de causa ao holandês. Mas em nenhum momento a Sauber fez qualquer menção para cumprir a ordem.

Van der Garde, então, iniciou uma preparação física como nunca fizera em sua vida. Sem poder guiar carro algum, aguardou calado a pré-temporada da F1 e notou que a Sauber não errou a mão de novo como fez em 2014. Se o azul e amarelo C34 não é o mais rápido do grid, ao menos anda no meio do pelotão. 

No fim de semana passado, Van der Garde, pessoas próximas e seu advogado viajaram para Melbourne. Na segunda-feira, deram entrada com uma

ação na Corte do estado de Victoria para tentar garantir o que lhe era de direito e havia sido confirmado pela Justiça da Suíça.

Foi quando a Sauber mostrou ao mundo claramente que tinha feito algo de muito errado. Em vez de questionar alguma brecha no contrato que Van der Garde não haveria cumprido, o advogado de defesa partiu para alegações pueris, da qual a maior se evidenciava num "inaceitável risco de morte" que o piloto corria por nunca ter andado no carro. Ali também levantou-se a questão da superlicença que Giedo não tinha, mas o próprio havia confirmado que pedira à Federação Nacional de Automobilismo da Holanda.  

A Corte australiana deu evidente ganho de causa a Van der Garde. Depois de pensar, a Sauber resolveu apelar do resultado

Na quinta-feira, a tal apelação da equipe repetiu exatamente a mesma linha de defesa. Os advogados de Van der Garde deitaram e rolaram e trouxeram mais detalhes do caso: tanto o acordo do piloto era válido que a Sauber escreveu para o Quadro de Reconhecimento de Contratos — órgão da FIA que regula a questão — que ele fora encerrado em 6 de fevereiro deste ano, isto é, a Sauber negociou e anunciou Nasr e Ericsson quando Van der Garde ainda era seu piloto de fato.

Mas este comunicado de término de contrato acabou tendo valor no caso.

Novamente vitorioso nesta segunda instância, Van der Garde entrou com outra ação na Corte australiana: o chamado 'contempt of court' era o pedido para que a Sauber cumprisse devidamente o que foi estabelecido. A solicitação foi pesada: se o time de Monisha Kaltenborn não obedecesse, os carros e outros itens seriam confiscados nos boxes do circuito Albert Park e a chefe poderia ser presa.

O julgamento acabou arrastado para o sábado em Melbourne, e neste ínterim, Van der Garde apareceu no circuito à paisana, não conseguiu entrar no paddock com a credencial que tinha, esperou 25 minutos até passar pela catraca, foi à garagem da Sauber, viu os mecânicos lhe darem as costas e saírem em debandada, vestiu o macacão de Ericsson e ficou do lado do seu carro, tirou a roupa e foi embora: justamente porque a sua superlicença não havia sido emitida, já que o QRC ainda entendia que o piloto não tinha um contrato.

O choque da Sauber ao receber Van der Garde (Charge: Rodrigo Berton)
Precavida, Monisha deu ordem para que os carros não deixassem os boxes no treino livre 1; no segundo, Nasr e o sueco puderam ir à pista.

Nos bastidores, Sauber e Van der Garde iniciaram tratativas para chegar a um acordo. E por trás de toda história, há o interesse do sogro de Van der Garde, Marcel Boekhoorn, em comprar a Sauber. Em novembro, o empresário cuja fortuna é avaliada em quase R$ 6 bilhões esteve na sede da equipe suíça para negociar. Voltou em seu helicóptero de luxo com um não na cara e uma meta a cumprir.

QUEM É QUEM

Na terceira parte do Guia F1 2015, o GRANDE PRÊMIO faz um raio-X de cada uma das dez equipes do grid para o Mundial que começa neste fim de semana na Austrália, na pista de Melbourne, e que marca a 66ª temporada da história da F1.

O especial também traz as fichas completas dos 22 (!!!) pilotos que vão disputar o título mundial nas 19 ou 20 corridas previstas pelo calendário deste ano. 

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