Segundos atrás da Mercedes, briga por degrau que sobra no pódio anima corridas da F1 em 2014

Especial de metade da temporada: Red Bull, Williams, Ferrari, Force India e McLaren já conquistaram pódios em 2014 e se alternam corrida a corrida como segunda força do grid da F1. Mas, na tabela, a excelência da Red Bull está fazendo a diferença

McLaren na Austrália. Red Bull na Malásia. Force India no Bahrein. Ferrari na China. Red Bull na Espanha, em Mônaco e no Canadá. Williams na Áustria, e aí Williams e Red Bull juntas na Inglaterra. Williams pela terceira vez seguida na Alemanha e, por fim, Red Bull e Ferrari na Hungria.

Mercedes à parte, até que tem sido equilibrada a temporada 2014 da F1.

Em 11 corridas, nove pilotos de seis equipes diferentes já subiram ao pódio, mais do que nos campeonatos de 2011 e 2013 inteiros, por exemplo. Na comparação com 2012, um dos melhores mundiais de todos, são só dois pilotos e um time a menos nas 11 primeiras provas. E olha que, neste ano, teoricamente há apenas um lugar em jogo por GP — em condições normais, os dois primeiros postos são da Mercedes.

Pegando esse ‘pelotão do vice’ para estudar, há duas análises que podem ser feitas: os níveis que são indicados pela tabela de pontuação e os que são fruto da observação dos acontecimentos das corridas. A Red Bull se destaca em ambos principalmente por um fator, a excelência, mas a Williams não fica longe no quesito velocidade. Apenas desperdiçou boas chances de marcar pontos devido a erros e acidentes.

Passadas 11 provas, a Red Bull tem 219 pontos conquistados, 174 a menos que a Mercedes. Ao mesmo tempo, são 67 de frente para a Ferrari, terceira colocada, e 74 para a Williams, a quarta.

Foi só em circunstâncias atípicas que teve gente andando à frente da Mercedes (Foto: Ferrari)

E os rubro-taurinos, com Daniel Ricciardo, talvez o melhor piloto do ano até aqui, foram os únicos que conseguiram derrotar a Mercedes. Justamente pela mencionada excelência. A Red Bull mostrou toda a sua força ao se recuperar de uma pré-temporada horrenda para saber se colocar no lugar certo na hora certa: nos dois únicos domingos em que a Mercedes falhou.

Ricciardo roubou a cena fazendo muito mais do que se esperava dele. Mais do que ele mesmo esperava. Derrotou Sebastian Vettel constantemente ao longo das primeiras provas, quase fez a pole no GP da Austrália e foi a cinco pódios — seis, considerando-se a controversa desclassificação da corrida de Melbourne, devido à polêmica do fluxômetro. Enquanto isso, Vettel sofreu um bocado com problemas mecânicos e também para se adaptar ao novo regulamento e ao carro inferior em relação aos que teve nas mãos nos últimos anos.

Entretanto, se a Red Bull foi incontestavelmente a segunda força em quatro GPs, dá para dizer que a Williams também esteve nessa posição na mesma quantidade de provas. O problema foi ter deixado chances boas escaparam. Na Austrália, Felipe Massa e Valtteri Bottas tinham tudo para subir ao pódio, mas, além de uma classificação ruim na chuva, foram prejudicados por acidentes na corrida. No Canadá, Massa poderia ter vencido se os pit-stops do time não tivessem sido lentos. Destaque também para os pontos que não foram conquistados depois dos acidentes em que o brasileiro se envolveu no Canadá, na Inglaterra e na Alemanha.

Ainda, a Williams também poderia ter feito melhor em algumas provas em que não estava tão bem na comparação com as adversárias, como os GPs da China, de Mônaco e da Espanha. Mas obviamente que há bons momentos para se destacar. Mesmo na Austrália, Bottas deu um show de ultrapassagens e fez duas provas de recuperação. E, claro, a dobradinha na tomada de tempos para o GP da Áustria, com Massa anotando a primeira pole-position dele na F1 desde o GP do Brasil de 2008.

Williams largou na primeira fila na Áustria com Felipe Massa e Valtteri Bottas (Foto: Getty Images)

Depois aparece a Ferrari, de Fernando Alonso. Só de Fernando. É impressionante a regularidade que o espanhol consegue ter com um carro de quinta posição. A Ferrari só foi a segunda força no GP da China, palco de um dos dois pódios do bicampeão em 2014. Ficou entre os seis melhores em dez das 11 corridas.

A grande prova de que a Ferrari só está nessa posição por causa de Alonso é o desempenho de Kimi Räikkönen. Seja por estar ao lado do centralizador espanhol, seja por desânimo, seja porque simplesmente não consegue se adaptar à F14 T, o finlandês está tendo uma performance patética. Fez apenas 27 pontos apesar de ter abandonado somente uma vez, na Inglaterra, devido a um acidente. O melhor resultado foi o sexto lugar do GP da Hungria.

O foco em Maranello já vai sendo colocado no desenvolvimento do carro de 2015, bem como no aprimoramento do motor V6 turbo. E nas mudanças internas. Marco Mattiacci e James Allison vão pouco a pouco reorganizando os departamentos da escuderia italiana para tentar levar os carros vermelhos de volta aos dias de glória.

 Completam este grupo duas equipes-clientes da Mercedes, a Force India e a McLaren, cada uma com um momento de grande destaque.

O time de Vijay Mallya teve seu dia de glória no Bahrein, com Sergio Pérez, em uma corrida movimentada e que contou com a interferência de um safety-car no terço final. Mas ele e Nico Hülkenberg estiveram no páreo durante toda a prova, e o mexicano levou a melhor. Ir ao pódio na terceira corrida do ano foi uma ótima resposta para a desconfiança que havia em torno de Pérez depois do frustrante ano de McLaren em 2013 — ainda assim, ele tem sido bastante inconstante e ocupa só a 11ª posição no Mundial de Pilotos. O alemão não levou nenhum troféu para casa — aliás, segue sem ir ao pódio na vida —, mas pontuou dez vezes e está em sétimo.

O pódio em Sakhir: Rosberg, Hamilton e Pérez (Foto: Getty Images)

A McLaren, finalmente, está na sexta posição, um ponto atrás da Force India. Teve como único momento realmente bom o GP da Austrália, que terminou com Kevin Magnussen em terceiro e Jenson Button em quarto — mas os dois pilotos ganharam um lugar cada com a desclassificação de Daniel Ricciardo. Vindo de um dos piores anos de sua história, saiu de Melbourne liderando o Mundial de Construtores com 33 pontos na sacola, mais de três vezes mais do que a média do time em 2014.

Como Jenson Button já chegou a explicar, o que aconteceu foi que a McLaren conseguiu, no início do campeonato, tirar mais do carro que as demais. Chegou mais preparada. Daí ter sido capaz de marcar tantos pontos na Austrália. Porém, conforme o ano foi se desenrolando, a equipe parou no tempo e foi superada pelas rivais. Ficou sem pontuar em três corridas seguidas, inclusive, um desempenho inaceitável, especialmente com Ron Dennis de volta. Tanto é que Woking é o centro das especulações da silly season que começou relativamente cedo em 2014.

Nem Button, nem Magnussen estão garantidos para 2015. A McLaren pode exercer opção de escolha sobre os contratos de ambos e se dá ao direito de espiar o mercado para ver o que pode encontrar. O problema, realmente, é que as opções disponíveis não são fartas, tampouco baratas.

Jenson Button ainda não sabe se vai seguir na McLaren em 2015 (Foto: Getty Images)

Desse ‘pelotão do vice’, a Ferrari também é alvo de especulações. A ‘Autosprint’ veiculou que Alonso fica livre do contrato caso a escuderia fique na quarta posição do Mundial de Construtores, e Räikkönen está flertando com mais um contrato rompido com o desempenho que vem apresentando — tanto que Jules Bianchi até se dá ao direito de sonhar com uma promoção. As outras três, entretanto, não tem muitos motivos para querer mudar de pilotos, já tendo manifestado a intenção de manter as duplas atuais.

E falando de projeções para a segunda metade de 2015, a Williams já sonha com a vice-colocação entre os Construtores, embora admita que o terceiro posto é uma meta mais realista. E fala em chance real de vitória nos GPs da Bélgica e de Monza, nos velozes circuitos de Spa-Francorchamps. Apesar disso, alcançar a Red Bull não vai ser fácil: é preciso descontar 74 pontos de 387 que estão em jogo — e de um time que historicamente cresce na segunda parte do campeonato.

De qualquer forma, a luta por pódios já vem sendo um atrativo por si só, e há motivos para crer que vai continuar assim até o GP de Abu Dhabi.

Mercedes paga alto preço por domínio e precisa administrar rivalidade extrema entre Rosberg e Hamilton



Como se diz, a Mercedes fez direitinho a lição de casa no momento em que a F1 decidiu abandonar os motores aspirados V8 e substituí-los pelos turbos V6 de 1.6 L. Os alemães não estavam para brincadeira e produziram a melhor unidade de força dessa nova era, combinando quase com perfeição potência e confiabilidade. Aliado a isso, o time ainda colocou na pista o eficientíssimo W05 Hybrid, que se mostrou imune a dificuldades de qualquer natureza no que diz respeito à adequação aos diversos traçados do calendário. Juntou-se, então, dois pilotos de primeira linha. E aí não é difícil explicar o grande domínio imposto pela equipe prateada nesta primeira fase de 2014.



Enquanto as rivais e antigas protagonistas Ferrari e Red Bull — leia-se aqui Renault, também, devido ao mar de contratempos que a fabricante francesa atravessou por conta de seu errático motor — ainda patinavam com seus projetos e tentavam uma melhor adaptação às novas regras, a esquadra chefiada por Toto Wolff caminhava a passos largos na frente, deixando cada vez mais evidente que a única grande preocupação mesmo do time seria em como lidar com a dura batalha que já se desenhava entre seus dois competidores. E isso não tardou a acontecer.



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