Sem mais o que provar na F1, Vettel se permite ser senhor do seu próprio destino

Sebastian Vettel tem uma estratégia quase kamikaze no mercado de pilotos: ou Mercedes, ou nada. Parece loucura para alguém que deveu nos últimos anos, mas faz todo sentido para quem já conquistou tudo na Fórmula 1 e não tem mais o que provar

Acompanhar a Fórmula 1 no começo da década passada era uma experiência diferente. Sebastian Vettel empilhava poles, vitórias e, inevitavelmente títulos. Parecia que cada fim de semana reservava um novo recorde, ou ao menos uma nova atualização de quão próximo o alemão estava do panteão de lendas do automobilismo. Isso até o fim de 2013: ao fim da era dos motores V8, Sebastian tinha quatro títulos e uma invejável sequência de nove vitórias. Dizer que o tetracampeão era fraco ou uma farsa era um devaneio puro, facilmente derrubado pela veracidade dos números.
 
Começou a era Ferrari. Vettel venceu com relativa frequência, mas acabou vítima do mesmo mal que fora poucos anos antes: tentar o impossível, que agora passava a ser superar a Mercedes, quase sempre através de Lewis Hamilton. Cinco temporadas em Maranello se passaram e já conhecemos o resultado: ao contrário de Michael Schumacher, Sebastian nunca conseguiu um caneco. Pode conseguir em 2020, mas tudo indica que não. O ciclo que se encerra ao fim do ano, analisado através da mesma ótica fria dos números, indica que foi um fracasso. E foi, de fato. Não há como descrever de maneira bonita: o tetracampeão primeiro perdeu para a Mercedes e depois perdeu para a própria Ferrari. No caso, a que estava do outro lado da garagem com Charles Leclerc dentro.
 
De acordo com as informações que surgem na imprensa europeia e até mesmo com declarações de Vettel e do chefe Mattia Binotto, o divórcio foi consequência de um desentendimento sobre o futuro. Sebastian provavelmente não quis um papel coadjuvante na Ferrari. Daria para seguir mais uns anos vestido de vermelho, mas não faria sentido. Quando a chance de ser campeão em Maranello lhe é tirada, não há mais o que conquistar. Era a hora de abrir passagem para Charles Leclerc, claro capitão de uma nova geração, e também de deixar o já confirmado Carlos Sainz Jr. brilhar mais.
Sebastian Vettel pode pilotar uma Mercedes ou cuidar dos filhos em 2021. Não são opções ruins (Foto: Ferrari)
Em outras palavras, Vettel zerou a F1. A aposentadoria em 2020 ou em 2025, com 53 ou 60 vitórias, não vai mudar o tratamento dado pelo tempo ao alemão. Será ainda um grande campeão, um nome a ser lembrado. Só há um jeito de ser lembrado de forma ainda mais especial: conseguindo um quinto título, que só parece possível em caso de ida à Mercedes.
 
E é aí que entra o plano kamikaze de Vettel. Informações da imprensa europeia, especialmente da revista alemã ‘Auto Motor und Sport’, mostram que Sebastian só tem interesse em uma ida à Mercedes em 2020. Ou seja, apostar todas as fichas em problemas nas negociações de Lewis Hamilton ou Valtteri Bottas. Parece improvável, já que nenhum dos dois apresenta motivos para deixar Brackley. Se for isso mesmo, segue tudo bem para o tetracampeão: é a hora de aceitar que a aposentadoria é o melhor caminho.
 
Vettel faz aquilo que Alonso tentou fazer, mas não conseguiu. Entendeu que a vida na F1 não é tudo e que é necessário tomar as rédeas da própria vida. Ser o senhor do próprio destino. Em 2021, Vettel vai estar ou com o melhor carro do grid, ou criando uma família com a esposa e os três filhos. Nenhuma das opções parece ruim.
 

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