Pérez tem chance de ouro e obrigação de vitória. Mas Alonso é tempero da F1 em Jedá

Sergio Pérez tirou proveito do revés de Max Verstappen e confirmou a pole na Arábia Saudita. É favorito à vitória - vencer é quase uma obrigação, na verdade -, mas todo cuidado é pouco em Jedá, especialmente com um Fernando Alonso tão próximo e atento

Depois de um início de temporada em que o cenário parece cada vez mais previsível, a Fórmula 1 se deparou com um grato imprevisto neste sábado (18) na Arábia Saudita. A quebra que tirou Max Verstappen de combate na classificação abre agora uma chance de uma corrida com outras possibilidades. É claro que nada disso anula o favoritismo do bicampeão, que já provou em outras oportunidades que posição de largada não é exatamente a melhor forma de contê-lo: Hungria e Bélgica-2022 são os exemplos mais recentes. Mas é igualmente verdade que o fato de o grid hoje ter um Fernando Alonso na primeira fila, com um carro genuinamente competitivo, também ajuda a contar histórias diferentes. Além disso, ainda há na pole esse Sergio Pérez tão afeiçoado aos circuitos de rua e em uma missão.

De novo, Verstappen ainda é um elemento importante e deve apresentar um ritmo dos mais fortes neste domingo – o dono do carro #1 comandou todos os treinos livres e só não firmou a liderança por conta da falha da transmissão ainda no Q2. Portanto, o piloto sai da 15ª posição – se nada mudar nas garagens da Red Bull. E não vai hesitar em partir para o ataque logo de cara. A recuperação, no entanto, tende a ser mais difícil pelas características traiçoeiras do circuito urbano de Jedá, mas há mais pontos a favor do que contra o holandês.

O primeiro deles é o desempenho de corrida dos taurinos. Max se mostrou implacável durante as simulações e sustenta uma diferença significativa para os adversários. A ressalva é: uma coisa é andar à frente e sem trânsito e outra é driblar o pelotão. Entra na conta aí o fato de Jedá ser uma pista de baixa degradação dos pneus – o RB19 já é um carro gentil com a borracha, mas nunca é demais lembrar. E há ainda a velocidade de reta: ninguém foi melhor que a Red Bull nesse quesito.

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Dito isso, não se pode tirar o líder do campeonato da equação. Por outro lado, Pérez tem pela frente uma chance de ouro para assegurar a vitória que lhe escapou em 2022, quando também largou da pole-position. O mexicano tem nas mãos o melhor carro do grid neste momento – situação até diferente do ano passado, quando a Ferrari parecia ter um conjunto mais azeitado. De toda a forma, Sergio vai contar com uma performance de corrida mais consistente que a concorrência ao seu redor. Dentro do que foi visto durante as sessões, Pérez é em torno de 0s2 a 0s3 mais rápido. Uma largada limpa e sem atropelo pode colocá-lo no rumo de uma vitória tranquila.

“Acho que certamente temos um bom carro de corrida. É onde provavelmente somos um pouco melhores que a concorrência. Nosso carro, nosso ritmo de corrida, foi muito forte na sexta-feira, então vamos ver”, afirmou o pole do GP da Arábia Saudita.

E na real, é quase uma obrigação do #11 levar o triunfo, dado o cenário e sua ambição em 2023. Isso sem contar a pressão da equipe austríaca, que sequer disfarçou a expectativa pela prova. “É uma corrida dura aqui, vai ser uma questão de ficar longe de problemas. Teremos muita ação, muita carnificina, isso de deve proporcionar uma corrida emocionante. É uma grande oportunidade para Checo, importante solidificar o resultado da pole”, disse Christian Horner, o chefão dos taurinos.

Sergio Pérez celebra a pole-position do GP da Arábia Saudita (Foto: AFP)

Só que o traçado da Arábia Saudita não é exatamente amigável. Velocíssimo e com curvas manhosas, a probabilidade de intercorrência é gigante. Aqui que mora certo perigo para o mexicano, com a adição de que terá a seu lado na primeira fila um Alonso atento.

Uma vez mais, o espanhol ratificou o salto de qualidade dessa Aston Martin muito versátil. No Bahrein, o carro verde mostrou equilíbrio e eficiência aerodinâmica, além de um maior cuidado com os pneus. Agora, em uma pista totalmente diferente, o AMR23 responde bem, especialmente diante de carros como da Ferrari e da Mercedes, uma vez que a diferença para a Red Bull ainda segue enorme.

Na classificação deste sábado, Fernando ficou a quase 0s5 de Pérez. E comparando com a SF-23, o asturiano ficou a 0s3 da marca conquistada por Charles Leclerc. Já com relação a George Russell, a diferença foi de pouco mais de 0s1 a favor do bicampeão.

Embora tenha cuidado com as palavras, Alonso não escondeu que a meta é, de fato, repetir o pódio de Sakhir e deixou claro que há performance para isso. “Tem sido um fim de semana muito bom para nós. A classificação foi nosso ponto fraco no Bahrein, mas hoje o carro pareceu ter se saído muito bem em uma volta. E vamos ver amanhã o que podemos fazer. Charles tem uma punição, por isso vamos largar na primeira fila do grid. Então, isso é simplesmente incrível”, afirmou o espanhol.

“Estamos confiantes para amanhã. Acho que o stint longo de ontem foi afetado pelo tráfego, mas o carro ainda estava muito forte. Acho que nosso ponto mais forte no carro é o ritmo de corrida e como tratamos os pneus. Então, sim, deve ser melhor aos domingos do que aos sábados. Começar na primeira fila é muito bom”, completou o piloto do carro #14.

Fernando Alonso vai dividir a primeira fila do grid com Sergio Pérez no GP da Arábia Saudita (Foto: AFP)

Tudo é realmente interessante do ponto de vista do desempenho em condição de prova, porque parece existir um equilíbrio maior entre os três carros. São variações de décimos, dependendo da escolha de pneus e da carga de combustível. Quer dizer, há uma grande possibilidade de uma corrida mais parelha. E a julgar pelas batalhas protagonizadas no Bahrein, é cautelosamente otimista esperar duelos também eletrizantes.

É o que acha a Mercedes, por exemplo. “Acho que estamos onde esperávamos estar”, reconheceu Toto Wolff, ao falar da terceira colocação de George Russell. “Sabemos dos nossos problemas e estamos na luta. Vamos ganhar dois décimos ou perder dois décimos. Precisamos dar passos adiante nas próximas corridas. Mas, aqui, acredito que vamos ter um ritmo semelhante ao da Aston Martin e da Ferrari, com base no que vimos ontem. Então, tudo é possível.”

De fato, tudo é possível. E o ritmo vai determinar quem sai e quem fica na briga – essa é uma prova de um único pit-stop: de acordo com a Pirelli, a estratégia mais rápida é largar de pneus médios e realizar a troca entre as voltas 18 e 25, para depois usar os compostos mais duros. Mas há o acaso e a sorte nisso. Contra isso, só uma preparação implacável.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Arábia Saudita de Fórmula 1 e traz a NARRAÇÃO da CLASSIFICAÇÃO e da CORRIDA em parceria com a Voz do Esporte. No domingo, a largada está marcada para 14h [Horário de Brasília, GMT-3].

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