Sexta-feira em Monza repete Spa, mas possível chuva no domingo garante equilíbrio

Como se esperava, a Ferrari liderou a sexta-feira e andou bem nas longas retas de Monza. Mas o dia na Itália lembrou muito o que houve em Spa-Francorchamps há uma semana: mesmo que pese a insistente chuva, a Mercedes seguiu melhor no ritmo de corrida e agora está ainda mais próxima para a disputa da pole. Para o domingo, a chance de chuva amplia a possibilidade de um GP altamente equilibrado

As longas retas e a natureza veloz do circuito de Monza são um prato cheio para a Ferrari. Tudo o que ela poderia pedir neste momento do campeonato, depois uma vitória importante em Spa-Francorchamps, há menos de uma semana. Os vermelhos são favoritos de novo, pois. Mas, e parece sempre ter um ‘mas’ quando se trata da Ferrari em 2019, as condições se mostraram muito mais similares as de sete dias atrás do que Maranello esperava. O cenário se revela mais complicado para os italianos, que correm em casa e precisam de um resultado forte.
 
A sexta-feira (6) de treinos livres foi marcada por uma persistente chuva ao longo das duas sessões, o que dificulta uma leitura mais precisa da competitividade de forma geral. A pista molhada causou incidentes e bandeiras vermelhas, limitando muito o trabalho das equipes em cima das tradicionais simulações de classificação e corrida. Ainda assim, a parte final do TL2 foi altamente útil, porque foi o momento em que o asfalto italiano esteve mais seco. Daí foi possível observar melhor a performance dos principais agentes do campeonato, além do comportamento dos pneus macios (vermelhos) e médios (amarelos).
Charles Leclerc comandou o dia de treinos em Monza (Foto: AFP)

Charles Leclerc esteve soberano durante todo o dia, liderando ambos os treinos. A SF90 se mostrou forte em classificação, mais uma vez. Usando os pneus macios – neste fim de semana, são equivalentes aos supermacios de 2018, mas com uma composição ainda mais mole, digamos –, o monegasco fechou as atividades com 1min20s978. Com toda a certeza, e se tudo sair como o esperado, será o homem a ser batido na briga pela pole. Sebastian Vettel tem de parecer aí também.

Mas o ritmo de corrida é uma história diferente. E já começa a lembra muito a situação vivida na corrida da Bélgica.

 
Com o jovem do dono do carro #16, a Ferrari optou por entender a performance com os pneus duros (C2) – o equivalente ao médio até 2018. Nesta condição, Charles obteve como melhor volta 1min22s447 e percorreu 21 giros no total, sendo o piloto que mais andou com esse tipo de pneu. A média das voltas ficou na casa de 1min25s5, já em configuração de prova. Enquanto isso, o companheiro de equipe, Vettel, terceiro colocado na tabela de tempos e 0s2 mais lento, trabalhou em cima dos compostos amarelos. E enfrentou problemas de desempenho com eles, andando quase no mesmo ritmo do monegasco, o que coloca um ponto de interrogação com relação à estratégia e à performance ferrarista em piso seco

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A questão toda gira em torno da temperatura. Neste sábado, os termômetros devem alcançar os 25ºC, o que agrada bem a SF90. Mas o domingo tende a ser mais frio, e esse é o problema ferrarista: como gerar calor e obter um melhor desempenho dos compostos? Portanto, como em Spa, o gerenciamento dos pneus será fundamental para os pilotos da escuderia.

 
"Foi um bom dia, claro, mas eu acredito que estamos melhores mais no papel do que na realidade. A Mercedes está muito, muito forte. No segundo treino, eles não conseguiram completar voltas no melhor da pista, mas, mesmo assim, fizeram um grande tempo. Por isso, eu espero vê-los mais fortes amanhã", disse Leclerc após os treinos. 
 
De outro lado, a Mercedes realmente não encontrou as melhores condições de pista, porém viu Lewis Hamilton ficar a 0s068 atrás de Leclerc, com os pneus vermelhos. A equipe prata, na verdade, partiu para um ensaio contundente de classificação, ao promover o jogo de vácuo entre seus comandados, com Bottas arrastando Hamilton em vários trechos da pista. Tanto foi assim que o inglês chegou a ter a melhor parcial no último setor, onde é o ponto mais veloz do circuito. Dessa forma, é possível esperar por uma classificação mais apertada do que aconteceu na Bélgica. 
Hamilton colocou a Mercedes bem mais perto da Ferrari na Itália (Foto: Beto Issa)

Em termos de ritmo de corrida, os prateados novamente aparecem mais fortes, também tirando proveito das temperaturas mais baixas no domingo. Assim, a esquadra alemã trabalhou em frentes diferentes: enquanto Hamilton partiu com os pneus médios com o carro mais peso, Bottas foi de macios. O inglês surgiu consistentemente mais veloz que a Ferrari, andando em 1min24s8 e 1min25s2. Se permanecer seco, uma reedição do que aconteceu em Spa é bem provável. Já o finlandês obteve um rendimento muito parecido ao do colega, mas usando o composto macio.

 
"Definitivamente, é surpreendente. Honestamente, não sabia o que esperar neste fim de semana. Esperávamos que eles fossem rápidos nas retas, e eles são, mas há curvas suficientes nas quais podemos nos recuperar. Eles não são tão rápidos assim nas curvas, então isso meio que equilibra as coisas", afirmou Hamilton. 
 
"Ainda acho que vai ser uma corrida muito difícil, mas estamos em um nível muito parecido, o que é bom", destacou o pentacampeão.
 
E de novo, a Red Bull sofreu com a falta de velocidade, mas foi bem no desempenho de corrida, com ambos os pilotos andando no ritmo da Ferrari. Alex Albon deve aparecer bem no grid, enquanto Max Verstappen terá trabalho vindo do fundo, mas nada está perdido
Max Verstappen torce por chuva no domingo (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
"Sim, estou otimista, acho que especialmente com o ritmo que nós demonstramos hoje. Também a respeito do motor, tudo correu muito bem e isso é muito positivo. Basicamente, estou muito ansioso para domingo porque para mim amanhã vai ser um pouco chato não entrar na classificação do jeito que quero, mas faz parte. Vamos tentar fazer uma corrida divertida", declarou o jovem holandês, que larga mais atrás por conta da quarta troca do motor Honda.
Tudo isso vale, claro, para a pista seca, só que a previsão do tempo aponta para um cenário diferente. O sábado, de fato, deve ter uma classificação disputada sem interferência da chuva, mas a corrida de domingo está mais comprometida. Existe uma possibilidade de mais de 60% de tempestade para a segunda parte da prova em Monza. E se isso se confirmar mesmo, a Fórmula 1 passa a ter uma etapa imprevisível, mas altamente equilibrada, levando em conta a habilidade dos caras da frente, sobretudo de Hamilton, e da recuperação de Verstappen, que por si só já deve ser um espetáculo a parte.
 
O terceiro treino do GP da Itália acontece neste sábado, às 7h (horário de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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