Silverstone é fronteira final para Mercedes reagir. Se fracassar, resta só catimba

Com última grande atualização do ano prometida para Silverstone, Mercedes precisa sacudir status quo e mostrar enorme evolução. Do contrário, participa de grande valsa da Red Bull até dezembro

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Com um calendário de 23 etapas, é correto dizer que ainda há longa estrada pela frente até Abu Dhabi, em dezembro, quando a temporada 2021 vai a cabo. Nem metade do ano chegou, sequer as férias de verão na Europa, mas é hora de cair na real. Se a Mercedes não mostrar reação – e reação importante, concreta – no GP da Inglaterra, a Red Bull viverá um longo desfile de cinco meses até o primeiro título mundial em oito anos.

E não, não se trata de uma afirmação hiperbólica para abrir a semana com manchete bombástica e capitalizar nas redes sociais. Não é aquela bobajada do tudo pelo buzz – dia desses, por exemplo, um sujeito disse na TV que Diego Maradona não era isso tudo, imagina, não dá para entender tantos elogios. Mas conhecemos bem – o sujeito e o método. Não se trata disso. É uma avaliação baseada nos fatos.

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Fatos. Vamos a eles. A Red Bull venceu cinco corridas seguidas e as últimas três em pistas que, pelo menos assim se esperava, a Mercedes teria certa vantagem. Max Verstappen só não levou tudo porque o ingrato pneu estourou a algumas voltas do fim no Azerbaijão, mas Sergio Pérez estava lá para garantir o controle da equipe. No momento, a Red Bull é superior em todas as configurações de pista imagináveis: curvas lentas e velozes, retas longas, mais e menos carga aerodinâmica, gerenciamento dos pneus. Tudo, tudo mesmo.

A Mercedes foi estocada pela mudança derradeira nas regras em cima de um carro que já se aproximava da morada final, no crepúsculo da validade, o último ano em que será colocado na pista. Desde que estes carros passaram a valer, em 2017, adaptados ao que se fazia desde 2014, a Mercedes triturou oposição, discussão e todo o resto, mas o corte do assoalho para diminuir o downforce se provou demais. Por conta das características da traseira de seu carro, a Mercedes precisou reconstruir o bólido. Os problemas, pois, vêm desde o nascituro.

Talvez em outros anos, sob outras condições, a situação se colocasse de maneira diferente. A Mercedes, afinal, à essa altura sabe bem os defeitos que a assombram. Se esses carros valessem para o ano que vem e o futuro, o trabalho seria imparável na tentativa de construir uma ponte para a Red Bull, distante, quase no outro lado de um oceano após quatro meses de temporada. Mas não é o caso.

Lewis Hamilton perdeu ainda mais terreno para Max Verstappen na Áustria (Foto: Mercedes)
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É um fato também que a Mercedes tomou a decisão de voltar seu trabalho para o carro do ano que vem, fruto de nova geração e, assim, com características inteiramente diferentes. Vale para ela e para todas. Assim, como já alardeado pelo chefe Toto Wolff, as atualizações secarão mais cedo do que tarde. O que resta? Resta aquilo que já estava na agulha, desenhado há meses para tentar se vitaminar e incomodar a rival. É onde entra o pacote de atualizações do GP da Inglaterra, provavelmente a última grande atualização da equipe nesta temporada.

Igualmente fato é que a Red Bull caminhou meio arco-íris e enxergou que pote de ouro é real, diferente da caminhada colorida da Ferrari em 2017 e 2018. Aquele arco-íris era miragem, não tinha pote d’ouro algum no que foi uma rua sem saída para os italianos. A Red Bull já enxerga o prêmio e, sozinha, precisa somente cumprir a caminhada.

Por isso, vai demorar mais para parar suas atualizações. Para o inferno com 2022, que vai sendo desenhado em paralelo, contando mais com sorte que com juízo e na expectativa de que, como os motores estarão congelados, qualquer outro defeito pode ser consertado com o carro em movimento. Afinal, corre-se para ser campeão e demorou oito anos para que a chance do título tirasse a marca dos energéticos para valsar num glamour como daquelas noites luxuosas da Ópera de Viena da Belle Époque.

Fundamental e ponto de partida desta análise é: qual a potência das atualizações da Mercedes? “Temos um pouco delas por vir, mas elas não vão reduzir a diferença o bastante. Precisamos trabalhar um pouco”, falou Lewis Hamilton em entrevista veiculada pela revista britânica Autosport.

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Ao contrário de Hamilton, o principal engenheiro da Mercedes, Andrew Shovlin, pensa com algum fiapo de otimismo. “Estamos com o foco em Silverstone. Teremos uma boa atualização vindo, o que é muito animador. Estamos focando no público na corrida de casa, com certeza terão muitos fãs do Lewis, e lá é uma pista onde nosso carro vai bem”, falou.

Fato – e aqui ele aparece novamente – é que Verstappen tem 32 pontos para Hamilton. Se dominar e vencer na Inglaterra, ainda que Lewis seja segundo e faça a volta mais rápida, terá 38, com mais 13 corridas pela frente.

Caso a Mercedes apresente um carro em franca evolução e deixe de capitalizar os pontos por um acaso do destino, então ainda tem chance de seguir de pé na briga, ainda que num buraco grande. Mas se o panorama de França e Áustria se repetir, com a Red Bull léguas à frente e com controle da situação, então pode dar o beijo de boa noite. Mesmo uma vitória com muita sorte e azar cataclísmico da Red Bull nessas condições será difícil de comemorar. O que a Mercedes precisa é de um carro que possa competir, que esteja no páreo.

TOTO WOLFF; MERCEDES; GP DA ESTÍRIA;
É agora, Toto Wolff: ou dá ou desce (Foto: LAT Images/Mercedes)

E se não estiver? Bom, a capacidade da Mercedes de dividir o centro do palco será calcada em novos episódios de catimba, como os que já surgiram. A Mercedes é uma péssima perdedora, que reclama da asa que se diz que move, que sugere ganhos ilegais de potência, que põe na roda que o fato da Red Bull ser capaz de colocar o pescoço na frente demonstra irregularidades diversas em algum lugar impossível de provar mas que existe. Existe, é só procurar, mas quem procurou não achou ainda.

O campeonato mostra que é evidente: a Mercedes seguirá criando causo enquanto seguir sofrendo. Quando não estiver vigiando algum ardil, será justificando a importância de se preparar para o ano que vem, porque sai na frente, porque a Red Bull vai ficar para trás, porque larga esse 2021 aí, sô, ninguém quer saber dele.

Sem novas grandes atualizações daqui para frente, é agora ou nunca. Silverstone dita em que frequência caminha a dinastia até o fim do ano: na pista ou no gogó?

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