Spa divide favoritos: Verstappen pede água e Hamilton quer pista seca. Russell é coringa

Tal como adiantado após os treinos livres, o clima instável em Spa-Francorchamps embaralhou os favoritos no grid e ainda colocou um tempero a mais na disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. De novo, as intempéries vão desempenhar papel fundamental na busca pela vitória do GP da Bélgica

Como era esperado, a famosa instabilidade do clima em Spa-Francorchamps desempenhou um grande papel no capítulo referente à classificação do GP da Bélgica desta temporada 2021. A chuva intermitente testou pilotos e equipes e só se deu bem quem conseguiu entender melhor essas condições e soube tirar o máximo em termos de estratégia e acerto. Esse foi o caso de Max Verstappen e da Red Bull, por exemplo. Mas teria sido também da McLaren, que foi surpreendentemente substituída pela Williams desse insolente George Russell. No fim das contas, o grid de largada já revela muito daquilo que se pode esperar para a retomada das ações da Fórmula 1.

Verstappen fez a lição de casa. Comandou dois dos três treinos livres do fim de semana, aprimorando um acerto delicado que a Red Bull trouxe para a Bélgica. Os taurinos querem chuva, pista molhada, condições mais extremas como as deste sábado. Isso porque os engenheiros liderados por Adrian Newey pensaram em uma configuração que deu ao carro velocidade nos trechos mais rápidos do circuito belga, mas também o downforce necessário naquele setor 2, essencial também para o piso encharcado, mais ou menos como aconteceu durante a definição do grid.

Essa combinação só é possível porque o RB16B é muito versátil e consegue promover maior downforce no conjunto assoalho-bargeboards. Então, não foi uma surpresa notar a performance de Max especialmente nos setores 2 e 3, embora a volta da pole tenha sido perfeita. Depois de cometer um pequeno erro na primeira tentativa, o holandês foi capaz de atingir a temperatura ideal dos compostos intermediários e ainda contou com uma crucial posição de pista.

Max Verstappen larga de rosto para o vento em Spa (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images)

Acontece que depois da tromba d’água que desabou sobre a pista entre o Q2 e Q3, além dos 50 minutos de paralisação por causa do acidente de Lando Norris na Eau Rouge, o asfalto se tornou menos encharcado, e isso foi fundamental para quem deixou os boxes por último. Dessa forma, Max encontrou condições melhores e passou com parciais roxas nos três setores para tirar Russell da colocação de honra do grid.

“A volta foi boa, mas não acho que no molhado é tudo sobre a volta em si”, disse ele. “É tudo muito sensível às temperaturas. A volta foi boa, mas meus pneus estavam frios no primeiro setor e talvez no início do segundo. Olhando agora, poderíamos ter feito um trabalho melhor, mas estava muito complicado”, explicou o vice-líder do campeonato.

“Foi difícil manter o carro na pista. Tivemos de aprender sobre as condições da pista, sair no momento certo, trocar os pneus e tudo mais. É uma pista incrível de dirigir, mas muito desafiadora no molhado. De qualquer forma, estou feliz em largar na pole novamente”, completou Verstappen, que cravou a sexta pole-position de 2021, a nona da carreira.

A Red Bull também torce para que as condições sigam molhadas em Spa porque foi capaz de poupar um jogo de pneus intermediários durante a classificação, e isso pode se configurar numa carta interessante, principalmente na batalha contra a Mercedes, que não foi conseguiu ter reserva alguma. “Max sempre foi muito forte no molhado, cometeu um erro na primeira volta, mas acertou em cheio na segunda, por isso é crucial convertermos isso em bons pontos amanhã. Parece que o tempo pode ser semelhante ao de hoje, mas, pelo menos, se estiver molhado temos alguma visibilidade com a pole e os dois pilotos conseguiram manter um jogo de intermediários. Acho que somos a única equipe entre os 10 primeiros a ter conseguido isso, então temos isso na manga”, afirmou Christian Horner, o chefão da Red Bull.

Lewis Hamilton torce por pista seca neste domingo (Foto: AFP)

Mas se os energéticos querem água, a Mercedes prefere pista seca neste domingo e um controle do caos. Lewis Hamilton enfrentou alguns problemas ao longo da classificação com um W12 que apresentou falhas no aquecimento mais correto dos pneus, além da própria tática na escolha dos jogos novos e usados de intermediários durante a segunda fase da disputa das posições. A equipe flertou com uma eliminação no Q2. Na parte final, o heptacampeão foi perfeito na primeira volta rápida e deu a impressão de que seguraria a pole, mas como o asfalto melhorou nos instantes derradeiro, Lewis se viu atrás de Verstappen e de Russell.

A questão do clima para a Mercedes é importante por causa também do acerto escolhido pela equipe. Os engenheiros não apostaram na chuva, e isso foi claro no ritmo apresentado pelos carros pretos. Os alemães até tentaram tirar mais asa, mas acabaram em um ajuste intermediário para combater Verstappen. Outra ressalva está nos pneus. A heptacampeão não tem jogos novos dos compostos de marca verde. “As condições nos testaram ao limite. Amanhã é um outro dia e vamos esperar e ver como serão as condições. Espero que não seja assim, mas se mudar vai ser bom”, disse Hamilton, que sai em terceiro.

“Se for assim amanhã, vai ser complicado. Acho que existe esse equilíbrio entre a velocidade nas retas e o segundo setor… É o downforce. Tentamos encontrar o melhor equilíbrio e talvez não seja o melhor, mas vamos ver amanhã como vai ficar”, completou.

Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes, explicou os problemas enfrentados pela esquadra da marca da estrela e por que a pista seca representa uma vantagem para os líderes do campeonato. “Foi uma sessão confusa para os nossos padrões; nem sempre lemos as condições corretamente e, na segunda parte, poderíamos ter administrado o risco melhor, pois nesta fase uma dupla bandeira amarela ou vermelha poderia ter eliminado os nossos dois carros”, disse.

“Ainda tínhamos a sessão final, mas baixamos demais a temperatura dos pneus na volta lenta e perdemos um pouco de aderência. Parece que vários times optaram por uma configuração mais para pista molhada, muito mais do que nós, particularmente em termos de downforce.”

GEORGE RUSSELL; MAX VERSTAPPEN;
George Russell é o grande trunfo da Mercedes? (Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool)

“Apesar de nosso desempenho no setor intermediário ter sido bom, além de uma forte velocidade de reta, não estamos insatisfeitos com nossas decisões de configuração de acordo com a previsão. Mas se pudéssemos escolher, gostaríamos de pelo menos um pouco de corrida seja disputa no seco”, completou.

Portanto, a Mercedes tem aí uma questão a resolver, mas se chover, como quer sua rival, há um fator que pode fazer essa balança operar a seu favor: Russell. O inglês brilhou na classificação ao colocar a Williams na primeira fila em condições muito difíceis de pista, que podem se repedir neste domingo. Há uma previsão de 90% de chance de chuva para a tarde belga. E neste cenário, o jovem representa um trunfo interessante e inesperado. De repente, o trabalho na Mercedes vai começar antes mesmo do anúncio oficial.

O GP da Bélgica está marcado para 10h (de Brasília, GMT-3) deste domingo, com transmissão AO VIVO e em TEMPO REAL no GRANDE PRÊMIO. Uma hora antes, o Briefing, programa ao vivo na GP TV, o canal do GRANDE PRÊMIO no YouTube, traz o pré-corrida com as últimas informações direto de Spa-Francorchamps.

VÍDEO
+Norris sofre forte acidente na subida da Eau Rouge na classificação do GP da Bélgica

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