Testes da F1 acabam com mais perguntas que respostas, mas uma certeza: Red Bull vem forte

A enxuta pré-temporada da F1 acabou de forma surpreendente e altamente interessante. O ponto principal parecer ser o fato de que a Mercedes se deparou com mais problemas do que esperava. Aí vem uma Red Bull muito bem acertada e, para melhorar, o pelotão intermediário surge mais compacto do que nunca

Red Bull domina e Mercedes aparenta estar atrás: TUDO SOBRE O TERCEIRO DIA DA F1 NO BAHREIN

É muito comum dizer após uma pré-temporada de resultados contraditórios que “treino é treino e corrida é corrida”. De fato, a história confirma a premissa, mas há momentos também em que os números são implacáveis. E não podem ser simplesmente descartados de análise ou jogados na vala comum do “estão escondendo o jogo”. É muita coisa para guardar em um período tão curto de testes e com tantas variáveis. Portanto, é possível dizer, sim, que a Fórmula 1 encerra sua enxuta pré-temporada com muitos pontos de interrogação e, aparentemente, uma só certeza. 2021 começa com uma Red Bull forte, talvez até melhor do que ela mesmo imaginasse.

Ao longo dos três dias de testes no Bahrein, os taurinos trabalham em cima de um carro que vinha sendo cuidadosamente desenvolvido desde a última temporada. Com as restrições em termos de pressão aerodinâmica, a equipe austríaca fez mudanças pequenas na frente do carro e concentrou esforços no assoalho, agora reduzido, e em toda a parte traseira. O fundo do RB16B passou por modificações com o passar das sessões, ganhou elementos para direcionar de forma eficaz os fluxos de ar e proporcionar downforce. A Honda também se esmerou na evolução da unidade de potência e o que se viu na pista foi um carro rápido, mas, principalmente, consistente.

A Red Bull parece muitíssimo preparada para assumir o papel de desafiante. Max Verstappen liderou com tranquilidade o último dia, estabelecendo o melhor tempo de todas as três sessões. O holandês virou 1min28s960 – apenas 0s6 mais lento que a pole de Lewis Hamilton em 2020 no circuito barenita. Interessante comparação se colocar na balança a redução da pressão aerodinâmica e diferentes configurações do carro energético.

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SERGIO PÉREZ; RED BULL; PRÉ-TEMPORADA; DIA 3; SAKHIR;
Sergio Pérez mostrou a grande performance do carro da Red Bull no Bahrein (Foto: Joe Portlock/Getty Images/Red Bull Content Pool)

De qualquer forma, os vice-campeões mostraram força também com Sergio Pérez, que não esconde a fácil adaptação ao novo time. O mexicano foi o mais rápido da manhã, em condições de temperaturas mais elevadas e usando pneus distintos da concorrência. Em geral, o carro é muito estável e possui alta confiabilidade. A impressão que ficou foi a de que a Red Bull poderia até ter forçado mais por uma volta de classificação, mas não quis. Deseja essa resposta apenas no sábado, dia 27 de março. Talvez esteja a garantia que Verstappen disse ao analisar os trabalhos de sua equipe.

“Podemos dizer que o fim de semana foi bom, mas isso não te dá garantia alguma e todas as equipes são diferentes em seus programas de teste. Sempre analisamos o que podemos melhorar e, claro, há coisas nas quais precisamos evoluir, mas claro que ainda temos coisas a melhorar”, afirmou Max. A frase também traduz o clima de cautela nas garagens taurinas. Depois do revés de 2020, a última coisa que a equipe deseja é criar uma falsa expectativa, especialmente porque ainda não se sabe o real potencial da Mercedes.

Falando nisso, os heptacampeões talvez guardem as maiores questões dessa pré-temporada. Ninguém duvida do poder de recuperação e desenvolvimento dos alemães, mas o que se viu no Bahrein esteve longe da velha artimanha de esconder o jogo. Em um período tão curto de testes, nem faria sentido. O caso é que a esquadra de Toto Wolff inovou com o assoalho e toda a parte de trás, incluindo difusor e caixa de câmbio. O avanço tornou a traseira arisca, até mesmo para o recordista de vitórias na F1.

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Hamilton encontrou dificuldades para domar o W12. Cometeu erros, rodou e saiu do paddock preocupado. Isso porque a performance em classificação parece um pouco confusa, como disse o engenheiro da equipe, Andrew Shovlin. “O trabalho com menos combustível foi um quadro mais confuso hoje. Precisamos olhar para nossa abordagem, pois muitos carros estavam à nossa frente”.

Mas claro que o ritmo forte ainda está lá e o modelo tem potencial. Valtteri Bottas conseguiu impor um desempenho sólido na simulação de corrida e até parece ter acalmado mais a fera.

A Mercedes tem outro ponto de alerta, e isso é o que causa mais estranheza, pelo histórico de alta confiabilidade do time. O sinal veio da Aston Martin, que teve as sessões interrompidas por problemas de câmbio ontem e, neste domingo, de motor, que detectaram uma falha da pressão do turbo no carro de Sebastian Vettel.

“Tivemos contratempos nos últimos anos com o ritmo nos testes e conseguimos fazer um bom progresso antes da primeira corrida. Mas não temos muito tempo antes de estarmos de volta aqui para o GP, então planejamos um programa de trabalho para tentar entender alguns de nossos problemas e não deixaremos pedra sobre pedra em nossos esforços para encontrar um pouco mais de desempenho”, concluiu Shovlin.

Hamilton deu 54 voltas na tarde (Foto: Mercedes)

Além da incerteza quanto à performance real da Mercedes, há também muitas perguntas sobre o pelotão intermediário. De novo, o cenário parece promissor e deve ser uma das melhores atrações do ano, mas, neste ponto, está extremamente difícil apontar favoritos. Em um primeiro momento, entende-se que a McLaren siga na posição de líder. A afirmação se baseia no fato de que a equipe não enfrentou problemas mecânicos ou técnicos ao longo dos três dias e sempre que foi à pista se colocou muito veloz, mas há questões internas, como o ritmo de corrida e o desgaste de pneus, algo que também afeta a Ferrari.

A escuderia italiana afirmou que a velocidade de reta que tanto a perturbou em 2020 não é mais problema. A unidade de potência proporciona maiores ganhos e o ritmo de classificação não é ruim, mas o desempenho em corrida parece ser o que preocupa. Os engenheiros relataram desgastes dos pneus traseiros, e é algo que a equipe não conseguiu resolver em Sakhir – onde costuma ter boa performance. A SF21 também não gosta de calor excessivo, talvez isso crie mais dificuldades em prova aos italianos.

A Alfa Romeo, embora tenha fechado o fim de semana apresentando velocidade com Kimi Räikkönen, muito em favor do motor, ainda precisa de mais performance de corrida. Não dá para saber ainda em que posto vai ficar a equipe, mas certamente entra bem no pelotão do meio, trazendo consigo a Williams, que terminou as sessões com uma quilometragem interessante.

Carlos Sainz guiando a SF21 na pista de Sahkir durante terceiro dia de testes da pré-temporada (Foto: Ferrari)

Nesse bloco, destaca-se bem a AlphaTauri e a Alpine. A primeira colocou na pista um carro rápido e consistente, empurrado por esse ótimo motor Honda. Pierre Gasly confirmou que ritmo de corrida pode ser uma grande arma dos italianos de Faenza, enquanto Yuki Tsunoda mostrou velocidade. Já os franceses esbanjaram confiabilidade. Ainda é um mistério o desempenho em classificação, mas talvez a equipe tivesse preocupações maiores. Fernando Alonso está tão bem no carro que é como se ele nunca tivesse deixado a Fórmula 1.

A Haas terá enorme trabalho pela frente, com um carro que é difícil, mas há pontos positivos: o motor e a confiabilidade. Elementos que atrasaram a vida da Aston Martin, que fechou o dia final de testes com os últimos lugares da tabela e tempos quase irreais. As falhas vão cobrar um preço, porém o AMR21 é bem-nascido.

A F1 dá início à temporada 2021 daqui a duas semanas, no mesmo Bahrein. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo ao vivo e em tempo real.

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