Verstappen mantém alto nível, mas tem motivos para se preocupar com Red Bull

Depois de dois pódios, Max Verstappen tem motivos para acreditar em vitórias esporádicas em 2020. Só que a dificuldade da Red Bull em se aproximar da Mercedes conta uma história menos empolgante: a impossibilidade de brigar por títulos tem potencial para injuriar o holandês

Dois pódios em três corridas, incluindo até briga por vitória com um carro que parece ser o segundo melhor da Fórmula 1 em 2020. O começo de temporada de Max Verstappen não parece ruim, certo? O piloto segue em alta, deixando claro que vai brigar por título assim que tiver um carro para tal. Só que é aí que mora o problema: apesar de todas as promessas feitas pela Red Bull, o déficit para a Mercedes só cresceu. Desse jeito, não é cedo para afirmar: o futuro de médio prazo do holandês já arrisca ser de estagnação pura.

A análise por trás disso é até simples: 2020 é o quinto ano seguido em que tudo que Verstappen pode fazer é brigar por uma ou outra vitória, catando migalhas deixadas pela ainda dominantes Mercedes e pela outrora forte Ferrari. Por mais que ainda seja cedo para dizer que a Red Bull não vai subir de nível nos próximos meses, a disputa pelo título já parece ter ido para o saco.

Mais do que isso, já dá para se questionar a possibilidade de uma briga direta entre Mercedes e Red Bull. Mesmo com um regulamento de 2020 muito parecido com o de 2019, o RB16 nasceu bem mais distante do W11 do que o RB15 estava do W10. Situações como a vitória no GP do Brasil por velocidade pura já são coisa do passado. Hoje, em condições normais, Verstappen termina cada GP em terceiro, bem atrás de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas. A equipe dos energéticos perdeu a desculpa do motor Renault, já que o Honda se mostra cada vez mais competitivo, mas não faz sua parte no desenvolvimento do chassi. Dessa forma, dá para acreditar mesmo em um salto de performance através da mudança de regulamento prevista para 2022?

A Red Bull está bem, mas não brilhante em 2020 (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Talvez a Red Bull não esteja destinada a repetir com Verstappen os anos dourados de Sebastian Vettel. Talvez o futuro seja de vitórias esporádicas. Seria uma pena, assim como é possível que não seja verdade, mas já é suficiente para fazer Verstappen refletir sobre o futuro, que talvez não esteja tão bem servido assim em Milton Keynes.

Antes que se fale em lealdade à Red Bull, é importante lembrar que a carreira de Verstappen até aqui foi pautada pela possibilidade de progresso imediato. Em 2014, quando começou a brilhar na F3 Europeia, passou a ser cortejado por gente como a Ferrari. Só que quem ganhou o leilão foi a marca de energéticos, que prometeu colocar Max na F1 já em 2015 através da Toro Rosso. A aposta foi certeira e o holandês chegou já se destacando. Em 2016, novos flertes dos italianos e da Mercedes serviram como poder de barganha em uma nova negociação de contrato. O resultado foi o que conhecemos: no primeiro vacilo de Daniil Kvyat, o #33 foi promovido à escuderia principal.

Verstappen precisava primeiro chegar à F1. Depois, de um carro para conseguir pódios e vitórias. Agora, em sua sexta temporada no grid, não é exagero pensar no próximo passo, que seria uma chance real de título. Algo que a Red Bull, por uma série de motivos, ainda não conseguiu dar. O contrato de Max é até 2023, mas o enorme talento pode bastar para uma outra equipe cair em tentação e forçar um divórcio adiantado. Isso, claro, se o #33 sentir que terá chances melhores nessa hipotética nova esquadra.

Max Verstappen segue sem condições de sonhar com título na Red Bull (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Tudo isso é assunto para o futuro, mas respingando na temporada 2020. A capacidade de reação da Red Bull após um começo difícil contra a Mercedes vai pesar na cabeça da Verstappen. Ainda mais sabendo que o sucesso ou o fracasso será repetido em 2021, ano de desenvolvimento de carros congelado. Ainda não há declarações críticas de Verstappen contra a equipe – pudera, vendo todo mundo trabalhar dobrado para corrigir os danos no acidente bobo antes do GP da Hungria –, mas também não há garantias de que essa harmonia se sustentará no longo prazo.

No fim das contas, poucos são os que podem encarar o 2020 da F1 sem estresse. Pela ‘silly season’ ou por desempenhos decepcionantes, muitos devem perder o sono quando apagam a luz do quarto e deitam a cabeça no travesseiro. Max Verstappen e Red Bull podem parecem exceção em primeira análise, mas não se engane: mesmo com pódios e banhos de champanhe, o ano também é crucial para o futuro de Milton Keynes.

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