Vice-presidente de esporte da FIA renuncia ao cargo: “Não assumi para servir ao poder”
Robert Reid alegou que quando integrou a chapa de Mohammed Ben Sulayem, em 2021, assumiu o cargo "para servir à FIA". Ele disse que o automobilismo "merece uma liderança responsável e transparente"
Robert Reid, vice-presidente de esporte da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), comunicou nesta quinta-feira (10) que renunciou ao cargo. Ele foi membro-chave da equipe de Mohammed Ben Sulayem nas eleições de 2021, mas entrou em rota de colisão contra o mandatário em meio a uma série de controvérsias em torno do presidente da entidade.
Em nota oficial, Reid argumentou que uma das razões para a decisão foi ter sentido “um crescente alarme com decisões críticas sendo tomadas sem o devido processo legal ou consulta adequada”. Também descreve a renúncia ao cargo como “uma ruptura fundamental nos padrões de governança do órgão regulador global do automobilismo”.
O agora ex-vice-presidente de esportes da FIA afirmou que “a quebra final de confiança e do devido processo legal” que culminou em sua demissão foi a recente decisão de assumir a promoção do Campeonato Mundial de Rallycross sem a aprovação do senado ou do conselho mundial da federação.
Na visão do escocês, tal ação “poderia acarretar riscos legais de acordo com a lei de concorrência da União Europeia“.

“Quando assumi este cargo, era para servir aos membros da FIA, não para servir ao poder”, disparou Reid. “Com o tempo, tenho testemunhado uma erosão constante dos princípios que prometemos defender”, continuou.
“As decisões estão sendo tomadas a portas fechadas, ignorando as próprias estruturas e pessoas da FIA que existem para apresentar”, acrescentou, afirmando na sequência que a abdicação ao posto “não se trata de política; trata-se de princípios”.
“O automobilismo merece uma liderança responsável, transparente e orientada pelos membros. Não posso mais, de boa-fé, permanecer parte de um sistema que não reflete esses valores”, sentenciou.
A renúncia de Reid acontece após mudanças nos estatutos da FIA, na última assembleia geral, e também depois do presidente da Federação Inglesa de Automobilismo, David Richards, divulgar carta aberta aos membros da organização acusando a entidade presidida por Ben Sulayem de sofrer “uma mudança de orientação moral”.
A FIA ainda não se manifestou sobre a saída de Reid.
A gestão de Ben Sulayem tem sido marcada por uma sucessão de polêmicas que tiveram o ápice na perseguição sem sentido aos pilotos, sobretudo na Fórmula 1, por uso de palavrões em coletivas oficiais e também na comunicação via rádio durante as corridas. O clima, no entanto, parece prestes a explodir há tempos.
No ano passado, a entidade passou por verdadeiro desmantelamento ao dispensar o comissário-chefe da F1, Tim Mayer, além do diretor de provas, Niels Wittich. Paolo Bassari (diretor de compliance), Steve Nielsen (diretor-esportivo), Tim Gross (diretor-técnico), Pierre Ketterer e Edward Floydd (membros da área jurídica) foram outras baixas.
A debandada também acontece quando a pressão sobre Ben Sulayem começa a aumentar. Após o GP de São Paulo, a Associação de Pilotos de Grand Prix (GPDA) divulgou uma carta aberta pedindo que fossem tratados como adultos após as punições dadas a Max Verstappen e Charles Leclerc por uso de palavrões em coletivas de imprensa oficiais da FIA.
A FIA terá eleições presidenciais em dezembro deste ano, e Sulayem concorrerá à reeleição. Até o momento, nenhum outro nome surgiu para fazer frente ao dirigente emiradense.
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