Williams promove retorno de Kubica como titular na F1 oito anos após acidente que quase o matou

Cerca de um ano depois de recuar do acordo que tinha assinado com Robert Kubica para promover Sergey Sirotkin a titular, a Williams anunciou o retorno do polonês ao grid do Mundial de F1 em 2019. Kubica volta depois de oito anos fora após quase morrer em acidente num rali na Itália

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Robert Kubica está de volta. O polonês, atualmente com 33 anos, foi anunciado nesta quinta-feira (22) pela Williams como novo titular para a temporada 2019 do Mundial de F1, formando assim dupla com o prodígio britânico George Russell, que vai debutar no ano que vem. Kubica tinha um acordo assinado com a escuderia de Grove para ser titular na temporada deste ano — cenário que o próprio piloto indicou ao GRANDE PRÊMIO —, mas perdeu a vaga aos ’45 do segundo tempo’ para Sergey Sirotkin, impulsionado pelos patrocínios oriundos da Rússia. Depois do pior ano da sua história, em décimo e último no Mundial de Construtores, a Williams optou pela experiência de Kubica, que realiza o sonho de voltar à F1.

O anúncio veio um dia antes do começo das atividades do GP de Abu Dhabi, último de um 2018 dos mais difíceis para a Williams. Sem resultados, a equipe afundou e se vê em busca de um renascimento. Kubica é a primeira peça nesse novo objetivo, ao mesmo tempo que Lance Stroll e Sergey Sirotkin ficam oficialmente fora de Grove em 2019.

“Antes de tudo, quero agradecer todo mundo que me ajudou naquilo que foi um período difícil da minha vida ao longo desses últimos anos”, disse Kubica ao ser anunciado. “Foi uma jornada muito desafiadora até voltar ao grid da Fórmula 1. Aquilo que parecia quase impossível começa a parecer possível, agora que estou animado por poder dizer que vou estar no grid da F1 em 2019”, seguiu.
 
“Foi uma longa jornada até chegar a esse ponto. Esse desafio termina agora com esse anúncio enquanto outro começa ao trabalhar com a Williams na pista. Não vai ser fácil, mas com trabalho e dedicação meu e do George [Russell] , nós vamos trabalhar para tentar melhorar a equipe e ficar em melhor posição no grid. O ano foi difícil, mas aprendi muito. Quero agradecer ao Sir Frank [Williams] e à Claire [Williams] pela oportunidade”, continuou.
 
“Voltar ao grid da F1 no próximo ano vai ser uma das grandes conquistas da minha vida. Tenho certeza de que, com trabalho e dedicação, vamos motivar a equipe para alcançar coisas boas juntos. Finalmente vou voltar ao grid, atrás de um volante, e mal posso esperar por voltar a correr”, apontou.
Ele está de volta: Robert Kubica regressa ao grid da F1 como titular da Williams em 2019 (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

A carreira e a vida de Kubica mudaram drasticamente desde 6 de fevereiro de 2011. O promissor piloto, apontado por muitos como um futuro campeão do mundo, liderou a abertura dos testes de pré-temporada da F1 em Valência com a Lotus Renault. Três dias depois, o polonês foi para a Itália disputar o Rali Ronde di Andora. Mas Robert sofreu um gravíssimo acidente a bordo de um Skoda Fabia e rompeu o guard-rail — que rasgou o carro. 

Com o impacto, os membros superiores foram diretamente lesionados. Kubica perdeu muito sangue, foi internado, mas escapou com vida. O braço e a mão foram severamente afetados, quase destruídos com a batida. Àquela época, a única coisa que se imaginava era que Robert Kubica jamais voltaria a pilotar um carro de F1.

 
O polonês, que tinha caminho traçado para ser substituto de Felipe Massa na Ferrari, teve de, aos poucos, reconstruir a carreira. Com as lesões tão graves como a que contraiu com a batida, um retorno ao Mundial soava quase como um devaneio. Assim, ao passo em que dava sequência à recuperação, Kubica se entregava à paixão que o rali se tornou. No começo, foram provas esporádicas e sem tanta importância, mas Robert virou até piloto do Mundial de Rali e chegou a disputar etapas do WRC entre 2013 e 2016.
 
Com o desenvolvimento da sua pilotagem e as limitações da mão amenizadas com muito esforço e treinamento ao longo do tempo, Kubica começou a perceber que havia ali condições para voltar a guiar um F1 de forma competitiva. Antes, chegou a disputar provas de endurance, tão ou mais exigentes até que as do Mundial de F1, como as 24 Horas de Dubai e Mugello. 
Robert Kubica já havia participado de treinos livres com a Williams (Foto: Williams)

Até que veio a chance de finalmente guiar um carro de F1. A Renault promoveu uma sessão particular em Valência, o mesmo circuito onde Kubica havia acelerado um carro da categoria pela última vez, há mais de seis anos. Foi com a versão de 2012, carro que foi de Kimi Räikkönen naquele ano. Em princípio, foi um teste despretensioso, mas que acabou por acender o pavio dos rumores sobre o retorno do polonês à F1. Até porque o piloto foi bem na sessão.

 
Os rumores aumentaram quando Kubica foi confirmado para testar o carro do ano passado da Renault na sessão promovida pela F1 logo após o GP da Hungria. A escuderia de Enstone procurava um nome de peso por estar bastante insatisfeita com o então titular, Jolyon Palmer. Robert naturalmente teve seu destaque, mas os comentários sobre seu retorno à F1 com a Renault diminuíram de forma gradual. Semanas depois, o time comandado por Cyril Abiteboul dispensou Palmer, mas, em acordo com a Red Bull, trouxe Carlos Sainz por empréstimo.
 
As portas de Kubica ainda não estavam totalmente fechadas. Isso porque a Williams promoveu uma espécie de vestibular para definir quem seria seu segundo piloto para 2018, uma vez que Lance Stroll já estava garantido. Robert concorreu com Paul Di Resta e, de certa forma, com o próprio Felipe Massa, que pouco depois anunciou sua aposentadoria definitiva do Mundial. 
 
Tendo Nico Rosberg como uma espécie de manager para ajudá-lo na sua missão de voltar à F1, Kubica até chegou a participar do teste coletivo em Abu Dhabi e indicava que um acerto com a Williams era líquido e certo. Mas também havia Sergey Sirotkin na jogada e, junto ao russo, um grande patrocínio que fez a Williams balançar muito.
 
A indefinição sobre a vaga se estendeu até 16 de janeiro. Com menos patrocínio que Sirotkin, ainda que tivesse um acordo assinado antes do russo, Kubica foi contratado como piloto reserva e de desenvolvimento da Williams, que optou por promover a estreia de Sergey como titular. 
Robert Kubica retorna ao grid após oito anos, algo que chegou a parecer impossível (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
A falta de experiência pesou, definitivamente, contra a Williams em 2018. Ao lado do novato Sirotkin, havia um Stroll com apenas uma temporada completa na F1. Não à toa, além de um carro sofrível em quase todos os aspectos — exceção feita ao excelente motor Mercedes —, a outrora gloriosa equipe que dominou a F1 com um ‘carro do outro planeta’ amargou a lanterna do Mundial de Construtores neste ano.
 
Kubica tanto quis que vai realizar o sonho de voltar ao grid do Mundial de F1 em 2019. O polonês regressa, contudo, com alguns desafios pela frente: além de ser a referência em termos de experiência de uma equipe que busca se reerguer e deixar de viver apenas das glórias do passado, Robert também precisa provar ao mundo — e também a si mesmo — que é capaz de suportar uma temporada intensa, com 21 corridas, mesmo com as lesões no braço e na mão que o piloto tenta esconder das câmeras no paddock. 
 
Um desafio e tanto que Robert Kubica assume para mostrar ao mundo inteiro que aquele piloto que tanto brilhou, ganhou corrida com a BMW Sauber e despontou como futuro campeão do mundo ainda está lá, pronto para provar porque merece estar no grid da F1.

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