Zandvoort impõe classificação perfeita e desafia Mercedes e Red Bull. Ferrari é tempero

A Ferrari aparece como um fator que pode desequilibrar a balança do duelo entre Mercedes e Red Bull. Isso porque a classificação será crucial, e os italianos devem surpreender na volta da F1 à Holanda depois de 36 anos

O intrigante e apertado circuito de Zandvoort apresentou um terceiro elemento dos mais interessantes para a volta da F1 à Holanda, nesta sexta-feira (3). A Ferrari surgiu na ponta da tabela do segundo treino livre do dia, lembrando demais o mesmo desempenho forte que mostrou em Monte Carlo, em maio. Mas isso não foi por acaso. Existe, de fato, um elo entre o traçado holandês e a engenhosa pista do Principado, onde Charles Leclerc voou para cravar a pole. Trata-se de uma combinação de trechos estreitos e curvas que pedem boa tração e eficiência aerodinâmica, ao mesmo tempo em que minimiza a força do motor. Por isso, a SF21 gostou tanto deste primeiro dia de treinos livres e pode se tornar um fato de desequilíbrio.

É possível dizer também que o carro italiano desembarcou com um acerto muito refinado para esse traçado, revelando uma performance muito real em ritmo de classificação, em cima dos pneus vermelhos macios da gama mais dura da Pirelli. E isso por si só já representa uma curiosa ameaça aos líderes do campeonato.

Acontece também que a sessão que define as posições de largada vai ganhar um papel crucial para o que pode acontecer no domingo. A revisada e curta pista de Zandvoort possui agora inclinações em algumas curvas e setores propícios ao erro. E é, em essência, um circuito de difícil ultrapassagem, tal como as ruas de Mônaco. “É uma pista que recompensa o risco. Então, na classificação, tudo é possível. Vamos dar nosso melhor. Com Carlos (Sainz), estamos pressionando um ao outro a cada dia, então espero que possamos tirar proveito disso na classificação”, disse Leclerc, o mais veloz do dia, que puxou a dobradinha dos carros vermelhos.

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Charles Leclerc está feliz e otimista com o potencial da Ferrari na Holanda (Foto: Scuderia Ferrari)

Mas como a Ferrari pode interferir na briga entre Mercedes e Red Bull? Largar na primeira fila será fundamental para os italianos, uma vez que o ritmo de corrida não é tão espetacular quanto o de classificação. Os homens de Maranello enfrentaram problemas com o carro mais pesado e não foram capazes de imprimir um ritmo mais forte com os compostos macios – nem mesmo com os médios. Os tempos de volta mostraram que a escuderia precisa de um pouco mais para alcançar a McLaren, por exemplo, rival direta e que foi muito bem no desempenho de prova. Ainda, Sainz ficou atrás também da Alpine e AlphaTauri em condição de corrida.

“Acho que estamos em uma boa posição, mas também precisamos seguir trabalhando, já que com alta carga de combustível não fomos tão rápidos quanto com menos gasolina. Isso provavelmente nos mostra alguma coisa, então precisamos continuar trabalhando e, com sorte, se fizermos um bom trabalho durante a noite, vamos ser rápidos amanhã. A posição de grid é muito importante aqui”, acrescentou o monegasco.

Já os ponteiros da temporada viveram um dia mais tumultuado que o normal. Muito embora Lewis Hamilton tenha liderado a primeira sessão do dia, a falha de motor à tarde levantou algumas sobrancelhas dentro das garagens da Mercedes – o contratempo aconteceu com um motor já usado. Afinal, não é lá muito normal ver um dos carros pretos pelo caminho. De toda a forma, o ritmo de classificação é interessante, mas ainda inconclusivo, diante do fato de que o inglês perdeu grande parte do TL2 após a bandeira vermelha. Os dados desta vez vieram de Valtteri Bottas, quarto colocado na tabela de tempos, 0s2 atrás de Leclerc.  

LEWIS HAMILTON; MOTOR; QUEBRA; HOLANDA;
Lewis Hamilton enfrentou problemas logo no começo do treino livre 2 na Holanda (Foto: Fórmula 1/Twitter)

“Tivemos um dia complicado com bandeiras vermelhas que nos custaram muito tempo de corrida na primeira sessão e, depois, Lewis teve uma falha, então tivemos que parar na pista”, disse Andrew Shovlin, engenheiro da Mercedes.

“Muita gente andou com pouco combustível, por isso temos de esperar que muitas equipes avancem amanhã. Também brigamos um pouco entre as curvas 2 e 3, parece que estamos perdendo tanto com pouco quanto com muito combustível, mas temos um pouco de tempo esta noite para entender isso. Existem alguns outros pontos em que podemos melhorar o equilíbrio, mas no geral, não parece que estamos muito longe”, completou.

A verdade é que a Mercedes se mostrou, novamente, muito forte no ritmo de corrida. A performance é de cerca 0s11 melhor que a da adversária austríaca.

Por fim, a Red Bull. Max Verstappen ficou muito perto de Hamilton na sessão matutina e, à tarde, deu preferência para a simulação de corrida. Os austríacos seguem trabalhando muito em atualizações, por isso o RB16B ganhou novidade no conjunto assoalho-bargeboards, o que provavelmente deve promover um salto em termos de downforce. O holandês não teve chance de avaliar o desempenho em voltas rápidas, por conta das bandeiras vermelhas, mas o ritmo de prova é muito especial, ligeiramente atrás dos rivais alemães, mas muito melhor do que da Ferrari.

Verstappen terminou o primeiro dia de treinos em 5º, depois de ser atrapalhado pelas bandeiras vermelhas (Foto: Red Bull Content Pool)

Há, no entanto, um trabalho a ser feito em termos de acerto. O carro sofreu com saídas de frente nas curvas 9 e 11. “A Ferrari pode ser perigosa para nós aqui. Sabemos desde Monte Carlo como eles podem ser bons neste tipo de circuito”, acrescentou Christian Horner, o chefão dos energéticos.

Portanto, tendo a Ferrari como um coringa interessante, a disputa dos protagonistas ganha um tempero inesperado para uma classificação que se desenha imprevisível, mas fundamental.

A Fórmula 1 volta a acelerar neste sábado em Zandvoort para um dia bastante cheio. Às 7h (de Brasília, GMT-3), o circuito será palco do treino livre 3, enquanto a classificação acontece às 10h. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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