Bahrein fornece rodada agitada e desenha campeonato imprevisível na Fórmula 2 2025
Claro que a natureza do circuito permitiu corridas bem disputadas do início ao fim, mas a F2 sai do Bahrein com a promessa de que terá um campeonato com mais candidatos ao título do que no ano passado
Se a Austrália foi um banho de água fria — com o perdão do trocadilho — por conta do dilúvio que impediu a realização da corrida de domingo, a rodada do Bahrein proporcionou aos espectadores duas provas de encher os olhos, seja pela disputa frenética do início ao fim ou pela redenção de um piloto em especial. E considerando que a liderança foi parar nas mãos de Leonardo Fornaroli, que não sabe o que é vencer uma corrida nas competições por onde passa desde 2021, a temporada 2025 caminha para um cenário de imprevisibilidade do início ao fim.
Claro que o circuito do Bahrein tem parcela considerável de ‘culpa’ nos ótimos pegas travados tanto na sprint quanto na corrida principal. É uma pista convencional e que já faz parte do calendário, além de contar com duas retas longas e três zonas de DRS — ou seja: o que não faltaram foram chances de contra-ataque.
Mesmo assim, os pilotos também merecem mérito. Josep María Martí, por exemplo, foi o grande destaque: largadas impecáveis e uma sprint de tirar o fôlego. Quando abriu a penúltima volta da prova curta, era o quarto colocado, mas efetuou três ultrapassagens belíssimas em um único giro.
Foi uma vitória muito importante, já que não conseguiu acompanhar o ritmo de Isack Hadjar no ano passado e acabou virando parâmetro de uma Campos mediana em classificação e corrida. Agora, tem a chance de se impor sobre o talentoso, porém novato Arvid Lindblad, mas ainda há um ponto que precisa ser refinado.

“Definitivamente demos um passo à frente e estamos competitivos, mas, ao mesmo tempo, precisamos melhorar na classificação, especialmente eu. Em termos de pilotagem, não acho que o carro esteja ruim, só preciso acelerar o ritmo na última volta da classificação. Assim que conseguirmos isso, podemos definitivamente lutar pelas vitórias, não importa o dia”, disse Pepe.
Se Martí saiu do Bahrein em alta, Alexander Dunne viveu momento de redenção depois de uma performance no sábado que misturou arrojo e uma afobação que o jogou para o fundo do grid. O incidente com Ritomo Miyata rendeu 5s e 1 ponto na carteira. Depois, por infração durante o período de safety-car, levou mais 2 na superlicença.
Não deve ter sido fácil, portanto, para Fornaroli, Victor Martins e companhia ver Dunne logo ali, em quarto, no grid de domingo, só que ele fez tudo certo ao saltar para a segunda posição, passar Leonardo na sequência e controlar o desgaste de pneus até a bandeirada. A tal vitória maiúscula e que, de certa forma, faz jus ao currículo longe de ser ruim: Dunne venceu a F4 Inglesa em 2022 e foi vice na F4 Italiana, no mesmo ano, e na F3 Inglesa, em 2023.
“Fiquei um pouco decepcionado comigo mesmo no final da sprint. Acho que começamos a corrida muito fortes e, depois do safety-car, na relargada do segundo, não conseguimos nos manter em um determinado nível, e não achei que estivesse assim depois da relargada. Portanto, recuperar-me assim, de forma dominante, é uma boa maneira de me redimir e retribuir à equipe”, celebrou.
Agora, Martins segue em um calvário interminável. Na sprint, foi tocado justamente por Dunne, atropelou várias placas de isopor que ficam no gramado e danificou bastante o carro. Terminou em 14º, mas teria a chance de descontar o prejuízo graças à segunda posição no grid da corrida 2. Largou mal de novo.
Martins está no terceiro ano de F2 e foi resgatado pela academia da Williams depois de ser dispensado pela Alpine. Carrega nas costas alguns títulos importantes, sendo o da F3, em 2022, o mais notório. Só que não dá mais para colocar somente na conta da mudança de regulamento os resultados ruins: o que não faltam, tanto no ano passado quanto neste começo de campeonato, são performances estabanadas.
Foi uma rodada, aliás, na qual os novatos roubaram o protagonismo — o pódio da corrida de domingo foi todo composto por estreantes, considerando que Luke Browning faz temporada completa pela primeira vez. Mesmo assim, restam muitas corridas pela frente, então a expectativa é de que as coisas fiquem ainda mais acirradas e tragam novos (ou velhos!) nomes à baila.
A Fórmula 2 volta neste fim de semana, de 18 a 20 de abril, em Jedá, para a rodada da Arábia Saudita. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2025.
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