Do início discreto à explosão na F2: como Drugovich dominou e mudou carreira em 2022
Felipe Drugovich viu a trajetória ser coroada neste fim de semana, em Monza, com o título da F2, e a decisão de aceitar a oferta da MP para mais um ano na categoria foi fundamental para o piloto se colocar de vez no radar da F1
Felipe Drugovich chegou ao ponto máximo da sua carreira até então com a conquista do título da Fórmula 2 neste sábado (10), mesmo após abandonar a sprint race e ver Théo Pourchaire não marcar pontos. Um desempenho que impressionou sobretudo pela regularidade (o brasileiro é o único piloto até o momento a pontuar em todas as rodadas) e também pelo amadurecimento do brasileiro, que mesmo com uma trajetória mais discreta, possui conquistas importantes no currículo.
A história de Felipe com o automobilismo vem de berço, como costuma acontecer com a maioria dos pilotos. O jovem de 22 anos é sobrinho de Oswaldo Drugovich Júnior, bicampeão da Fórmula Truck em 1997 e 1998, mas a família também é envolvida com automobilismo em várias esferas. A caminhada para valer começou no kart, em 2008. Até 2013, conquistou títulos no Brasileiro de Kart, Copa Brasil e também Super Kart Brasil.
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A ida para o exterior veio no ano seguinte, participando de competições importantes e somando mais vitórias ao currículo. Pouco a pouco, Drugovich ia acumulando mais experiência e chamando a atenção num meio bastante competitivo. Não demorou muito para fazer sua estreia com os carros de fórmula, em 2016. Na F4 alemã, Felipe alcançou uma importante marca, sendo o primeiro brasileiro a vencer uma corrida na competição, em maio de 2017. Naquele ano, ficou em terceiro lugar com a Van Amersfoort e ainda venceu outras seis corridas.
2018 foi o ano em que ele se colocou no radar das principais categorias de acesso à Fórmula 1 ao dominar a temporada da Euroformula F3 Open. Correndo pela RP, Drugovich venceu 14 de 16 corridas e ainda garantiu mais dois pódios, um recorde. O título veio na 12ª prova, em Monza, e foi o passaporte para o piloto subir para a Fórmula 3.
O início de Drugovich naquela que é considerada o penúltimo degrau para a F1, porém, foi discreto. Correndo pela Carlin, uma das equipes mais tradicionais das categorias de base do automobilismo, enfrentou muitos problemas ao longo das provas por conta do acerto e do ajuste do carro, mas conseguiu terminar o ano à frente do companheiro de equipe, Teppei Natori.
Em 2020, então, veio o primeiro grande desafio: a Fórmula 2. Foi nesse ano também que começou a parceria do brasileiro com a MP Motorsport, equipe que tinha até então o sétimo lugar no ano anterior como melhor resultado desde a estreia na categoria, em 2017. E já na primeira rodada, na Áustria, venceu a corrida principal, levando a MP de volta ao lugar mais alto do pódio desde o triunfo de Sérgio Sette Câmara, em 2017, na Bélgica.
As etapas seguintes foram de altos e baixos, mas ainda assim, Drugovich venceu mais duas provas naquele ano e ajudou a levar a MP ao sexto lugar na classificação geral, a melhor colocação do time holandês até então. O desempenho chamou a atenção da Virtuosi, que foi a vice-campeã naquela temporada, e Drugovich aceitou a mudança para a equipe britânica.
Mas o que poderia ter sido a grande virada de Felipe foi, na verdade, um dos períodos mais complicados na sua carreira. Drugovich teve como melhor resultado o segundo lugar na primeira corrida de Mônaco, mas ficou apenas em sétimo na classificação, sem nenhuma vitória. Já considerando outros caminhos, como o próprio brasileiro revelou ao GRANDE PRÊMIO em entrevista, a MP o procurou novamente, disposta a retomar a parceria. Foi quando ele resolveu permanecer na F2 e voltar para o time holandês.
Hoje, a história mostra o quanto a decisão de Drugovich foi acertada. de 2020 para 2022, tanto ele quanto a MP amadureceram e se uniram novamente num momento em que ambos puderam dar o melhor de si para otimizar os resultados na temporada da F2. Do lado da equipe, o entrosamento foi determinante, enquanto Felipe aproveitou o ano, ainda que conturbado, na Virtuosi para levar uma ótima bagagem de conhecimento, sobretudo o feeling com o comportamento dos pneus durante a prova — algo em que o piloto se destaca.
Na primeira rodada, no Bahrein, Drugovich marcou bons pontos, mas o melhor veio na etapa seguinte, na Arábia Saudita, com o brasileiro chegando à sua quarta vitória na F2 e também a quarta pela MP. Dali em diante, pontuou em todas as rodadas e liderou o campeonato desde Barcelona, fim de semana que Drugovich varreu ao vencer as duas corridas e ainda fazer a volta mais rápida na sprint, no sábado — 36 pontos em 39 possíveis, uma performance quase perfeita.
Após a rodada de Baku, Drugovich já aparecia com 49 pontos de vantagem para Théo Pourchaire, mas viu o francês ameaçar uma arrancada com o segundo lugar na França e a vitória na Hungria. Mesmo assim, o brasileiro ainda contava com uma vantagem de 21 pontos e voltou das férias determinado a frustrar qualquer plano do francês da ART na briga pelo título.
E o que se viu dali em diante foi um Drugovich jogando com o que ele sabe de melhor: a estratégia aliada à regularidade. O prêmio veio neste fim de semana, com um título mais que merecido e um futuro que pode trazer frutos importantes na Fórmula 1.
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