Retrospectiva 2024: Carro novo vira grid da F2 do avesso e traz coadjuvantes aos holofotes

Foi uma das melhores temporadas da era da Fórmula 2, sem dúvida, e a mudança de regulamento teve importante papel no duelo que se desenhou entre equipes e pilotos que roubaram a cena ao longo no ano

Depois de utilizar o mesmo equipamento por cinco temporadas seguidas — consequência da pandemia da covid-19, que atrasou bastante o trabalho da categoria —, a Fórmula 2 começou 2024 cercada de promessas por conta da estreia de uma nova geração de carros. A proposta, aliás, era animadora para todos aqueles que sempre enxergaram a classe como degrau final antes da almejada Fórmula 1, já que a aerodinâmica diferente, com efeito-solo, trazia a chance de aproximá-la ainda mais da principal categoria do automobilismo mundial. Mas a mudança de regulamento foi crucial para gerar interessante quebra de expectativa e trazer protagonistas improváveis à baila.

Sobre o carro em si, as mudanças foram notórias já no design, com linhas mais arredondadas no sidepod e um desenho da asa traseira seguindo o usado na Super Fórmula, a principal série de monopostos da Ásia. Mas a maior alteração, no entanto, vinha da parte de baixo, o assoalho, e tudo por causa da chegada do efeito-solo. Campeão de 2022, Felipe Drugovich chegou a declarar que este seria o principal desafio para as equipes pelo “novo jeito de produzir downforce”. Ponto que, na visão do brasileiro, poderia trazer equilíbrio maior à competição e às disputas em pista.

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E, de fato, 2024 trouxe um dos melhores campeonatos recentes da Fórmula 2, com troca constante de liderança — quatro pilotos se revezaram no topo da classificação —, e talvez tenha sido justamente este equilíbrio previsto por Drugovich que tenha tirado dos holofotes nomes que encerraram 2023 em alta.

O caso mais notório, claro, foi a Prema. Vice-campeã entre as equipes no ano passado e com o badalado Andrea Kimi Antonelli em um dos assentos, não havia como não colocar a tradicional esquadra italiana entre os favoritos. A continuação de Oliver Bearman, dos melhores novatos da temporada anterior, potencializava isso, mas 2024 foi permeado por altos e (muitos) baixos. De um lado, Antonelli apanhava para acertar o gerenciamento dos pneus, enquanto Bearman admitia não ter confiança com o carro para buscar resultados. A dupla ainda conseguiu vencer cinco corridas, mas quatro foram sprint — que conta com a inversão dos dez primeiros colocados da classificação.

Andrea Kimi Antonelli: a Prema desandou por completo com o novo carro da F2 (Foto: Prema)

Mas a Prema não foi a única favorita a ficar para trás. A campeã ART teve ainda mais problemas e não conseguiu dar a Victor Martins e Zak O’Sullivan — que teve de deixar o campeonato antes do fim por questões financeiras — um carro competitivo o bastante para defender o título. Os franceses não ficaram nem no top-5 da classificação de equipes da Fórmula 2, para se ter uma ideia.

A Rodin (ex-Carlin), vice-campeã em 2022, foi outra a não engrenar, embora tenha começado a temporada em excelente performance com Zane Maloney, vencedor das duas corridas da rodada do Bahrein. Mas o barbadiano esbarrou em problemas de confiabilidade, além de outros incidentes de corrida, e perdeu a chance de chegar à reta final da competição mais inteiro. Ele foi mais um, aliás, que não terminou a temporada, mas por ter escolhido a Fórmula E, que teve a etapa de abertura coincidindo com Abu Dhabi, encerramento do ano.

Já na outra ponta, quem roubou a cena e ditou o ritmo foi a Invicta, mas não coube ao veterano Kush Maini o protagonismo, e sim ao novato Gabriel Bortoleto. No meio do caminho, uma Campos que se mostrou muito mais forte do que o real nas mãos de Isack Hadjar e uma Hitech bem mais coesa do que em 2023, entregando a Paul Aron um dos melhores carros do grid. E a disputa se desenhou tão equilibrada que cada um dos pilotos dessas respectivas equipes chegaram até a última rodada com chances de título.

Isack Hadjar, Paul Aron e Gabriel Bortoleto protagonizaram intenso duelo (Foto: F2)

Claro que o destaque principal girou em torno do duelo Bortoleto × Hadjar, com os dois separados por mísero 0,5 ponto antes da decisão. Eles foram, sem dúvida, merecedores da disputa e impressionaram bastante com algumas performances notáveis, como a de Isack na Austrália, o início da virada, e a de Gabriel em Monza, a vitória partindo da última posição. Ainda assim, 2024 abriu espaço para outros nomes também brilharem, como Franco Colapinto, que beliscou chance rara na F1 na Williams, e Joshua Dürksen, jovem oriundo da FRECA que levou o Paraguai ao topo do pódio pela primeira vez na história. Resultados que consolidam o acerto da mudança de regulamento e elevam ainda mais a expectativa para o ano que vem.

A Fórmula 2 está oficialmente de férias e retorna junto com a Fórmula 1 na Austrália, de 14 a 16 de março, para a abertura da temporada 2025.

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