Coluna Parabólica, por Rodrigo Mattar: Luz no fim do túnel

19 carros estão em Curitiba para disputar a quinta rodada dupla da F3 Brasil. É um número simplesmente sensacional. Pode ser cedo para dizer, mas parece que a categoria entrou nos trilhos. Que seja assim até o fim do campeonato

Numa de minhas primeiras colunas para o GRANDE PRÊMIO, publicada em 20 de abril, usei como mote a F3 Brasil, que vivia um começo um tanto quanto conturbado de temporada face o domínio inicial de Pedro Piquet — que chegou a ser posto em dúvida acerca da veracidade do fato. Na oportunidade, disse que a categoria precisava arregaçar as mangas para oferecer ao público mais e melhores corridas — e que as vitórias do filho de Nelson Piquet estavam dando à F3 Brasil uma visibilidade com a qual ela jamais ousou sonhar no início deste ano.

Muito bem: chegamos à quinta rodada dupla do campeonato em Curitiba, após dois meses de uma pausa imposta pela Copa do Mundo de Futebol, que relegou quase todos os eventos esportivos no país ao status do ostracismo. As corridas pareceram riscadas do mapa e — a propósito — acho absurdo que os organizadores dos campeonatos e a CBA tenham que se sujeitar a esse tipo de situação. O público fiel do automobilismo é diferente do que acompanha o futebol. Será que ninguém nunca reparou nisto?

Mesmo com tamanha pausa, a F3 Brasil chegou ao Autódromo Internacional de Curitiba com uma lista de inscritos que, se não é o grid dos sonhos, pelo menos anima, dá alento. Considerando que a categoria não tem o mesmo peso em diversos certames feito o Inglês, por exemplo, e que só o Europeu consegue ainda reunir mais de duas dezenas de participantes ao longo da temporada, ver 19 carros inscritos para a rodada deste fim de semana é simplesmente sensacional.

Piquet conquista 7ª vitória da temporada e amplia vantagem no campeonato

F3 em Curitiba teve grid cheio (Foto: Bruno Terena/Vicar)

Interessante observar que alguns desses bólidos foram para a pista porque dois pilotos — Gaetano Di Mauro e Renan Guerra — anteriormente inscritos no Mercedes-Benz Grand Challenge – foram gentilmente recusados para competir nos carros de Turismo, assim como outros dois ou três nomes, sob a alegação de que “são bons demais” para um certame de Gentleman Drivers. E rapidamente os dois se ajeitaram: Gaetano, que corre na F4 Britânica e aproveitou a brecha do calendário do certame europeu para vir ao Brasil, conseguiu um carro da Hitech Racing. Renan, que vencera em Interlagos na rodada anterior, substituindo Raphael Raucci, foi novamente requisitado pela RR Racing, desta vez com um carro da Light.

E poderíamos ter mais: a Hitech Racing tem um carro disponível; a EMB Racing – que começou o campeonato com Gabriel Kenji Sena, também e até Luc Baumer tem um monoposto pronto para correr. Ou seja: hoje, a F3 Brasil chegaria a, no mínimo, 22 carros por prova.

Pode parecer cedo para dizer isso, mas os organizadores da F3 Brasil estão de parabéns. Tenho certeza que o Maurício Slaviero, diretor-geral da Vicar, sabe do que representa isso e o trabalho que ele e seus comandados têm pela frente. Abraçar um campeonato tido como morto e enterrado ao fim do ano passado e devolver um mínimo de credibilidade a ele não é uma tarefa das mais fáceis.

Sempre fui muito crítico quanto a algumas atitudes da própria Vicar e o Maurício, por educação, creio, nunca respondeu absolutamente nada. Uma das críticas que fiz estava na própria coluna de 20 de abril último — eu tenho certeza inclusive que ele leu, pois o link está à disposição de todos — em que achava inadmissível uma corrida da F3 Brasil ser programada para o horário de 7h55 da manhã, próprio para insones. Obrigar equipes e pilotos a acordar junto com os galos para abrir a pista enquanto a Stock permanece intocável nos seus horários que atendem ao bel-prazer das emissoras ‘parceiras’ da categoria era, no meu entendimento, falta de respeito.

E em Curitiba, desta vez, foi diferente. A prova #2 da rodada dupla deste fim de semana foi marcada para 14h05, um horário absolutamente decente e compatível com uma categoria automobilística. Bola dentro da Vicar.

Voltando a falar da tarefa que a organizadora da F3 Brasil tem pela frente, também é necessário lembrar que o reerguimento do campeonato não seria possível se não existissem, claro, as equipes. Daí a importância do trabalho feito por gente como Augusto Cesário (Cesário F3), Dárcio dos Santos (PropCar), Rogério Raucci (RR Racing), Rodrigo Contin (Hitech Racing) e os demais envolvidos com a parte competitiva fora das pistas. São novas frentes de trabalho que se reabrem para mecânicos, engenheiros, auxiliares e demais pessoas que podem ajudar no crescimento da categoria.

É bom ver, mesmo com a maré contrária, uma categoria nacional mostrando sinais de vida. Que seja assim até o fim do campeonato.

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