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Fórmula 3

Opinião GP: Tratamento ‘escolar’ da FIA vai ficar como marca negativa no currículo de uma geração de pilotos

A inconsequência de muitos pilotos e a enorme quantidade de acidentes nas três corridas da F3 Europeia em Monza fez com que a FIA precisasse tratar a categoria como se faz em uma escola. Quem viu, não vai esquecer. Nada de bom pode acontecer com esses pilotos com este bate-bate todo

 
CATEGORIAS DE BASE NO ESPORTE A motor também são muitas vezes chamadas de categorias-escola. São campeonatos onde o objetivo, claro, é vencer e provar o potencial para os principais dirigentes do automobilismo, mostrar a capacidade para alcançar o Mundial de F1 ou qualquer que seja o sonho que se tem para a carreira. Mas são, também, lugares nos quais se aprende muito sobre o esporte em si, desde questões técnicas até o modo como se comportar em uma disputa de corrida.
 
E, neste fim de semana, a F3 Europeia foi mais escola do que nunca em Monza. Infelizmente, isso no aspecto punitivo, diante do péssimo trabalho executado pelos pilotos.
 
Presidente da Comissão de Monopostos da FIA, Stefano Domenicali não estava lá. Todavia, no papel de 'diretor', pegou o telefone e ligou para seus subordinados pedindo rigidez. Foi tomada a drástica atitude de se neutralizar definitivamente a terceira bateria, e o mais impressionante é: não dá nem para reclamar.
 
Foi assim que o ‘under investigation’ que a FIA tornou popular nas corridas de F1 e nos outros tantos campeonatos que rege ganhou uma nova – e surreal – versão: ‘Race under investigation’.
 
'Race under investigation' (Foto: Reprodução)
Nos últimos anos, com Gerhard Berger à frente da Comissão de Monopostos, a F3 Europeia renasceu como um fortíssimo campeonato. Passou a ser relevante de modo que Max Verstappen correu apenas nela, por um ano, para passar do kart à F1 – e sem fazer feio na elite do automobilismo, embora tenha sido criticado por alguns depois do acidente em que se envolveu no GP de Mônaco.
 
Um pouco por causa do sucesso de Verstappen, um pouco por causa de Berger, que passou o bastão para o ex-chefe da Ferrari neste ano, o grid da F3 em 2015 é recorde: 35 carros. E não há dúvidas de que um grid grande como este é ótimo para que se separe o joio do trigo. Qualquer erro na classificação, o piloto já se vê em uma situação complicada para a corrida. Há disputas de posição por todo o pelotão nas provas. Um bom jeito de se aprender de tudo.
 
Mas ninguém aprende nada se as corridas forem semelhantes à de Monza. Em Pau, onde acontecera a etapa anterior, era natural que ocorressem muitos acidentes. Um circuito de rua, afinal. Em Monza, não.
 
A primeira corrida só viu uma intervenção do safety-car, mas teve uma tonelada de outros acidentes acontecendo – pilotos abandonando com carros destruídos, empurrando uns aos outros para fora da pista, batendo roda. Acontecia de tudo.
 
Na segunda corrida, o cenário não mudou, e naturalmente que três acidentes mais fortes aconteceriam. No de Lance Stroll e Antonio Giovinazzi, o anjo da guarda do canadense, que inclusive foi punido por jogar o carro para cima do rival, o salvou. Ressalte-se que, na primeira corrida, Stroll havia levado a pior em um toque com Giovinazzi. A íntegra das três baterias pode ser vista no canal da F3 Europeia no YouTube.

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Uma reunião de emergência aconteceu na noite de sábado, e ficou dado o recado de que o tratamento seria o mesmo que um diretor de uma escola daria: se algo mais acontecesse, todos seriam penalizados. Algo como “a sala não vai para o intervalo”, ou “não vai para a educação física”. E ao som de que algum aluno responde: “Mas eu vou me dar mal por causa deles?”.
 
Sim, às vezes isso é necessário.
 

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Felix Rosenqvist, um veterano de cinco anos na categoria, largou na pole três vezes, disparou na ponta e não se envolveu em acidentes. Foi investigado, uma vez, por extrapolar os limites da pista na Parabólica em uma relargada, o que lhe rendeu uma advertência. Mas, pelas três vitórias, marcou só 50 pontos e não 75, já que duas baterias não alcançaram 75% da duração prevista.
 
A grande questão é que os acidentes aconteceram em todas as partes do pelotão durante o fim de semana, de pilotos que brigavam pelo pódio aos que andavam nas últimas posições. 
 
O plano de Domenicali é completar a escada ‘oficial’ da FIA até a F1 de modo que cada categoria cumpra uma função, concluindo o trabalho que Berger começou com a reorganização da F3 e a criação das F4 nacionais. O italiano está concentrado, agora, em tirar do papel a nova F2.
 
Mas, depois dessa, definitivamente precisa incluir na agenda uma forma de fazer com que os pilotos parem de bater. É um vício que essa geração está trazendo do kart – nas provas disputadas na Europa, bate-se muito. E isso está se refletindo nos campeonatos de fórmula. O bate-bate não vai levar ninguém a lugar nenhum. Pode é, certo dia, ter consequências graves, mas ninguém deve estar disposto a pagar para ver.
 
Ao menos pelos próximos anos, essa geração de pilotos da F3 vai carregar no currículo essa marca negativa de ter colocado uma corrida sob investigação.