5 coisas que aprendemos no eP de Berlim, 9ª e 10ª etapas da Fórmula E 2024
Com duas corridas incrivelmente disputadas em Berlim, a Fórmula E trouxe recuperações, mais um episódio da principal rivalidade do grid e um novato que chegou chutando a porta — e vai se colocar na briga por uma vaga. Confira cinco coisas que aprendemos na Alemanha
Dois vencedores diferentes, duas poles completamente inesperadas e duas corridas absolutamente frenéticas, de tirar o fôlego até os últimos segundos. Assim foi o eP de Berlim da Fórmula E, realizado no último fim de semana, que concluiu nona e décima etapas do campeonato. No fim, Nick Cassidy venceu a corrida 1 e voltou à liderança do Mundial, enquanto António Félix da Costa encerrou jejum de mais de um ano e triunfou no dia seguinte.
As lições apontadas pelas duas provas, entretanto, não se resumem aos vencedores. O eP de Berlim brindou os fãs da Fórmula E com mais duas corridas completamente imprevisíveis do início ao fim, e as poles de Edoardo Mortara, da Mahindra, e Jake Dennis, da Andretti, deram o tom do quanto é difícil prever o que vai acontecer na categoria.
Mais fácil de antever, por outro lado, é a relação entre Dennis e Pascal Wehrlein caso estes se encontrem na pista. De relacionamento bélico, os dois simplesmente não dão um centímetro de espaço um ao outro, e a briga particular se repetiu em Berlim. Além disso, há um novato fazendo muito barulho desde Mônaco — e alguns pilotos precisam abrir os olhos quanto a isso.
Diante deste cenário, o GRANDE PRÊMIO aponta cinco coisas que aprendemos na rodada dupla do eP de Berlim da Fórmula E:

Nick Cassidy é o protagonista da Fórmula E em 2024
Em dez corridas, já são duas vitórias, sete pódios e oito corridas nos pontos. As únicas exceções foram São Paulo e Misano 1, quando Cassidy bateu. A cada ano, a Fórmula E nos traz campanhas absolutamente regulares que, nas duas últimas temporadas, levaram ao título. Se o plano foi executado por Stoffel Vandoorne em 2022 e Jake Dennis em 2023, é a vez de Nick protagonizá-lo em 2024.
Antes de terminar a corrida 2 em segundo, Cassidy fez uma prova sublime no sábado (11) e, caso conquiste o título, vai lembrar do que conseguiu em Tempelhof. Largando em nono, o neozelandês chegou a ser último por quatro voltas, mas escalou o pelotão tratando a bateria de forma perfeita. Quando encostou nos primeiros, ninguém conseguiu responder, e Nick disparou. Que ano fantástico. É protagonista nos resultados e também no rádio — a única exceção fica mesmo por conta das entrevistas.
Enfim recompensada, evolução de Da Costa é óbvia
O início tenebroso de António Félix da Costa na temporada já ficou para trás desde São Paulo, mas é incrível o quanto a sorte não acompanha o português. Depois de mais uma boa corrida em Tóquio, venceu em Misano 1 e foi desclassificado horas depois. No dia seguinte, foi acertado por outro carro e despencou no pelotão. Em Mônaco, vinha com ritmo forte e se aproximava dos ponteiros, até que Sérgio Sette Câmara acertou Sébastien Buemi, os dois travaram a pista e Da Costa ficou preso. Caiu para último de novo, mas ainda se recuperou para ser sétimo.

Em Berlim, mais duas boas apresentações que comprovam a evolução no campeonato. Foi um dos protagonistas na briga pela vitória na corrida 1, com boa execução estratégica, mas não teve respostas para a potência de Cassidy. No dia seguinte, aí sim, voltou a brilhar e tirou a zica que o acompanha desde o ano passado. A vitória, que já deveria ser a segunda, foi muito merecida. Fora da briga pelo título, a expectativa em torno do português é de um final de campeonato que mantenha o nível.
Dennis e Wehrlein não se entendem — e isso pode custar caro
Não adianta. Jake Dennis e Pascal Wehrlein, que chegaram a ficar sem se cumprimentarem no ano passado, não se entendem de jeito nenhum. Sempre que os dois se encontram na pista, o resultado é o mesmo: troca de contatos, um espremendo o outro e muitas reclamações pelo rádio. A corrida 2 de Berlim trouxe mais um episódio da rivalidade, que sempre começa como um bom entretenimento e passa dos limites em pouquíssimo tempo.
As rivalidades são normais no esporte a motor, e Dennis e Wehrlein não serão os primeiros nem os últimos a deixarem os ânimos tomarem conta. O ponto, aqui, é que ambos disputam o campeonato com a dupla mais azeitada do grid, formada por Cassidy e Mitch Evans, e não terão a menor chance de buscar a taça se destruírem as próprias corridas. Enquanto os dois se atacam na pista, a Jaguar agradece. Porsche e Andretti, por outro lado, vão à loucura.
“Esse cara… Tudo o que importa para ele é me vencer. Ele terminaria feliz em 21º, se eu estivesse em 22º, e ficaria contente com isso”, disse Dennis logo após a prova. Não é necessário explicar muito mais.

Conselho da Porsche renovou esperanças da Andretti
E essa loucura é pior ainda por parte das duas equipes por um motivo simples: fora das pistas, o relacionamento entre Porsche e Andretti é ótimo. Um fato ocorrido no eP de Berlim, inclusive, ilustra isso de forma perfeita. Depois de mais uma péssima classificação no sábado, a equipe americana voltou a ficar sem respostas para a falta de ritmo em voltas lançadas. Sua fornecedora, assim, sugeriu uma troca nos comandos eletrônicos e chegou a apresentar o acerto de Wehrlein em relação aos freios e à configuração do software.
Algumas horas depois, Dennis conquistou a pole e Norman Nato largou em terceiro. As mudanças não apenas deixaram o carro melhor, mas aumentaram — e muito — a confiança dos pilotos no equipamento. Enquanto Florian Modlinger e Roger Griffiths se ajudam fora das pistas, Jake e Pascal travam uma batalha insana dentro delas. É, de fato, um paradoxo impressionante.
Taylor Barnard está definitivamente na fila
Aos 19 anos, Taylor Barnard recebeu a notícia de que substituiria Sam Bird em Mônaco alguns minutos antes do início do treino livre 2. Nem deu tempo de avisar à família, e o britânico já estava na pista, se tornando o piloto mais jovem da história da Fórmula E. O veterano precisou passar por cirurgia, o que colocou Barnard novamente no carro #8 em Berlim. E o resultado foi de encher os olhos não apenas das equipes, mas de alguns pilotos que estão no grid — e na própria McLaren.

Barnard superou o companheiro Jake Hughes em todas as três corridas até aqui: 14º contra 16º em Mônaco, décimo contra 15º em Berlim 1 e oitavo contra 12º em Berlim 2. Nesta última, largou em 18º, escalou o pelotão e chegou a andar em sexto na reta final da prova. Maduro, rápido e, o que mais impressiona, consciente sobre a difícil tarefa de regenerar energia, Taylor se apresentou com as melhores credenciais possíveis. Hughes, Sacha Fenestraz, Jehan Daruvala e Dan Ticktum, entre outros, que abram os olhos.
A próxima etapa da Fórmula E acontece entre os dias 24 e 26 de maio, com o aguardado retorno da categoria à China. Pela primeira vez na história, a prova será disputada em Xangai. Todas as sessões de pista terão transmissão AO VIVO e COM IMAGENS nos canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube e no Kwai, assim como todo o restante da temporada.
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