Calor enlouquece eP de Santiago cheio de punições e abre espaço para Bird escrever nome na história da FE

O eP de Santiago apresentou os problemas de uma corrida em pista nova e com um calor extremo - aliado a isso, as punições voltaram na potência máxima. Mas é difícil achar algo mais impressionante na FE do que a consistência de Sam Bird, sempre a postos para vencer uma corrida quando a oportunidade dá as caras

Elas voltaram. As punições estiveram presentes em peso no eP de Santiago da Fórmula E. Neste ponto, após cinco anos de campeonato, é difícil imaginar que elas vão ficar fora de ação por muito tempo. Mas, olha, não é fácil seguir. É exaustivo. Punição tola que sacou a pole-position do piloto que havia conquistado e outras tantas, um tanto quanto descoordenadas, após o fim da corrida. Até Sam Bird foi investigado, o que colocou a vitória em dúvida e um frio gélido na espinha que de quem tem de trabalhar com a categoria – levem vocês em consideração: são nove horas entre o começo do TL1 e o fim da corrida. 
 
É cansativo acompanhar a gangorra de emoções da FE neste sentido. O fim é apenas uma sugestão de encerramento, mas não é o final de verdade. Parece confuso? É porque é confuso. Não é normal esperar que haja um apêndice a ser retirado a cada etapa. Na FE, é o que se espera toda prova: que tenha um problema que alongue ainda mais o dia já extenso. É desrespeitoso. 
 
Quando se fala em diminuir as punições que ninguém entende, há que se admitir: a FE não ajuda. No meio da temporada, resolve criar uma regra que dita: os pilotos precisam repetir nas voltas de retorno aos boxes o padrão de freadas das voltas rápidas. Em primeiro lugar, que regra é essa? Em segundo lugar, como uma regra criada para esta etapa – não existia há duas semanas – leva a uma exclusão geral da classificação? Por fim, alguém pode se dignificar a explicar o motivo disso ser uma pena terminal? Di Grassi chamou de "a regra mais estúpida" do esporte a motor. Eu até queria concordar, mas fica difícil concordar com o que você não entendeu. 
Sam Bird (Foto: Virgin)

Em Santiago, o calor prometido apareceu. Nos primeiros treinos e na classificação as coisas até que estevem relativamente controladas, mas a corrida trouxe uma demonstração do que pode ser o calor sul-americano em janeiro. Na pista, 46°C; no ar, 37°C. E os carros foram afetados: Tom Dillmann, António Felix da Costa e Max Günther, por exemplo, ficaram parados na pista. Em dado momento até os pilotos davam a sensação de que estavam sendo afetados. Vários nomes de ponta da FE erraram e acabaram batendo ou num muro ou em alguém à frente. Foi o caso de Da Costa, Sébastien Buemi, Di Grassi e Jean-Éric Vergne, por exemplo. Foi o maior calor que a FE já pegou, mesmo contando as duas provas na cidade malaia de Putrajaya.

 
Segundo Vergne, bater era necessário. Foi o que ele publicou no Twitter após o fim da prova. "Nunca vi uma pista assim. Asfalto saindo, tornando guiar extremamente perigoso. E bater nos outros era necessário para ultrapassar. Espero que mude. De fato. a pista estava visivelmente suja durante o dia. A foto de Vergne com o asfalto solto é convincente, mas durante o dia não foi um tópico de discussão. É um fato novo. Com o Parque O'Higgins garantido para o calendário do ano que vem, é fundamental que se arrume o bagunçado. 
 
No fim e com tudo contabilizado, entra ano e sai ano, melhore ou piore o carro, muda o projeto, Sam Bird é competitivo. É verdade que o inglês continua sem um título da FE, mas não é à toa que ele é o único, ao menos até esse momento, com ao menos uma vitória em cada uma das cinco temporadas da categoria (Di Grassi é o único que pode igualar esse feito se vencer nesta atual temporada).
Sam Bird (Foto: Virgin)

Bird fez a sexta posição, largou em quinto e já pulou para terceiro. A partir daí, passou a ser agressivo. Ultrapassou Pascal Wehrlein e começou a pressionar Buemi. O suíço contou com a paz dada por uma longa bandeira amarela causada pela NIO travada de Dillmann, mas quando Bird podia atacar, atacava. Fez tanto que Buemi acabou errando. Fosse uma partida de tênis, seria um erro forçado. Ainda precisou conter Wehrlein no fim, dotado do modo de ataque, para garantir a vitória e pular para a vice-liderança do campeonato

 
Aliás, ainda cabe um adendo: não fosse o pacote de punições distribuído depois do fim da corrida, Bird seria líder da FE. Mas Jérôme D'Ambrosio deu a sorte de herdar posições de Di Grassi e José María López para terminar no oitavo posto e partir para a Cidade do México na condição de líder. 

ATUALIZAÇÃO: Quase quatro horas após o fim da prova, a FE anunciou punições a D'Ambrosio e Vergne por andarem acima da velocidade permitida durante bandeira amarela de pista inteira. A punição ao francês, que acabou abandonando a corrida, é inócua, mas D'Ambrosio cai da oitava para a décima colocação. Desta forma, marca três pontos a menos, o que muda a liderança do campeonato. Sam Bird, por dois pontos, é o ponteiro. 

 
"Foi intenso, controlamos bem. Eu senti como eu fosse o perseguidor, ele [Buemi] o caçado. Fantástico para a equipe, fantástico", afirmou Bird.
 
"Essa equipe de trabalho é a razão pela qual eu continuei na Virgin. Ganhei ao menos uma vez toda temporada. Único a fazer isso. Muito feliz", completou o sorridente Sam.
Pascal Wehrlein (Foto: Mahindra)

Wehrlein estreara na FE há duas semanas, em Marrakech, mas abandonou após ser abalroado na primeira volta por Di Grassi. Enfim, correu uma prova completa. Classificou bem, dosou com inteligência a bateria e atacou para vencer. Não conseguiu, mas mostrou agressividade. O segundo lugar não foi totalmente satisfatório para ele, mas certamente foi impressionante. 

 
"Sensação ótima, mas também um pouco triste, porque acho que poderíamos ter vencido hoje. A equipe mandou eu diminuir o ritmo por causa do problema com o calor, já que afeta as baterias. Poupamos energia no começo, estava muito rápido no final… Eu sei que deveria estar feliz, mas queria ter vencido", lamentou.
 
Melhor entre os pilotos brasileiros, Nelsinho Piquet terminou na 11ª colocação e avaliou que dava para ter pontuado mesmo em meio a uma prova bastante complicada. 
 
“Foi uma corrida difícil. Imaginávamos que ia ter muito safety car, mas dessa vez foi full course yellow. A pista é muito difícil de ultrapassar, mais ainda quando o ritmo fica em alta velocidade, o que aconteceu no final depois das amarelas", falou. 
Nelsinho Piquet (Foto: Jaguar)

"Tive alguns erros durante a prova apertando os botões errados no volante. Isso me fez perder posições para o Turvey e para o D’Ambrosio. Então daria para ter conquistado pontos. Mas vamos continuar lutando sempre e melhorar na próxima etapa”, seguiu.

 
Di Grassi terminou em décimo na pista, mas uma punição de 20s acrescidos ao resultado final – por conta de uma batida com José María López – jogou o piloto da Audi para a 12ª colocação. Com apenas nove pontos em três, vai se vendo bem cedo distante de uma batalha pelo título, assim como no ano passado.
 
Já Massa estava nos pontos quando se envolveu numa série de encaixotamentos em toques seguidos com Maximilian Günther e Oliver Rowland. Espremido no muro, ficou com o carro extremamente danificado e acabou abandonando. O companheiro de Venturi, Edoardo Mortara, terminou na quarta colocação e marcou os primeiros pontos da equipe no campeonato. 
 
"Claro que não foi uma boa corrida para mim, eu nem terminei, mas o positivo é que o carro definitivamente estava melhor. Sinto que os dois podiam terminar nos pontos se as coisas tivessem sido diferentes", afirmou.
Felipe Massa (Foto: Venturi)
"Embora tenha parecido que Vandoorne tenha causado meu abandono, na verdade aconteceu na curva anterior quando Günther me empurrou no muro. Isso fez com que Rowland tivesse espaço para passar por ali, e aí batemos de novo na curva seguinte. Não devia ter acontecido", lamentou. 
 
"A atmosfera aqui na pista foi incrível, pareceu uma corrida de casa para mim. Queria realmente fazer o melhor pelo público, então estou desapontado pelos incidentes. Isso de lado, foi um bom progresso com o carro e fico muito feliz pelo meu companheiro. É um grande resultado para a equipe", encerrou.
 
A FE segue no dia 16 de fevereiro, na Cidade do México.
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