Evans e Frijns são destaques, Buemi reage tarde e Vergne decepciona por atitude

O GRANDE PRÊMIO começa a distribuir as notas com que avalia o grid da Fórmula E na temporada 2018/19. Neste texto, a análise é quanto aos 11 primeiros colocados do campeonato

A temporada 2018/19 da Fórmula E terminou no último fim de semana com as vitórias de Sébastien Buemi e Robin Frijns, o bicampeonato confirmado por Jean-Éric Vergne e a tentativa de manipulação da corrida 1 protagonizada também pelo piloto campeão. Foi uma longa temporada, que começou ainda em dezembro de 2018 e passou por quase todos os cantos do mundo. 
 
O GRANDE PRÊMIO aproveita o ensejo e avalia o desempenho de todos os pilotos que participaram do campeonato. A avaliação acontece em duas partes, uma nesta quarta (17) e outra na quinta-feira (18). Na primeira parte, os 11 maiores pontuadores. 
Os postulantes ao título na chegada a Nova York (Foto: FE)

Jean-Éric Vergne – 6.0 – Vergne teve o carro que foi o melhor entre os 11 do campeonato. É claro que o domínio não foi o da Mercedes na F1, nada perto daquilo, mas o time oficial do Grupo Peugeot Citröen foi rápido na maior quantidade de circuitos. E Vergne aproveitou a vantagem, ainda que pequena, para dominar o trecho final do campeonato e abrir larga vantagem. O título estava moldado.

 
Mas veio Nova York. Na decisão do campeonato, o desempenho de Vergne foi no mínimo decepcionante. No sábado, classificou no meio do pelotão – atrapalhado, é verdade, por estar no Grupo 1 – e se envolveu em dois acidentes na prova. O segundo, com Felipe Massa, um erro claro de alguém que se aproximava da conquista ainda que com apenas dois pontos. 
 
O domingo decisivo era uma ladeira muito íngreme para os rivais correrem atrás dele, mesmo assim o dia começou tenso. Na classificação, foi péssimo e se arrastou pela pista durante a prova. Com a distância que tinha, foi campeão. E veio a notícia de que tentou manipular o destino da primeira corrida ao pedir que a equipe ordenasse que André Lotterer estacionasse na pista para causar um safety-car.
 
Não há dúvida que a conquista do bicampeonato fica manchada por uma atitude assim, que depois foi reforçada pelo francês apesar de ter rendido uma punição [branda] da FIA. O campeonato 2018/19 de Vergne vai ficar lembrado como aquele em que tentou entregar e manipular a decisão. A nota cai vertiginosamente por isso.
A rodada dupla que encerrou a temporada em Nova York (Foto: Jérôme Cambier/Michelin)

Sébastien Buemi – 6.0 – A impressão final que Buemi deixa da temporada é a de Nova York. Excelente nos dois treinos de classificação, dominante numa prova e no pódio em outra, conseguiu uma recuperação impressionante para terminar com o vice-campeonato. É bom, mas dá uma demonstração do que poderia ter sido com algum capricho a mais.

 
Foram quatro pódios seguidos para terminar a temporada – cinco top-5 -, mas por que então o suíço chegou a Nova York 54 tentos atrás do líder? Entre alguns problemas de confiabilidade e um número considerável de erros, Buemi não foi capaz de levar uma rápida Nissan a lutar pelo título. Parabéns pelo fim, mas fez menos do que se esperava durante o ano.
 
Lucas Di Grassi – 7.0 – Nas cinco temporadas da categoria, o carro da Audi viveu seus momentos mais complicados nesta estreia do Gen2. Foi ruim? Não, segue sendo um bom carro, mas o bólido da Audi mostrou alguma dificuldade na maior parte das pistas mais travadas. Di Grassi aproveitou, então, as pistas espaçosas da Cidade do México e de Berlim para vencer.
 
Di Grassi não teve grandes quedas de desempenho com relação às últimas temporadas e também não teve tantos grandes momentos assim, apesar de ter vivido um dos melhores da temporada: a ultrapassagem sobre Pascal Wehrlein na chegada no México. Mas recebe uma nota considerável porque ganhou as corridas onde tinha condições para tanto e chegou para brigar para o título.
A rodada dupla que encerrou a temporada em Nova York (Foto: Jérôme Cambier/Michelin)

Robin Frijns – 7.5 – O holandês voltou à categoria após um ano fora e fez sua presença ser sentida. Apenas ele, Di Grassi e Vergne venceram mais de uma vez na temporada. Frijns conquistou os triunfos em Paris, resistindo à chuva, e no encerramento do campeonato. 

 
A nota, entretanto, é por outro motivo. Frijns não fez um ano brilhante, foi mais para extremamente sólido. E fez algo que ninguém conseguira até aqui: superar Sam Bird como companheiro de equipe. O inglês tinha superado Jaime Alguersuari, Alex Lynn, António Félix da Costa e, sim, o bicampeão Vergne nos quatro anos anteriores. Todos com sobra. Ser companheiro de Bird era sinônimo de dor de cabeça, mas Frijns subverteu a ordem e terminou o campeonato com 21 pontos a mais que o companheiro. O que faltou para ele foi evitar a longa sequência sem pontos que teve entre as duas vitórias.
 
Mitch Evans – 8.0 – Este, sim, foi a grande revelação da temporada e, em nível de pilotagem, o nome do ano. Evans fez metade do campeonato numa Jaguar que simplesmente não conseguia classificar. Saindo do fim do pelotão, recuperava constantemente nas pistas estreitas da Fórmula E. Por curiosidade: de 12º para 4º em Ad Diriyah, de 18º para 7º no México, de 19º para 9º em Hong Kong, de 20º para 9º em Sanya. 
 
Evans era um de dois pilotos que havia pontuado nas primeiras seis provas do campeonato quando chegou à Roma. Naquele momento, a equipe acabava de demitir o primeiro campeão da categoria, Nelsinho Piquet, que fizera 1 ponto contra 35 do neozelandês. 
 
Quando largou em segundo, na sétima corrida do campeonato, superou Lotterer para vencer o eP de Roma. No sábado da decisão do campeonato, saiu de 13º para 2º. Pontuou em 10 das 13 corridas, sendo que na segunda em Nova York tinha os pontos nas mãos quando foi acertado por Di Grassi. 
 
Evans fez 105 dos 116 pontos da Jaguar. O piloto da temporada.
A rodada dupla que encerrou a temporada em Nova York (Foto: Jérôme Cambier/Michelin)

António Félix da Costa – 6.0 – Xodó da pré-temporada, Da Costa venceu a abertura do campeonato e parecia chancelar a alcunha de favorito ao campeonato que se colocava nele. O português liderou boa parte do eP de Marrakech e inapelavelmente perderia a posição para o companheiro Alexander Sims no que era um domínio da BMW. E errou, bateu no companheiro para evitar a ultrapassagem e jogou 18 pontos no lixo. Mas o ritmo estava ali. No México, quarta etapa do campeonato, recebeu a bandeirada em terceiro e foi alçado a segundo por conta da punição a Pascal Wehrlein.

 
Em termos de desempenho, Da Costa saía daquele momento mostrando mais que os rivais. No resto da temporada, o português foi a mais dois pódios apenas, com o terceiro lugar, e ficou sempre na zona de pontos. O que faltou para brigar pelo título foi pontuar de forma aguda em mais provas, que a consistência fosse mais acima da tabela. A BMW também perdeu força, o que custou caro. Da Costa fez menos do que se esperava. 
Daniel Abt – 6.5 – Com o carro menos dominante que aquele com que venceu duas corridas em 2017/18 – e conquistou o campeonato de Construtores para a Audi -, Abt não venceu e ficou sem resultados brilhantes. Mas o alemão representou. A renovação contratual é justa para quem marca pontos incessantemente. 
 
O que a Audi deveria fazer era avaliar se queria dois pilotos para brigar por título ou um primeiro e um segundo. Abt é um segundo piloto dos bons: terminou o ano com 95 pontos contra 108 de Di Grassi e pontuou em mais corridas, 11. Foi quem mais vezes pontuou na temporada. O campeonato do alemão foi digno de boa nota.
André Lotterer na preparação também (Foto: DS Techeetah)

André Lotterer – 6.5 – A nota de Lotterer ser maior que a de Vergne é fruto do ardil tentado pelo bicampeão, não da pista. Lotterer teve uma temporada até decente, mas faltou pimenta. Sem vitórias e apenas com dois pódios, Lotterer se manteve entre os líderes por quase todo o ano, mas terminou sem pontuar em seis das 13 corridas.

 
No fim das contas, um ano correto apenas, mas a expectativa era que conseguisse rivalizar com Vergne. Não conseguiu sustentar esse desafio até o fim.
 
Sam Bird – 5.5 – O piloto que venceu corridas nas cinco temporadas na categoria foi derrotado pela primeira vez na luta interna da Virgin. Se nem Vergne havia sido páreo, Frijns aceitou o desafio e bateu o inglês. 
 
Bird deu a sensação de que conseguiria brigar pelo título mais uma vez após uma vitória e um pódio nas primeiras três corridas, mas uma sequência de quatro etapas longe dos pontos entre Sanya e Mônaco tirou o veterano da categoria totalmente da briga.
Jérôme D'Ambrosio comemorado por ser líder do TL3 (Foto: Mahindra)

Oliver Rowland – 6.0 – Com três pole-positions na temporada e nenhuma vitória, a pergunta que fica para Rowland é: o que aconteceu? Faltou consistência e solidez. Um exemplo disso foi o erro grosseiro em Paris quando tinha a dianteira. 

 
Com o rendimento e o carro que teve, Rowland ficou longe demais dos rivais à frente. A diferença dele para Bird, o nono no campeonato, foi de 14 pontos.
 
Jérôme D'Ambrosio – 5.5 – Dois pódios [com uma vitória] nas duas primeiras etapas do ano. D'Ambrosio fez uma metade inicial constante, com pontos mesmo quando largou no fim do pelotão – saiu de 19º para 8º em Roma, por exemplo. 
 
A segunda metade, entretanto, viu uma queda brusca de rendimento. De Roma, quando liderava, até o fim, marcou somente dois pontos em seis corridas. A Mahindra voltou a perder fôlego como no ano passado, mas D'Ambrosio ficou em desvantagem para Wehrlein.

Paddockast #24
A BATALHA: Indy x MotoGP

Ouça: Spotify | iTunes | Android | playerFM

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Formula E direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.