FIA ameaça segurança de pilotos na FE e mostra que problemas vão muito além de Masi

Corrida 2 da Fórmula E em Diriyah termina com safety-car e trator na pista, e desorganização da FIA deixa explícito que decisões controversas não são culpa apenas de Michael Masi

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Na primeira entrevista que deu após garantir a vitória da corrida 2 no eP de Diriyah, o suíço Edoardo Mortara deixou claro o anti-clímax que foi cruzar a linha de chegada em primeiro — após uma prova tão disputada — sob regime de safety-car. A patacoada da FIA na corrida deste sábado (29) na Fórmula E, ao colocar um trator na pista enquanto os pilotos passavam atrás do carro de segurança remete à confusão que se instaurou na etapa decisiva da Fórmula 1, em Abu Dhabi, e mostra: o problema não é somente Michael Masi.

É claro que as decisões confusas e repentinas de Masi na última corrida da temporada 2021 transformaram a situação em algo de impossível entendimento, mas a sequência de tomadas de decisão na organização que rege o mais alto nível do esporte a motor não pode cometer tantos erros como em Diriyah, por exemplo.

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Cena dos carros parados na pista atrás do trator gerou espanto na Fórmula E (Foto: Reprodução/Twitter)

Tudo começou quando o britânico Alexander Sims, da Mahindra, cometeu um erro e rodou, atingindo a barreira de proteção. A corrida continuou normalmente por mais alguns minutos em regime de bandeira amarela, e só então o safety-car foi acionado pela direção de prova — com um detalhe: caso o carro de segurança entre com menos de cinco minutos para o encerramento da corrida, exatamente o que aconteceu, não há tempo de prorrogação.

A questão é: no momento da batida de Sims, o relógio marcava quase dez minutos restantes de corrida pela frente. Assim, caso fosse acionado no ato da batida, o safety-car proporcionaria aos pilotos uma relargada com tempo de acréscimo — exatamente da forma que havia sido feito na véspera, durante a corrida 1.

A sequência de fatos, então, abre margem para diversas interpretações. Por que a direção de prova não parou imediatamente a corrida no momento do acidente e esperou os cinco minutos finais da disputa? A sensação que ficou é de que mais uma vez, assim como aconteceu no encerramento da F1 em Abu Dhabi, a FIA perdeu a chance de acionar uma bandeira vermelha e paralisar a corrida — o que possibilitaria aos pilotos e ao público uma relargada emocionante, com direito a briga pela vitória nos poucos minutos restantes.

Alexander Sims bateu e criou toda a celeuma do final (Foto: Reprodução/Fórmula E)

No entanto, a direção de prova optou pelo contrário: manteve o SC até o final e declarou vitória de Edoardo Mortara, que naquele momento liderava a corrida. Decepcionou cada um dos fãs que esperava uma disputa no final e surpreendeu inclusive pilotos e equipes, que não faziam ideia do que ia acontecer até o último momento. E desta vez, não tem Michael Masi para culpar.

Por fim, o fato mais grave do dia — ou da noite, na Arábia Saudita — ficou mesmo por conta da entrada de um trator na pista para a remoção da Mahindra de Sims. A cena surpreendente dos pilotos parados na pista aguardando passagem enquanto o trator suspendia o carro de Alexander foi o cúmulo de um procedimento que errou em todos os aspectos possíveis: na segurança, na transparência e principalmente, na esportividade.

Mais: a presença do trator na pista, claramente inviabilizando a passagem dos pilotos, foi o indicativo principal de que o safety-car não era apropriado para a situação do momento. Uma paralisação por bandeira vermelha permitiria que o carro fosse removido com mais segurança para todos os envolvidos, além de uma disputa final pela vitória que não deixaria o gosto agridoce que transpareceu na entrevista de Mortara.

MICHAEL MASI; DIRETOR DE PROVA; FIA; FÓRMULA 1;
Michael Masi esteve no centro da polêmica em Abu Dhabi, mas FIA demonstra que problemas vão muito além do diretor de provas (Foto: FIA)

No momento, a FIA investiga a sequência de fatos que levou ao título de Max Verstappen na Fórmula 1 no final do ano passado — ou seja, os próprios erros. Resta saber se a apuração dos acontecimentos levará a medidas reais de mudança nas tomadas de decisão da entidade, ou se o diretor de prova vai servir de bode expiatório — como se todo o resto andasse às mil maravilhas.

Demitir Michael Masi pode fazer sentido após a sequência de erros no GP de Abu Dhabi, principalmente ao não seguir a determinação do protocolo na saída do safety-car. No entanto, a trapalhada da FIA logo no primeiro final de semana da Fórmula E deixa claro que o buraco é muito mais embaixo.

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