Massa estreia entre altos e baixos, Piquet vê fim da linha e Nasr bate e volta

Felipe Massa, Nelsinho Piquet e Felipe Nasr, os três outros brasileiros que disputaram a temporada da Fórmula E, viveram dias distintos. Massa cresceu a olhos vistos durante o ano, Piquet viu acabar o crédito do título e Nasr deu uma rápida passada pelo campeonato dos bólidos elétricos

A temporada 2018/19 chega ao fim no próximo domingo, após uma rodada dupla em Nova York, e conta com Lucas Di Grassi entre os postulantes ao título da Fórmula E. Mas Di Grassi não foi o único piloto brasileiro nas pistas, longe disso. O campeonato foi o que mais contou com pilotos nascidos por estas terras: foram quatro. Apenas Lucas e Felipe Massa correram por toda a temporada, mas Nelsinho Piquet e Felipe Nasr lá estiveram. 
 
O GRANDE PRÊMIO aborda a temporada dos três. Massa requer uma avaliação totalmente diferente dos outros dois. Em primeiro lugar, porque andou durante todo o campeonato e está garantido para a jornada 2019/20. Piquet, campeão da temporada original, viu chegar o fim da linha na categoria – ao menos por enquanto -, enquanto Nasr viu a chance surgir e sumir em questão de semanas.
Felipe Massa (Foto: Venturi)

Massa ingressou numa Venturi em reformulação e em busca de crescer no campeonato. Ao seu lado, Edoardo Mortara, indo para o segundo ano dele na equipe e na categoria. Apesar dos carros serem novos neste ano e de Massa ter participado desde o começo do desenvolvimento, Mortara lidava há mais tempo com a tecnologia. A diferença foi vista sobretudo no começo do ano.

A Venturi demorou três corridas para pontuar, mas, após as primeiras quatro etapas do campeonato, a diferença abria: Massa tinha dois pontos, Mortara 27. Na etapa seguinte, Mortara venceu a corrida em Hong Kong. Naquele momento, com 52 pontos e apenas dois atrás do líder, Mortara pensava em título. Massa ainda buscava entender carro e tecnologia. 

 
Em compensação, conforme a evolução encontrou as outras equipes e a Venturi partiu abertamente para pensar no desenvolvimento da próxima temporada, Mortara não pontuou mais após Hong Kong. Massa, de lá para cá, estreou no pódio com um terceiro lugar em Mônaco, foi nono colocado em Paris e oitavo em Berna. Na chegada a Nova York, a diferença caiu: Mortara tem 52 pontos e é o 12º colocado do campeonato, enquanto Massa tem 36 e é o 14º. Felipe foi aos pontos seis vezes, Mortara somente três.
Felipe Massa (Foto: Venturi)

Embora a conquista do campeonato tenha ficado muito longe da Venturi, apenas oitava colocada no campeonato de Equipes, é a melhor temporada da equipe monegasca. Massa faz parte disso. A Venturi nunca fizera mais que 77 pontos numa temporada, algo que conseguiu na jornada 2015/16. Naquela oportunidade, em dez corridas contra 11 de agora. A Venturi já havia cruzado os 77 pontos desde Mônaco – nona prova. 

 
Aliás, a prova do Principado foi o momento especial de Massa na temporada. Na casa dele e da equipe, de frente para a família e os amigos, inclusive do filho, fez uma corrida correta e conseguiu o primeiro pódio dele na categoria. Um momento especial, sem dúvidas, e o que se destaca no campeonato. 

Quem esperava Massa entrando na Fórmula E e automaticamente na briga do título, menosprezou uma tecnologia completamente diferente e um momento de transição para o Gen2 e uma manobra que complicava ainda mais a tocada. E também a realidade da equipe, que jamais lutou na ponta da tabela e sequer tinha vitórias até Mortara em Hong Kong. A Venturi quer crescer e Massa, perto de casa, espera evoluir junto. Pensar em título, até no futuro próximo, parece ser forçar uma barra desnecessária de quem entende que há um caminho bem diferente a ser traçado.

Nelsinho Piquet (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

Piquet viu acabar o crédito pelo que fez na primeira temporada da Fórmula E. Numa breve retrospectiva: após ser o campeão da abertura, Piquet renovou com a NIO (antes China e NextEV) e contou com um companheiro fixo para os dois anos seguintes, Oliver Turvey. O inglês foi melhor que o brasileiro na segunda temporada e pior na seguinte, as duas por diferenças bem pequenas e sempre fora do top-10 do campeonato. Mas Piquet seguiu com crédito e foi chamado pela Jaguar.

 
Nelsinho começou bem a primeira temporada por lá, beliscou o pódio com três P4 na metade inicial e depois parou. Evans terminou com mais pontos e com um desempenho geral melhor. Tudo isso se manteve igual para a atual temporada. 
 
A Jaguar tinha severos problemas de classificação, mas Evans conseguia contornar as dificuldades e pontuar. Nas seis primeiras etapas do campeonato, marcou somente um ponto contra 36 do neozelandês – e ainda completou com uma batida em Hong Kong. Foi o fim da linha.
 
Nos últimos anos, Piquet não apenas tinha desempenho abaixo do que dele se espera: também demonstrava certa apatia e incomodo em estar no grid sem condições de repetir o que fizera logo de cara. Como será o futuro dele na FE? Difícil dizer, mas provavelmente Piquet vai ter espaço para voltar ao grid caso queira. O que precisa é mostrar que o título não foi apenas ano dourado e que o nível de pilotagem, resultados à parte, pode ser repetido. 
Felipe Nasr (Foto: IMSA)

Nasr viveu uma participação estranha, para dizer o mínimo. A Dragon escalou José María López e Maximilian Günther para a temporada, mas sempre com a ressalva de que o piloto alemão tinha um contrato temporário e não se estendia até o fim, ao menos inicialmente. Günther não pontuou, de fato, nas primeiras três etapas. López, por sua vez, fez um ponto.

 
No meio desse período, após o eP de Marrakech, Nasr fora convidado para testar pela Dragon, mas questões contratuais acabaram por impedir que o piloto brasileiro participasse. Assim, quando foi anunciado, então para assumir o lugar de Max no México, Nasr jamais havia guiado o carro. Mesmo assim, classificou na frente de 'Pechito' López – 14º contra 15º. Sem qualquer ritmo para competir, ambos ficaram bem distantes dos pontos – e Nasr ainda teve problemas no carro. 
 
Em Hong Kong, na segunda prova dele, participou dos toques da largada e ficou com a asa traseira danificada. O resultado foi que bateu no muro da curva 2 e trancou a curva, fazendo com que Pascal Wehrlein e Jérôme D'Ambrosio batessem nele. Foi o fim do dia. Em Sanya, após uma classificação ruim, nem largou. O carro ficou parado na bandeira verde e novamente o fim da prova logo no princípio.
 
O fim da relação foi abrupto. O anúncio dava conta de que Nasr ficaria fora do eP de Roma, devolvendo o carro para Günther, por compromissos com o IMSA, que liderava. Mas para Paris ficou na cara, apesar das justificativas de que Nasr iria focar no campeonato em que ia bem, que Günther havia de fato recuperado espaço. Quando teve problemas em Roma, andava bem. Em Paris, concluiu na quinta colocação – que repetiu em Berna. Com 20 pontos contra 3 de López, é o maior pontuador de uma Dragon que agoniza e vislumbra uma parceria futura com alguma fábrica – a Ford, por exemplo, estuda a possibilidade.
 
Nasr está bem no IMSA e vive fase de recuperação na carreira pós-F1. É importante que seja assim e, até por estar reconstruindo a imagem, tem de tomar cuidado com ela. Ingressar na FE, de uma tecnologia tão distinta, no meio do campeonato e sem jamais ter tocado o carro foi um risco desnecessário. A resposta, no caso negativa, foi veloz. Se for para investir na FE, Nasr precisa fazer isso com mais zelo. Jamais da maneira atrapalhada como tentou na atual jornada.

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