Os outros seis: como foi a temporada dos postulantes ao título da Fórmula E

Além de Jean-Éric Vergne e Lucas Di Grassi, a Fórmula E tem mais seis postulantes: Mitch Evans, André Lotterer, António Félix da Costa, Robin Frijns, Sébastien Buemi e Daniel Abt. O GRANDE PRÊMIO aborda a temporada do sexteto

A decisão da Fórmula E, uma rodada dupla em Nova York no próximo fim de semana, chega com um favorito claro. Jean-Éric Vergne tem 130 pontos na classificação, 32 à frente do segundo colocado, Lucas Di Grassi, o desafiante mais real na disputa. Atrás dos dois, entretanto, tem muita gente que ainda pode fechar os olhos durante a noite e sonhar e chegar ao domingo à noite com o título. São, ao todo, oito nomes com chances matemáticas. Depois de analisar Vergne e Di Grassi, o GRANDE PRÊMIO trata agora dos outros seis. 
 
Mitch Evans, André Lotterer, António Félix da Costa, Robin Frijns, Sébastien Buemi e Daniel Abt são os outros seis. Com 58 pontos ainda em jogo, estão respectivamente 43, 44, 48, 49, 54 e 55 tentos atrás de Vergne. Para todos eles, o desafio é absolutamente inglório, sim, mas ainda possível. O trabalho precisa ser perfeito e a sorte, presente. Mas o que fizeram até aqui?
Mitch Evans (Foto: Jaguar)

3º colocado, Mitch Evans:

 
O neozelandês é o piloto-chave no projeto da Jaguar. Evans ingressou na Fórmula E junto da equipe inglesa, na temporada 2016/17, mas os resultados chegaram realmente agora. A expectativa era que Nelsinho Piquet assumisse esse papel, o que a atual temporada comprovou que não aconteceria. Evans se montou na regularidade e, em meio a uma primeira metade de temporada em que a Jaguar não conseguia melhorar nas classificações, Mitch seguia sempre nos pontos. Foi um de dois pilotos a pontuar nas seis primeiras corridas, sempre entre o quarto e o nono lugar.
 
Após a saída de Piquet e entrada de Alex Lynn, veio o grande momento dele na temporada. Em Roma, anotou a segunda colocação no treino de classificação e superou André Lotterer em linda ultrapassagem durante a corrida. Com a chuva sobre a pista na largada, precisou resistir ao jogo duro causado com Lotterer e venceu, colocando-se na briga pelo título.
 
Nas quatro provas desde então, ficou fora dos pontos em duas e foi segundo colocado em Berna, onde atacou Vergne incessantemente. Tem 87 pontos e garante: o campeonato não acabou.
 
Evans é um ponto positivo e deve ser destacado como um dos melhores pilotos do campeonato. Na comparação com Piquet, nas seis primeiros etapas, venceu os problemas graves do carro para anotar 36 tentos contra 1 do companheiro, demitido na sequência. É fácil argumentar que foi quem mais tirou pontos possíveis do carro que tem nas mãos. A grande temporada coloca o piloto de 25 anos recém-completados entre os grandes da categoria.
André Lotterer (Foto: Michelin)

4º colocado, André Lotterer:

 
Num campeonato em que oito pilotos diferentes venceram, Lotterer é o melhor entre aqueles que não venceram. Ao lado dele está, claro, a quantidade de vezes em que esteve no top-6. Entre as 11 etapas do campeonato, não pontuou em quatro, divididas pelo ano: Santiago, Hong Kong, Berlim e Berna, onde conseguiram terminar na quarta colocação e durante algumas horas foi ele o vice-líder do campeonato, 32 tentos atrás de Vergne. Mas uma punição pelo momento da saída do pit-lane, ainda em luz vermelha, tirou o alemão da zona de pontos. 
 
Na realidade, Lotterer terminou no top-6 em seis das 11 corridas. Foram dois P2, um P4, dois P5 e um P6 – apenas Vergne conseguiu se posicionar nessas primeiras posições mais vezes. Não fosse pela punição da Suíça, quando fez uma corrida excelente para se recuperar após batida, relargada e subida de nono para quarto, teria aumentado esse número.
 
Após se entender da categoria no primeiro ano, Lotterer deu um passo adiante. É por isso que a Porsche tem interesse e negocia com ele, que beliscou a vitória em Roma e Paris. O título está distante e a comparação é desfavorável, contra um Vergne que é o melhor piloto da FE no momento, mas o veterano, campeão mundial de endurance e três vezes vencedor em Le Mans, pegou o jeito da Fórmula E. Fez dele a temporada que se esperava, embora tenha faltado cravar a bandeira em boas chances que teve.
António Félix da Costa (Foto: BMW)

5º colocado, António Félix da Costa:

 
O piloto português entrou na temporada como um dos favoritos, talvez até o grande favorito. Mesmo que tivesse apenas uma vitória na categoria, Da Costa sempre esteve em carros que se colocavam abaixo do desempenho que mostrava no volante. A pré-temporada fortíssima da BMW, entretanto, indicava que os alemães chegavam como a melhor equipe do grid após dois anos de estágio com a Andretti, agora englobada como equipe de fábrica. 
 
A pole da primeira etapa do campeonato foi promissora, mas Vergne tomou a dianteira e escapava até sofrer uma punição estranha, ligada ao uso de energia. Da Costa reassumiu a ponta e venceu com certa tranquilidade em Ad Diriyah. Depois, em Marrakech, liderava quando a BMW tinha o melhor carro na pista. O companheiro Alexander Sims fez o suficiente para tomar a dianteira, e Da Costa errou. Causou uma batida entre os dois que fez com que o português abandonasse a prova.
 
O carro da BMW foi bom durante toda a prova, mas não foi dominante novamente. Em Sanya tinha potencial, mas Da Costa não conseguiu fazer mais que o terceiro posto, preso numa pista amarrada. Foram três pódios nas seis primeiras etapas, o que deu a sensação que iria se manter na batalha, mas os pódios foram interrompidos. Os pequenos pontos foram se agrupando, mas faltou um novo pódio e lutas por vitória. Da Costa, diferente de Evans, esteve abaixo do que se esperava. Agora, na final, precisa sacar uma diferença de 48 pontos. 
Robin Frijns (Foto: Virgin)

6º colocado, Robin Frijns:

 
Frijns voltou ao grid da Fórmula E após ausência de uma temporada. É justo dizer que o holandês teve um desempenho bastante capaz nos dois anos com um fraco carro da Andretti e, assim, conquistou o espaço na Virgin que tentava pela primeira vez emplacar um parceiro de Sam Bird. E a temporada dele é positiva neste sentido. Bird, sempre soberano na garagem da Virgin, até quando teve Vergne como rival, chega superado por 12 pontos. Há uma pequena chance de ser campeão, mas grande chance de ser o primeiro companheiro a superar o inglês.
 
E até chegou a se engraçar na classificação do campeonato. Frijns fora ao pódio com o segundo lugar em Marrakech, possibilitado pelo erro absurdo de Da Costa, e o terceiro posto em Hong Kong. Depois disso, no morticínio da corrida com chuva em Paris, sobreviveu na pista, venceu e assumiu a liderança do campeonato. 
 
Mas faltava. Inclusive ritmo à Virgin para possibilitar a Frijns a luta pelo campeonato. De lá para cá, sequer pontuou. O título se tornou bastante improvável, mas conseguir segurar a vitória interna na Virgin será um baita desfecho.
Sébastien Buemi (Foto: Nissan)

7º colocado, Sébastien Buemi

 
O piloto com mais vitórias na Fórmula E vive uma realidade completamente diferente que aquela das primeiras três temporadas. O carro da Nissan é rápido, inclusive foi o que mais anotou pole na temporada, mas o ritmo de corrida não acompanhou. A Nissan não está entre as oito equipes que venceram corridas. 
 
O suíço e a equipe cresceram na segunda metade do campeonato. Nas últimas duas corridas, dois pódios – e um P5 antes disso. Nas primeiras oito etapas, foi aos pontos apenas em quatro e com um P5, um P6 e dois P8. A primeira metade foi muito ruim, não apenas pelos resultados, mas também pelos erros: como a pancada em Frijns o eP de Sanya. 
 
Muito por isso, Buemi passou grande parte do campeonato atrás do companheiro Oliver Rowland. Mas o nível mudou nos dois últimos meses, Buemi abriu 13 tentos para Rowland. Mesmo assim, a avaliação do campeão da categoria é de um campeonato irregular na melhor das hipóteses, quando falhou em tirar o máximo do carro por boa parte da temporada.
Daniel Abt (Foto: Audi)

 8º colocado, Daniel Abt

 
Ao lado de Evans, Abt é o piloto que mais vezes foi aos pontos na temporada: em nove das 11 corridas. O que faltou? Os resultados agudos. Abt foi a dois pódios com o terceiro lugar, em Santiago e Paris. Após andar muito bem na última temporada e vencer as primeiras corridas dele na Fórmula E, não conseguiu repetir os feitos.
 
O que quer dizer que o campeonato de Abt foi ruim? Não. A Audi tem de Daniel o que pode esperar dele. Está claro após cinco anos que não terá os momentos de brilhantismo, de pico, que Di Grassi entrega. O brasileiro tem duas vitórias, três pódios e 'apenas' 19 pontos a mais que Abt. Os momentos agudos estão lá, claro, mas Abt foi mais vezes aos pontos e só não esteve no top-10 e uma corrida que terminou – por conta de punição.
 
Há uma dúvida quanto ao futuro de Abt. Se a Audi acredita que deva ter dois pilotos brigando pelo título, estará certa em procurar outro piloto. Mas não dá para dizer que Abt esteve abaixo da crítica.

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