Retrospectiva 2024: Di Grassi e Sette Câmara pontuam pouco e sofrem de novo na Fórmula E

Assim como na temporada 2022/23, Lucas Di Grassi e Sérgio Sette Câmara não empolgaram e registraram desempenhos modestos na temporada 2023/24 da Fórmula E

Assim como na temporada 2022/23, o Brasil não teve vida tranquila na temporada 2023/24 da Fórmula E. Representantes do país vencedor da primeira e terceira edições da história da categoria, os dois pilotos da bandeira verde e amarela sofreram bastante. Sérgio Sette Câmara manteve o assento na ERT para uma terceira temporada, enquanto Lucas Di Grassi apostou na ABT Cupra para tentar ser mais competitivo após uma passagem modesta pela Mahindra.

E, para ser bem justo, mais uma vez, as dificuldades foram muitas, sobretudo para Di Grassi. O campeão mundial da categoria dos carros elétricos classificou a temporada como a “pior da carreira” e lamentou os diversos erros de estratégia da equipe durante o ano, tirando muitas chances de pontuar nas diferentes etapas do calendário. O piloto terminou o campeonato com apenas quatro pontos somados com o carro da ABT Cupra.

“Basicamente, na temporada passada, o que podia dar errado deu”, admitiu Di Grassi ao GRANDE PRÊMIO. “Descobrimos falhas no carro depois de algumas corridas, e quando escolhíamos a estratégia ‘A’, a ‘B’ era melhor. Quando escolhíamos a ‘B’, a vantagem era da ‘A’. Foi um ano muito ruim, mas não por causa da minha performance”, destacou e se defendeu.

O eP de Mônaco ilustra bem a falta de sorte do time na temporada. Após executar boa recuperação, acertar na estratégia e fazer ultrapassagens importantes em uma pista tão difícil, o brasileiro concluiu a prova em 11º, uma posição abaixo da zona de pontos, apenas 0s8 atrás do décimo, Norman Nato. Na Alemanha, durante o eP de Berlim, a mesma coisa: foi acertado por Dan Ticktum quando caminhava para pontuar na corrida 1 e abandonou a prova. Depois, fez uma boa corrida 2 em solo alemão, mas terminou em 11º e saiu zerado de uma rodada dupla que indicava chances de pontuar.

Lucas Di Grassi (Foto: Guilherme Bloisi/GRANDE PRÊMIO)

Di Grassi é um competidor que, mais do que fazer o seu papel na pista, entende muito de como funcionam os trens de força da Fórmula E. Trata-se de um dos pilotos mais experientes do grid e sabe que tudo precisa dar certo nas mesmas proporções para que o bom resultado aconteça no fim.

É um misto de competência para gerir bateria e pneus, sorte para não ser acertado por nenhum piloto inconsequente — característica marcante nos competidores da Fórmula E — e, claro, velocidade. Somado às constantes corridas de pelotão que agora agregam a categoria, tudo isso se acentuou.

Os quatro pontos e o 23º lugar no Mundial de Pilotos não ilustram o que ele pilotou durante a temporada de maneira justa. Contudo, Di Grassi precisou lidar com os percalços do destino para aprender e tentar chegar mais forte em 2024/25.

Agora, um novo capítulo começa com a mesma equipe. A ABT será a única equipe a contar com o trem de força Lola-Yamaha e terá o jovem Zane Maloney do outro lado da garagem, como companheiro do brasileiro. É um bom começo para uma equipe que quer — e precisa — fazer mais na Fórmula E.

Lucas Di Grassi (Foto: Fórmula E)

Sérgio Sette Câmara e o fraco carro da ERT

Sérgio Sette Câmara, é bem verdade, tinha poucas possibilidades com o carro da ERT na temporada 2023/24. O brasileiro terminou a temporada em 20º, com 11 pontos, e sentiu que extraiu o que podia do em termos de performance.

Em 16 corridas na temporada, a única lamentação ficou por conta do eP de Misano 1, que terminou com uma punição que custou oito pontos e duas posições no Mundial de Pilotos.

De fato, a ERT foi uma das equipes que mais precisou lidar com problemas ao longo da temporada. Além da punição em Misano, outras penalizações por exceder o limite de energia durante a corrida entraram no caminho, como em São Paulo. Ainda precisou lidar com uma explosão no carro que o tirou da primeira prova do campeonato, na Cidade do México.

Sette Câmara (Foto: Fórmula E)

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“É complicado tirar tudo do carro quando você tem tantos problemas. Mas tenho certeza de que dei meu melhor, os engenheiros e mecânicos também, é uma equipe muito boa. Esses problemas acontecem, muitas vezes, não por conta deles, mas por causa de um motor que está no carro e a gente não consegue mudar. Então, causa todos esses problemas”, explicou o piloto, em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO.

Apesar das inúmeras dificuldades, o brasileiro chamou atenção pelo ritmo de classificação e conseguiu ir ao top-10 em Diriyah 1Tóquio Misano 2. Com a subida de produção do trem de força Mahindra na segunda metade do campeonato, a ERT não somou um tento sequer nas últimas nove corridas. O fim foi melancólico e com desejo de mudanças para 2024/25.

“Se você fala: ‘Sérgio, a equipe precisa performar ano que vem, você tem de estar no pódio e buscar o título. Qual é o caminho mais rápido?’ Sem dúvida, fechar um contrato de cliente com uma Porsche, uma Jaguar, as equipes que têm o [melhor] trem de força hoje. Da noite para o dia, com aquele mesmo grupo de pessoas, com a mesma dupla de pilotos, a gente estaria no pódio com certa frequência. Quando não fosse um carro, seria o outro”, declarou o brasileiro.

Sette Câmara teve alguns bons resultados na temporada (Foto: Fórmula E)

E com a Gen3 Evo chegando, e a ERT — agora Kiro — realmente parece ter dado ouvidos ao piloto e acertou um acordo como cliente dos trens de força Porsche. Obviamente, a expectativa é consideravelmente maior, mas pode não ter Sette Câmara no grid, já que o time negocia com David Beckmann.

O brasileiro, basicamente, comeu o pão que o diabo amassou com um carro ruim e pode ser retirado da equipe em um momento totalmente diferente, com chances reais de almejar posições mais altas no grid e com um motor muito mais confiável e promissor. Coisas do automobilismo. Coisas do esporte a motor.

Fórmula E retorna com atividades de pista somente entre os dias 4 e 7 de novembro, com os testes coletivos de pré-temporada na pista de Valência, na Espanha. A temporada 2024/25 começa aqui no Brasil, com o eP de São Paulo, marcado para o fim de semana do dia 7 de dezembro.

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