Retrospectiva 2024: Porsche e Jaguar explodem Fórmula E com rivalidade de cinema

Com algo em comum entre as partes — uma longa espera pelo título —, Porsche e Jaguar se afirmaram de vez no topo da Fórmula E em 2024 e protagonizaram a temporada com uma das maiores rivalidades da história da categoria. Entre capítulos dos mais variados, as duas se alternaram no topo e apresentaram um excelente espetáculo ao público

Se a temporada 2023/24 da Fórmula E fosse um filme, diversos aspectos dignos de um blockbuster seriam encontrados ao longo da composição da obra. Trama envolvente, emoção, tensão, controvérsia e uma rivalidade que se forjou no auge da categoria que mais evolui no mundo. Desde que o Gen3 elevou as corridas da modalidade e o equilíbrio do campeonato a outro patamar, Porsche e Jaguar roubaram o protagonismo e cravaram os nomes nos dois espaços principais daqueles créditos que invadem a tela. Sem o choque direto entre as gigantes, certamente a experiência do público com o espetáculo não seria a mesma.

O capítulo inicial da obra, porém, foi escrito na edição 2022/23, que poderia ter o título literário definido como “Temporada das Clientes“. Enquanto o protagonismo recaía sobre as favoritas montadoras Porsche e Jaguar, as respectivas clientes Andretti e Envision operaram melhor os equipamentos e contaram com anos inspirados de Jake Dennis e Nick Cassidy para conquistarem os dois títulos em jogo.

O britânico levou o Mundial de Pilotos com o time americano, o neozelandês carregou a esquadra verde ao de Equipes, enquanto Porsche e Jaguar ficaram a ver navios. De apostas antigas na modalidade, as duas seguiam sem a coroa após tantos anos de esforço e investimento. Mas logo viria 2024.

Desde o início, ficou claro que havia uma ordem de forças, mas muito menos definidora de resultados que na Fórmula 1, por exemplo. Porsche e Jaguar seguiam com os trens de força mais eficientes, mas a temporada mostrou que a Nissan reduziu absurdamente a diferença para as ponteiras, enquanto Maserati, McLaren e DS Penske morderam em diferentes momentos.

O duelo particular entre Porsche e Jaguar se estendeu durante toda a temporada (Foto: Fórmula E)

O título, todavia, sempre esteve destinado a uma delas. Depois de serem superadas pelas clientes, Porsche e Jaguar subiram o sarrafo na temporada 2023/24 e nem sequer deram margem para aproximações de Andretti e Envision. A briga, concentrada entre as duas, teve alternância frenética nas pontas dos dois campeonatos, em um final completamente indefinido até o último suspiro.

Em 16 corridas disputadas no último campeonato, a Porsche venceu sete, contra quatro da Jaguar. Duas foram para a Nissan, enquanto Andretti, Maserati e McLaren levaram uma cada. Contabilizando apenas a segunda metade da temporada, em um recorte de oito corridas, apenas uma foi vencida por um piloto de fora das duas marcas: o encerramento do campeonato, em momento que Pascal Wehrlein não precisava mais vencer para ser campeão — e Oliver Rowland aproveitou para triunfar com a marca japonesa.

A resposta da Jaguar para os sete triunfos da Porsche, porém, está nos pódios: foram 14 top-3 para os felinos nas 16 corridas da temporada, contra nove do time alemão. A Porsche vence mais, mas a Jaguar é mais regular.

As batalhas entre as duas equipes, apesar de raramente envolverem batidas ou acidentes, são em condições sempre muito próximas. Como resultado, os quatro pilotos chegaram à última rodada do campeonato com chances matemáticas de título.

Em Londres, batalha foi ao ápice com a briga entre Wehrlein e Evans pela liderança (Foto: Fórmula E)

A rodada final de Londres, aliás, foi um prato cheio para os amantes da rivalidade. Porsche e Jaguar partiram para uma disputa direta pelo título, em que cada volta da corrida foi importante para a construção do resultado final: a consolidação da catástrofe vivida por Nick Cassidy, iniciada em Portland; o desencontro da Jaguar com a própria estratégia; o erro de Mitch Evans na ativação do Modo Ataque; e o título de Wehrlein, que completou um de seus melhores finais de semana da carreira. No filme da temporada, o clímax veio no final, com um encerramento digno de aplausos.

É curioso perceber, entretanto, que a clara disputa particular entre os dois lados não se reflete em atitudes bélicas na pista. Pelo contrário: a ‘treta’ mais comum para qualquer uma das duas equipes é entre Wehrlein e Dennis — que, apesar de defenderem times diferentes em Porsche e Andretti, compartilham o mesmo trem de força e se envolvem rotineiramente em encontros que visam acelerar o desenvolvimento do conjunto.

Os dois já não escondem a inimizade e costumam gerar faíscas intensas a cada encontro na pista, mas o comportamento entre as duplas Wehrlein/Da Costa e Evans/Cassidy não se apresenta da mesma forma. É comum, inclusive, que características da pista ou a própria adaptação das equipes por meio do acerto pré-corrida condicionem o fim de semana para um dos lados. E mais comum ainda que esse condicionamento seja derrubado depois de algumas voltas imprevisíveis na prova, o que faz o outro lado surgir com ainda mais força.

Um roteiro que começou com os verdadeiros protagonistas um tanto apagados, ainda tateando em busca da direção certa, mas que terminou com um duelo ponto a ponto, corrida a corrida, por um título esperado há muito tempo por ambas as partes. Cada uma levou um, com Wehrlein campeão de Pilotos e a Jaguar de Equipes, mas o sorriso do time alemão acabou maior após o derretimento dos felinos em Londres. O público, que foi à loucura em vários momentos da obra, pede mais em 2025. Enquanto a concorrência cresce, Porsche e Jaguar indicam que um novo e explosivo encontro está prestes a começar.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Formula E direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.