Retrospectiva 2024: Câmara impõe domínio e conquista título da FRECA por antecipação

Depois de Andrea Kimi Antonelli em 2023, agora foi a vez do brasileiro Rafael Câmara emplacar uma temporada ainda mais avassaladora e terminar no topo da tabela de classificação da FRECA. Na Super Fórmula, Sho Tsuboi mostrou consistência e desbancou Tomoki Nojiri por uma boa margem, embora a confirmação do título só tenha acontecido na última etapa. Por fim, as diversas edições da Fórmula 4 ao redor do mundo mostraram uma mescla de competitividade e extremo domínio, como os de Freddie Slater e Deagen Fairclough

Ainda que a Fórmula 1 tenha chamado a atenção pela acirrada disputa entre Red Bull, Ferrari, McLaren e Mercedes na temporada 2024, além do tetracampeonato de Max Verstappen mesmo sem ter o melhor carro do grid durante boa parte do ano, as categorias que normalmente são as portas de entrada também surpreenderam e entregaram boas disputas. De olho no futuro, os jovens talentos provaram que estão cada vez mais preparados para subir os degraus do automobilismo — e teve brasileiro assumindo o papel de protagonista na Europa.

Começando pelos talentos nacionais, a F4 Brasil concluiu a terceira temporada de sua história. Entre nomes já bastante conhecidos, como os de Matheus Comparatto, Álvaro Cho e Rafaela Ferreira, por exemplo, alguns novatos, como Ethan Nobels e o argentino Gino Trappa, viajaram para alguns dos circuitos mais tradicionais do país — e também para o autódromo Oscar y Juan Gálvez, em Buenos Aires — para completar o calendário eletrizante de oito etapas. O circuito de Interlagos foi o principal palco da competição, que também passou pelo Velocitta, em Mogi Guaçu, e pelo autódromo Ayrton Senna, em Goiânia.

Em um campeonato bastante disputado, nada menos que nove pilotos conseguiram subir no degrau mais alto do pódio em pelo menos uma oportunidade. Mas a maior disputa ficou mesmo entre Cho e Comparatto que, juntos, acumularam 12 triunfos e foram os principais personagens na briga pelo título. No fim, Matheus acabou levando a melhor, com 337 pontos conquistados, enquanto Álvaro — que não participou da primeira etapa de Interlagos — teve de se contentar com o segundo lugar, 30 tentos atrás. Nobels, Ferreira — confirmada na F1 Academy em 2025 com o grupo Red Bull — e Trappa fecharam o top-5.

Assim como no Brasil, a disputa na F4 Espanhola também envolveu dois candidatos principais e se estendeu até a rodada final, em Barcelona. Além do tradicional circuito da Catalunha, a classe de acesso ainda carimbou passagens por Jarama, Aragão, Jerez, Valência, Paul Ricard — na França — e Portimão — em Portugal. Embora Mattia Colnaghi não tenha começado muito bem, o italiano emplacou uma sequência de quatro vitórias nas últimas seis corridas do ano e totalizou seis triunfos nas 21 provas disputadas, tornando-se o maior vencedor da temporada.

Matheus Comparatto se tornou campeão da F4 Brasil em 2024 (Foto: Duda Bairros)

A principal vítima do piloto da MP Motorsport foi Keanu Al Azhari, companheiro de equipe, que teve de se contentar com o segundo lugar na classificação, apenas 10 pontos atrás do campeão (282 x 272). O polonês Maciej Gładysz até chegou a vencer três corridas, mas ficou muito longe de se envolver na briga pelo título, já que terminou com 187 pontos, em terceiro. O espanhol Juan Cota e o mexicano Ernesto Rivera fecharam o top-5. Gabriel Gomez e Filippo Fiorentino — que terá nova equipe em 2025 — foram os únicos representantes brasileiros e terminaram em 18º e 34º, respectivamente.

Diferentemente da Espanha, a F4 Italiana ficou marcada por um dos maiores domínios da história. Em sua 11ª edição, a principal porta de entrada do automobilismo no país visitou pistas de renome, como Misano, Ímola, Mugello, Vallelunga, Monza, Barcelona e Paul Ricard — e viu Freddie Slater subir no degrau mais alto do pódio em todos os lugares. Com apenas 16 anos e com a responsabilidade de ser uma das maiores promessas do Reino Unido, o jovem venceu 15 das 21 corridas que foram disputadas entre maio e outubro. No fim, somou 383 pontos e levou o troféu com tranquilidade.

Para se ter uma ideia, Jack Beeton, segundo colocado, terminou com 222 tentos. O australiano de 17 anos cruzou a linha de chegada na primeira posição em apenas uma oportunidade, enquanto que o japonês Hiyu Yamakoshi, terceiro colocado, triunfou duas vezes e encerrou o ano apenas 2 pontos atrás. O indiano Akshay Bohra e o norte-americano Alex Powell completaram o top-5. Entre os brasileiros, Matheus Ferreira, Fiorentino e Ciro Sobral competiram de forma parcial e terminaram em 12º, 36º e 46º, respectivamente.

Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Câmara exalta “trabalho duro” e “consistência” em conquista de título da FRECA em 2024

Freddie Slater (ao centro) conquistou o título da F4 Italiana com tranquilidade (Foto: F4 Italiana)

Mas a falta de competitividade foi quase que uma exclusividade da ‘terra da bota’. Na F4 Francesa, a briga pelo título foi ainda mais apertada do que no Brasil e na Espanha. Após subir no degrau mais alto do pódio em Ledenon, Spa-Francorchamps, Dijon-Prenois e Paul Ricard, o japonês Taito Kato acumulou cinco triunfos e 280 pontos para se tornar campeão da 14ª temporada da categoria. O piloto apoiado pela Honda já assinou com a ART para competir na FRECA em 2025.

Após totalizar apenas uma vitória a menos do que o líder do campeonato, o belga Yani Stevenheydens alcançou 274 pontos e teve de se contentar com o segundo lugar. Com três vitórias no ano e 266 tentos, o francês Jules Caranta fechou o top-3. Empatados com 116 pontos, o luxemburguês Chester Kieffer e o francês Augustin Bernier encerraram o top-5, respectivamente. Nenhum brasileiro participou da F4 Francesa em 2024.

A F4 Britânica, por sua vez, também foi dominada por um único piloto. O campeonato que já teve Lando Norris (2015), Zane Maloney (2019), Luke Browning (2020), Alex Dunne (2022) e Louis Sharp (2023), por exemplo, como campeões, viu Deagen Fairclough sobrar em relação à concorrência e terminar com 579.5 pontos — 220 a mais do que o segundo colocado. O britânico venceu em quase todos os circuitos por onde a classe passou: Donington Park, Brands Hatch, Thruxton, Silverstone, Zandvoort e Knockhill.

Embora tenha conquistado cinco vitórias e uma boa quantidade de pódios, o australiano Alex Ninovic chegou apenas a 357 pontos e ficou com o vice-campeonato. Os britânicos Reza Seewooruthun, James Higgins e Jack Sherwood completaram o top-5. Aurelia Nobels foi a única representante do Brasil em 2024, ainda que tenha competido apenas na rodada de Zandvoort e, desta forma, fechado a competição na 26ª posição, com 9 tentos.

A F4 Francesa teve uma das disputas mais acirradas da temporada 2024 (Foto: FFSA Academy)

Por fim, na F4 Saudita, Federico Al Rifai teve dificuldades para superar Andrej Petrović. O emiradense conquistou sete vitórias e fechou o ano com 226 tentos, enquanto que o sérvio foi apenas três vezes ao degrau mais alto do pódio, mas acertou na consistência e alcançou 193 pontos, ficando em segundo. O quirguiz Kirill Kutskov, a emiradense Hamda Al Qubaisi e o austríaco Oscar Wurz foram os que fecharam o top-5. Aurelia Nobels participou somente da rodada no circuito de Lusail e somou 26 pontos.

Ainda nas competições europeias, Rafael Câmara foi o grande protagonista da FRECA em 2024 e encerrou o ano com o título. Ao subir no degrau mais alto do pódio em palcos como Hockenheim, Spa-Francorchamps, Zandvoort, Paul Ricard, Ímola e Monza, o brasileiro acumulou sete vitórias, 12 pódios e um total de 309 pontos. Quem mais se aproximou do piloto da Prema foi o australiano James Wharton, que triunfou em quatro oportunidades e ficou com o vice-campeonato, com 236 tentos.

O finlandês Tuuka Taponen, o francês Alessandro Giusti e o italiano Brando Badoer completaram o top-5. Entre os novatos, o dinamarquês Noah Strømsted foi o que mais se destacou e terminou a temporada na sexta posição, com 121 pontos somados. O brasileiro Pedro Clerot fechou como o terceiro melhor estreante, em oitavo na classificação geral, com 93 tentos. Cho, por sua vez, participou apenas das rodadas em Mugello e Paul Ricard e ficou em 37º.

Sempre pronta para receber os pilotos que deixam a Fórmula 2 sem um lugar garantido na equipe principal, a Super Fórmula viu nomes como os de Ayumu Iwasa e Théo Pourchaire desfilarem por lá em 2024 — embora o último tenha disputado apenas a primeira corrida, em Suzuka, pois se mudou para a Indy na sequência. O japonês, no entanto, que é membro da família Red Bull, teve um ano relativamente apagado e terminou na quinta posição, com três pódios e nenhuma vitória.

O brasileiro Rafael Câmara brilhou na FRECA em 2024 (Foto: Reprodução/Instagram)

O grande campeão foi Sho Tsuboi, que só não terminou na zona de pontuação em uma das nove provas que foram disputadas. Apesar da consistência, o piloto da TOM’S só garantiu o título na corrida 1 da última etapa, em Suzuka, quando terminou em segundo e viu Tomoki Nojiri, principal adversário, cruzar a linha de chegada em quinto. Enquanto Tsuboi somou 117.5 pontos, o piloto da Mugen ficou com 87. Tadasuke Makino, da equipe Docomo, completou o top-3, com 86 tentos.

A categoria japonesa é a primeira a retornar com as atividades em 2025, já que a primeira corrida está programada para acontecer no fim de semana dos dias 7 e 9 de março. Entre os campeonatos de F4, a edição espanhola é a que começa mais cedo, entre 28 e 30 de março, enquanto que a do Brasil só recomeça no dia 4 de maio. A FRECA, por fim, tem etapa agendada para o dia 3 de maio.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias do GP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.