Após 20 edições, Petrobras corta patrocínio em esporte e põe em dúvida sequência de Seletiva de Kart
Criada em 1999, a Seletiva de Kart havia sido disputada ininterruptamente desde então. Mas, em 2019, graças ao Plano de Resiliência anunciado pela Petrobras no começo do ano, o evento não deve acontecer. Segundo a organização, o corte de patrocínio à cultura e ao esporte praticado pela empresa fez com que a Seletiva não obtivesse fundos para a realização do evento na atual temporada e, possivelmente, no futuro
A Petrobras anunciou em março deste ano um Plano de Resiliência, que na prática consiste em "explorar oportunidades de cortes de custos adicionais através da mudança de processos e transformação digital", segundo a nota da oficialização do plano no site da empresa.
E, para o automobilismo nacional, isso significa um baque no já sofrido sistema de base do esporte no país: o corte do patrocínio da Seletiva de Kart, que há 20 anos existia graças ao patrocínio da Petrobras.
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O GRANDE PRÊMIO apurou e pode confirmar o encerramento da parceria, que era assinada anualmente desde 1999.
Desta forma, a realização do campeonato em 2019 é improvável, e sua sequência a partir de 2020 é colocada em dúvida. Em contato com o GP, o organizador da Seletiva, Binho Carcasci, afirmou que "sendo bem sincero, não tenho muita esperança" na continuidade do evento.
O Plano de Resiliência da Petrobras busca cortes no investimento em projetos esportivos e culturais: "Na prática cortou patrocínio", disse Carcasci. "O que me disseram é: tudo que tinha assinado (a longo prazo), mantiveram. Já na Seletiva eu ia lá todo ano e vendia meu peixe. Então, como não estava, foi cortado."
Carcasci segue em busca de um novo patrocinador para manter a disputa de jovens kartistas viva, mas o tom do organizador mostra que não há muita chance em conseguir: "Estou atrás de um monte de empresas. Mas sendo bem sincero não tenho muita esperança."
"Estamos em maio, é muito difícil, empresas grandes fazem verba de marketing em outubro, setembro. É meu papel, estou tentando, tenho vontade, mas sendo realista, é difícil. Espero que eu plante a sementinha para 2020", seguiu.
Porém, caso não consiga um novo investidor, ele assume que será o fim da Seletiva de Kart: "Tudo tem um fim, não vai durar para a eternidade. Talvez seja o fim, se não der, não deu", lamentou Carcasci.
A Seletiva de Kart foi criada em 1999 e, desde então, revelou nomes do automobilismo brasileiro como Felipe Fraga, Felipe Nasr, Pipo Derani, Bia Figueiredo, Rafael Suzuki e Sérgio Jimenez, entre outros, além de distribuir prêmios importantes para o crescimento dos pilotos participnates – em 2018, por exemplo, levou vencedores para conhecer a sede da McLaren e a testar com um monoposto da Carlin e com simulador da F1 na Europa.
A parceria técnica da Petrobras com a McLaren também está em dúvida: desde fevereiro, a estatal indica quebra de contrato com a equipe inglesa também pela revisão da política de patrocínios promovida pelo Governo Federal; Zak Brown, chefe da equipe, e Gil de Ferran, diretor-esportivo, afirmaram ao GP na oportunidade que é "difícil estabelecer prazo" sobre o uso de todos os produtos desenvolvidos na parceria.
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