Retrospectiva 2021: Estados Unidos viram palco de glórias para brasileiros nas pistas
Helio Castroneves, Felipe Nasr, Pipo Derani e Kiko Porto buscaram na América do Norte conquistas marcantes na temporada que se passou. Felipe Fraga também obteve bom destaque tanto nos EUA como na Europa
A série de textos de retrospectiva da temporada 2021 do esporte a motor se encerra neste sábado (8) com um balanço sobre o desempenho dos brasileiros no automobilismo e no motociclismo. Nas quatro rodas, o ano que se passou foi marcado por grandes conquistas dos pilotos tupiniquins que, coincidência ou não, todas tiveram como palco os Estados Unidos: Felipe Nasr e Pipo Derani foram bicampeões do IMSA SportsCar, Kiko Porto levantou a taça da USF2000 e Helio Castroneves fez história ao vencer pela quarta vez as 500 Milhas de Indianápolis.
A chamada América também foi terreno fértil para as vitórias de Felipe Fraga, que viveu ano iluminado em sua estreia correndo de protótipo. Com três vitórias, o piloto ajudou o parceiro de equipe, Gar Robinson, a levar o título na nova classe LMP3. Do outro lado do Atlântico, Fraga também brilhou ao fazer temporada completa no Mundial de Endurance. Com a equipe TF Sport, foi ao pódio das 24 Horas de Le Mans, ganhou corrida e disputou o título da classe LMGTE-Am até a última etapa, no Bahrein.
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Quem também teve um ano cheio de pódios no Mundial de Endurance foi André Negrão. O piloto de Campinas fez parte do trio da Alpine na nova classe dos hipercarros, mas o A480 na verdade foi um LMP1 adaptado ao regulamento deste ano. Entretanto, o brasileiro pouco pode fazer diante do poderio da Toyota, esta, sim, com um protótipo completamente novo desenvolvido sob a égide da classe dos hipercarros. A marca japonesa nadou de braçada.
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Fizeram parte do Mundial de Endurance ao longo do ano Daniel Serra, em ano complicado pela AF Corse, a equipe oficial da Ferrari no WEC, na classe LMGTE-Pro, enquanto Augusto Farfus e Marcus Gomes compartilharam o volante do Aston Martin Vantage GTE ao lado do bilionário canadense Paul Dalla Lana.
De volta aos monopostos, o Brasil teve poucos motivos para comemorar em 2021, seja na Fórmula E, seja nas categorias de base disputadas na Europa. Lucas Di Grassi venceu duas corridas na classe dos carros elétricos, mas pela primeira vez não esteve diretamente presente na luta pelo título no ano de despedida da Audi, enquanto Sergio Sette Câmara até mostrou velocidade, mas não teve às mãos um carro decente fornecido pela Dragon Penske e ficou aquém do seu potencial.
Na Fórmula 2, Felipe Drugovich começou como um dos candidatos ao título pela UNI-Virtuosi, mas decepcionou e conquistou pódios — mas zero vitórias. Tanto que, ao fim do ano, anunciou o regresso à holandesa MP Motorsport. Guilherme Samaia foi um habitué das últimas colocações pela equipe Charouz e, no seu segundo ano na categoria, seguiu sem pontos.
Campeão da Fórmula Regional Europeia em 2020, Gianluca Petecof abriu o campeonato como piloto da Campos, mas lhe faltou o combustível financeiro, ou seja, patrocínio, para dar sequência à sua trajetória neste ano. E Enzo Fittipaldi teve a chance de estrear na metade final da temporada, também pela Charouz, e conseguiu mostrar boa performance, a ponto de conseguir pontuar, mas foi vítima de acidente fortíssimo na Arábia Saudita e não conseguiu completar o campeonato.
A Fórmula 3 teve dois pilotos. Um deles estreou na categoria com pinta de favorito: Caio Collet. Só que o paulista, membro da Academia da Alpine, não decepcionou, mesmo em ano sem vitória, deixando a impressão de que pode buscar muito além na próxima temporada. Já Enzo Fittipaldi, antes de subir para a Fórmula 2, marcou um pódio logo na sua penúltima corrida com o segundo lugar em Budapeste.
Pódio também foi o que conquistou Gabriel Bortoleto na FRECA, a remodelada Fórmula Regional Europeia by Alpine em 2021. Correndo pela equipe FA Racing, de ninguém menos que Fernando Alonso, o paulista fez uma primeira parte da temporada marcada pela adaptação, mas evoluiu bem na segunda metade do campeonato e marcou um segundo lugar no Red Bull Ring. Em contrapartida, Eduardo Barrichello não teve um grande ano na categoria, na jornada que marcou sua transição do automobilismo norte-americano para a Europa.
Os maiores destaques na base vieram de categorias menos badaladas. As únicas vitórias do Brasil nas chamadas categorias-júnior de monopostos na Europa vieram com Roberto Faria na GB3, novo nome da F3 Inglesa, e com Emerson Fittipaldi Jr. na F4 Dinamarquesa. O filho de Emerson Fittipaldi chegou a lutar pelo título da competição até a última prova do campeonato.
Já o kartismo brasileiro, em que pese a pressão das marcas italianas para a retirada do Mundial, que estava marcado para Birigui, o ano foi positivo, sobretudo por talentos como Rafael Câmara, Gabriel Gomez, Matheus Ferreira e Matheus Morgatto, que empilharam vitórias. Câmara e Ferreira foram vice-campeões do Europeu de Kart. Rafa ainda faturou outros três títulos: WSK Champions Cup, WSK Super Masters Series e do Champions of the Future, e só não teve melhor sorte no Mundial em razão de um pneu furado.
No fim do ano, o pernambucano venceu processo seletivo e foi escolhido para integrar a Academia de Pilotos da Ferrari em 2022. Rafa Chaves Câmara vai disputar a F4 Italiana pela Prema, na sua estreia nos monopostos, neste ano.
De regresso aos veteranos, JP Oliveira abriu a temporada de defesa do título do Super GT, na classe GT 300, com vitória em Fuji ao lado de Kiyoto Fujinami. Ao longo da temporada, no entanto, a dupla nipo-brasileira foi superada por Takuto Iguchi e Hideki Yamauchi e finalizou num honroso vice-campeonato.
Outro veterano das pistas, Tony Kanaan mostrou que ainda tem lenha para queimar na Indy. Em seu regresso à Ganassi para disputa apenas das etapas em circuitos ovais nesta temporada no carro #48 de Jimmie Johnson. O talento sempre esteve lá, mas o ano que se foi trouxe enorme má sorte para o baiano, fato que o impediu de tirar o melhor proveito das oportunidades que teve na pista.
Cabe um parêntese antes do desfecho desta série para mencionar o desempenho dos brasileiros na mais nova categoria continental, o TCR Sul-Americano. A classe ainda enfrentou muitas dificuldades sobretudo em razão da pandemia e sofreu para ter uma boa quantidade de carros na pista nas disputas que ocorreram no Brasil, Uruguai e Argentina. Entre os pilotos tupiniquins, Rodrigo Baptista foi o melhor colocado e ficou com o vice-campeonato, enquanto Raphael Reis foi o terceiro em campeonato vencido pelo espanhol Pepe Oriola. Já o veterano Adalberto Baptista ficou com a taça na subcategoria Trophy.
Por fim, Pietro Fittipaldi. O piloto brasileiro seguiu por mais um ano como reserva da Haas, mas, diferente do que aconteceu em 2020, não teve chance para assumir uma das vagas ao longo da temporada. Na transição de 24 para 25 anos, o neto de Emerson tinha um programa até interessante: participação em etapas nos ovais pela Dale Coyne na Indy, incluindo as 500 Milhas de Indianápolis, e a chance de disputar as 24 Horas de Le Mans pela russa G-Drive Racing.
A estreia na Indy 500 foi positiva, sobretudo na classificação, onde Pietro logrou o título de Novato (ou Rookie) do Ano. Mas foram somente três corridas, as duas da rodada do Texas e depois em Indianápolis. No Endurance, o brasileiro só disputou as 4 Horas de Barcelona pelo European Le Mans Series e não voltou mais ao protótipo. Destaque, porém, para um ponto alto de Fittipaldi, justamente quando substituiu Tony Kanaan no carro da Full Time na etapa de Curitiba da Stock Car. Em sua estreia na principal categoria brasileira, Pietro conseguiu um sólido oitavo lugar na corrida 2 no Paraná.
O fim do ano reservou a Pietro Fittipaldi ao menos uma garantia para 2022: a de que o piloto seguirá como suplente de Mick Schumacher e Nikita Mazepin na Haas. Quanto aos outros objetivos, como fazer uma temporada completa em outra categoria ou mesmo disputar a Indy 500 novamente, são respostas que somente os próximos meses vão entregar.
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