O top-3 formado por Sergio Pérez, Sebastian Vettel e Pierre Gasly no GP do Azerbaijão do último domingo foi, diante das circunstâncias todas, surpreendente. Algumas outras formações nos últimos 30 anos também chamaram a atenção

A temporada 2021 marcou a consolidação de um recorde na Fórmula 1: nunca antes uma outra combinação subiu tanto ao pódio quanto Lewis Hamilton, Max Verstappen e Valtteri Bottas, não necessariamente nesta ordem. Com o top-3 dos GPs do Bahrein, Portugal e Espanha, os três pilotos, juntos, alcançaram tal marca.

Até mesmo por isso, é sempre divertido e bem-vindo quando a Fórmula 1 traz no seu pódio pilotos que não vemos toda hora lá na festa do champanhe (ou do vinho frisante, como nesta temporada). Foi o que aconteceu no GP do Azerbaijão do último fim de semana.

Sergio Pérez, vencedor da empolgante corrida nas ruas de Baku, triunfou apenas pela segunda vez na Fórmula 1, a primeira pela Red Bull. Sebastian Vettel, segundo colocado, é um habitué dos pódios e já conquistou 122 taças na sua laureada carreira, mas chegar ao top-3 com a equipe Aston Martin é algo considerado improvável, assim como o terceiro lugar de Pierre Gasly, da AlphaTauri. O francês até já ganhou corrida, mas o seu pódio no Azerbaijão foi apenas o terceiro de uma carreira de 70 GPs disputados.

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A história recente da Fórmula 1, puxando de um período de 30 anos para cá, reuniu algumas outras combinações igualmente inesperadas. Quando se vai mais além no tempo, é impossível não mencionar um pódio que reuniu Olivier Panis ao lado de Gianni Morbidelli. Ou então, a dobradinha da saudosa equipe Jordan no GP da Bélgica de 1998 com Damon Hill e Ralf Schumacher e Jean Alesi, de Sauber, a completar o top-3.

Mais recentemente, ainda está na retina o pódio inacreditável formado por Gasly, Carlos Sainz e Lance Stroll no surpreendente GP da Itália do ano passado, ou então a formação da corrida que consagrou Pérez como vencedor na Fórmula 1 com o mexicano ao lado de Esteban Ocon e Lance Stroll no GP de Sakhir, em 6 de dezembro de um 2020 de grandes histórias.

A seguir, o GRANDE PREMIUM lista dez dos pódios improváveis da história recente da F1.

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GP do Canadá de 1995 – Jean Alesi, Rubens Barrichello e Eddie Irvine

PÓDIO; GP DO CANADÁ; 1995
Jean Alesi entre Rubens Barrichello e Eddie Irvine no pódio do GP do Canadá de 1995 (Foto: Ferrari)

Que bela e inesperada combinação! Jean Alesi venceu pela primeira (e única) vez na Fórmula 1 no surpreendente GP do Canadá de 1995 a bordo da Ferrari. Em era dominada por Michael Schumacher, da Benetton, e por Damon Hill, da Williams, ver um piloto vestindo o macacão vermelho no topo do pódio não era tão comum.

E mais incomum ainda foi a sequência do top-3: pela primeira vez, a Jordan emplacou seus dois pilotos num pódio na Fórmula 1. Rubens Barrichello foi o segundo colocado, enquanto seu então companheiro de equipe à época ergueu seu primeiro troféu no Mundial: Eddie Irvine.

GP da Austrália de 1995 – Damon Hill, Olivier Panis e Gianni Morbidelli

Como já mencionado acima, ver Damon Hill, com a Williams, no pódio em si não era uma novidade em meados da década de 1990. Mas o GP da Austrália de 1995, o último em Adelaide, foi estranho. Naturais candidatos à vitória ficaram pelo caminho, como Michael Schumacher, Johnny Herbert e David Coulthard. Jean Alesi e Gerhard Berger, a dupla da Ferrari, também abandonou.

PÓDIO; GP DA AUSTRÁLIA 1995;
Olivier Panis e Gianni Morbidelli fizeram companhia a Damon Hill no pódio da última corrida da F1 em Adelaide (Foto: Forix)

Em uma corrida com apenas oito carros vendo a bandeira quadriculada, Damon Hill levou a Williams para mais uma vitória na F1. Mas a sequência do pódio foi completamente inesperada, quase aleatória. Olivier Panis conquistava em Adelaide seu segundo troféu na F1. Mas, pasme, com a enorme diferença de duas voltas para o vencedor!

E o italiano Gianni Morbidelli conquistou o primeiro pódio, seu e da Footwork na F1, ao terminar em terceiro.

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GP da Bélgica de 1998 – Damon Hill, Ralf Schumacher e Jean Alesi

Duas Jordan e uma Sauber no pódio. Foi o que aconteceu no GP da Bélgica de 1998. Pela primeira e única vez na Fórmula 1, a equipe fundada por Eddie Jordan — que, depois de muitas gerações, virou Aston Martin — formou dobradinha com Damon Hill, na sua última vitória na carreira, e Ralf Schumacher.

Novamente, Hill no topo do pódio não seria uma surpresa com a Williams em meados da década, mas chamou a atenção e alegrou o mundo do esporte o seu triunfo derradeiro na F1 vestindo o macacão amarelo da Jordan.

PÓDIO; GP DA BÉLGICA; 1998
A única dobradinha da história da Jordan protagonizou o pódio em 1998 em Spa (Foto: Forix)

O GP da Bélgica daquele ano foi marcado pelo inacreditável big-one no início da prova, que aconteceu debaixo de muita chuva, pelo acidente que envolveu Michael Schumacher e David Coulthard e como o alemão partiu para cima do escocês ao ir tirar satisfações nos boxes da McLaren.

Somente quatro carros terminaram na mesma volta do vencedor: além de Ralf e Alesi, cruzaram a linha de chegada com 44 giros Heinz-Harald Frentzen, então na Williams, e Pedro Paulo Diniz, da Arrows.

GP da Europa de 1999 – Johnny Herbert, Jarno Trulli e Rubens Barrichello

Mais surpreendente ainda foi o GP da Europa de 1999, disputado em uma chuvosa Nürburgring. Ainda sem Michael Schumacher, que estava na fase final da sua recuperação depois da fratura após o acidente em Silverstone, a Ferrari tinha Eddie Irvine e Mika Salo, este substituto do alemão. Mas nenhum dos dois chegou à zona de pontuação, que naquela época premiava os seis primeiros.

Com grande atuação, Johnny Herbert levou a Stewart à primeira e única vitória na Fórmula 1. Rubens Barrichello, que chegou a namorar com o topo do pódio inédito para a equipe de Jackie e Paul Stewart, também foi ao top-3 em Nürburgring, mas em terceiro. Em segundo, cruzou a linha de chegada Jarno Trulli, a bordo da Prost empurrada por motor Peugeot.

O surpreendente pódio do GP da Europa de 1999 (Foto: Reprodução)

GP do Canadá de 2008 – Robert Kubica, Nick Heidfeld e David Coulthard

Um ano depois do pavoroso acidente no circuito Gilles Villeneuve, Robert Kubica chegou à glória com sua única vitória na Fórmula 1. O insano GP do Canadá de 2008 teve Kimi Räikkönen e Lewis Hamilton se enroscando na saída do pit-lane, batida de Fernando Alonso e Felipe Massa longe da luta pela vitória.

Kubica, que fez em 2008 sua melhor temporada na Fórmula 1, arrancou para a vitória com a BMW Sauber e chegou ao topo do pódio depois de 70 voltas. A dobradinha da fábrica bávara foi completada pelo alemão Nick Heidfeld.

E David Coulthard, numa época em que a Red Bull ainda era uma equipe do meio do pelotão, fechou o top-3. Foi apenas o terceiro pódio da escuderia consagrada anos depois como tetracampeã mundial. Kubica, com o triunfo no Canadá, assumiu outra condição improvável: a de líder do Mundial de Pilotos.

PÓDIO; GP DO CANADÁ; 2008
A dobradinha singular da BMW Sauber com Kubica no topo do pódio em Montreal (Foto: Forix)

GP da Austrália de 2009 – Jenson Button, Rubens Barrichello e Jarno Trulli

As circunstâncias tornaram o pódio da prova que abriu a temporada 2009 totalmente incomum. Não necessariamente pelos pilotos, mas sim pela equipe que fez a dobradinha. A incrível, meteórica e gloriosa história da Brawn GP no Mundial de Fórmula 1 começou oficialmente com o GP da Austrália de 2009. Depois de assombrar o mundo do esporte ao aparecer de última hora para apenas uma sessão de pré-temporada e varrer a concorrência, o cenário inacreditável se consolidou em Melbourne.

Jenson Button e Rubens Barrichello surpreenderam de novo, conquistaram a primeira fila do grid no sábado e confirmaram a dobradinha no domingo. Quase que o 1-2 da equipe então debutante na Fórmula 1 não aconteceu porque Sebastian Vettel e Robert Kubica, que estavam à frente do brasileiro, bateram quando restavam poucas voltas para o fim.

DOBRADINHA; BRAWN GP; 2009; GP DA AUSTRÁLIA;
A Brawn GP iniciou seu caminho de glória com o surpreendente pódio na Austrália (Foto: Forix)

Mas o que fica para a história mesmo é o resultado final. Button e Barrichello marcaram a primeira de quatro dobradinhas da Brawn GP, que ao fim do ano sagrou-se campeã do Mundial de Construtores e, com Jenson, ficou com o título também do Mundial de Pilotos.

GP do Brasil de 2019 – Max Verstappen, Pierre Gasly e Carlos Sainz

A última edição disputada do GP do Brasil de Fórmula 1 até agora rendeu uma corrida que entrou para a história como uma das melhores dos últimos tempos. Max Verstappen foi o grande nome da prova em Interlagos, mas uma série de acontecimentos ao longo da disputa resultou num pódio dos mais improváveis — e com dois visitantes inéditos.

Antes, já nas voltas finais da corrida, Sebastian Vettel e Charles Leclerc se tocaram no fim da Reta Oposta, abandonaram e ampliavam a crise interna na Ferrari. Depois, na relargada, Alexander Albon estava perto de fazer a ultrapassagem em cima de Lewis Hamilton, mas foi tocado pela Mercedes do britânico, rodou e perdeu qualquer chance de pódio.

CARLOS SAINZ; FÓRMULA 1; GP DO BRASIL; 2019;
Carlos Sainz fez sozinho a festa no pódio do incrível GP do Brasil de 2019 (Foto: McLaren)

A relargada veio com duas voltas para o fim. Verstappen disparou na frente para vencer, enquanto Pierre Gasly, que estava em quarto antes da confusão com Hamilton e Albon, subiu para segundo. O francês resistiu à forte pressão de Lewis e levou a Toro Rosso ao seu terceiro pódio na Fórmula 1, o primeiro da sua ainda curta carreira no Mundial, ao cruzar a linha de chegada em segundo.

Lewis fechou em terceiro, mas foi punido em 5s por ter causado a colisão com Albon. Assim, Carlos Sainz, que terminou na pista a prova em quarto, herdou uma posição e conquistou um pódio histórico com a McLaren, que no Brasil quebrou um longo jejum: a equipe de Woking não visitava o top-3 desde o GP da Austrália de 2014, quando subiu ao pódio com Kevin Magnussen e Jenson Button.

A punição a Hamilton só saiu depois da cerimônia de premiação. Assim, a McLaren organizou uma festa improvisada e muito bonita para comemorar a conquista de Sainz no Brasil. Foi um dos momentos memoráveis de 2019.

GP da Itália de 2020 – Pierre Gasly, Carlos Sainz e Lance Stroll

A temporada 2020 da Fórmula 1 foi repleta de grandes histórias, grandes corridas e alguns desfechos memoráveis. Como foi o inesquecível GP da Itália daquele ano. Monza, ainda sem a presença dos fanáticos tifosi nas arquibancadas — em razão da pandemia —, foi palco de uma surpreendente corrida.

Com uma Red Bull muito atrás e Valtteri Bottas mal no fim de semana, a corrida tinha Lewis Hamilton como claro favorito. Logo atrás, vinham as McLaren de Carlos Sainz e Lando Norris. Só que, depois da quebra da Haas de Kevin Magnussen, a direção de prova acionou o safety-car. Lewis foi chamado para fazer o pit-stop, mas a entrada não estava autorizada. Punição à vista para o britânico.

PÓDIO; GP DA ITÁLIA; 2020;
O inacreditável pódio do GP da Itália de 2020 (Foto: Forix/LAT Photo)

Logo depois, Charles Leclerc bateu muito forte na curva Parabolica e forçou a interrupção da corrida. A ordem da prova era Hamilton, Lance Stroll, Pierre Gasly, Kimi Räikkönen, Sainz e Norris.

Só que, logo depois da relargada, Gasly passou a Racing Point de Stroll. Depois, Hamilton cumpriu a punição de 10s e despencou para o fim do grid. O francês assumiu a liderança, enquanto Sainz abriu caminho ao superar Stroll, Räikkönen e Giovinazzi, que fizeram seus pit-stops.

As últimas voltas foram eletrizantes com Sainz com a pressão ao máximo em cima de Gasly, mas o piloto da AlphaTauri soube impor ritmo bom o bastante para se defender, manter a ponta e alcançar uma vitória redentora e histórica, a primeira dele na Fórmula 1.

GP de Sakhir de 2020 – Sergio Pérez, Esteban Ocon e Lance Stroll

A inacreditável corrida realizada no anel externo de Sakhir, penúltima etapa da temporada passada, também ainda está na retina e reuniu um pódio inimaginável. A prova, empolgante do início ao fim de 87 voltas, teve Sergio Pérez como vencedor pela primeira vez na Fórmula 1. O mexicano viu a prova quase perdida ao ser envolvido num acidente na primeira volta por Charles Leclerc, que abandonou junto com Max Verstappen.

GP DE SAKHIR; 2020; PÓDIO;
O GP de Sakhir marcou a primeira vitória de Pérez e o primeiro pódio e Ocon (Foto: Forix/LAT Photo)

Pérez caiu para último e, desde então, escalou o pelotão com grandes ultrapassagens e uma postura marcante para caracterizar a grande temporada que fez no ano passado.

O mexicano teve grande atuação e também contou com a sorte para ver a vitória cair no colo depois que George Russell, substituto de Lewis Hamilton em Sakhir e grande estrela da corrida, ter sido chamado pela Mercedes para ir aos boxes após sofrer com um pneu furado nas voltas finais, quando ameaçava a liderança do mexicano.

Esteban Ocon, com a Renault, conquistou o primeiro pódio da carreira ao terminar na segunda colocação, enquanto Stroll fechou uma jornada espetacular da Racing Point em terceiro lugar. Foi uma noite histórica para a Fórmula 1.

GP do Azerbaijão de 2021 – Sergio Pérez, Sebastian Vettel e Pierre Gasly

Ah, Baku! Quase sempre rendendo grandes corridas e fortes emoções aos amantes do esporte a motor. A corrida deste último domingo foi definida pelo furo do pneu inesperado com Max Verstappen nas voltas finais e, na relargada, a dois giros para o fim, com o erro de Lewis Hamilton na frenagem na curva 1.

Sergio Pérez estava no lugar certo e na hora certa. O mexicano fez uma grande atuação e estava em segundo no momento em que Verstappen perdeu o controle da sua Red Bull e bateu. Na relargada, chegou a perder a liderança para Hamilton, mas retomou depois da falha do heptacampeão. E partiu para sua primeira vitória com a Red Bull.

Vettel no pódio não é incomum, claro, mas foi o seu primeiro top-3 com a Aston Martin. Uma grande conquista para a equipe de Silverstone e para o tetracampeão, que precisava de um resultado de tal envergadura depois dos anos de calvário com a Ferrari na Fórmula 1.

O pódio incrível em Baku foi completado por Pierre Gasly, que despontou até com chances de lutar por pole no sábado e foi outro piloto que esteve no lugar certo e na hora certa na corrida. Além disso, o francês foi muito valente no duelo com Charles Leclerc nos instantes finais da prova. Um pódio inédito que coroou uma corrida memorável no Azerbaijão.

PÓDIO; GP DO AZERBAIJÃO; FÓRMULA 1;
O improvável e agradável pódio do GP do Azerbaijão de F1 (Foto: Maxim Shemetov/Red Bull Content Pool/Getty Images)

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