Mesmo com contrato válido para o próximo ano, Marc Márquez vai deixar a Honda ao fim da temporada 2023. Insatisfeito com a performance da RC213V, o espanhol buscar alternativas para recobrar a competitividade forma imediata

Marc Márquez e Honda estão a um passo do divórcio. Mesmo com contrato válido até o fim de 2024, o espanhol negociou para sair antes, já que busca um caminho mais curto rumo à competitividade.

O processo de separação, porém, não começou agora. A raiz do problema é mais antiga. Por isso, o GRANDE PREMIUM listou dez razões que levaram ao fim precoce de uma parceria tão vitoriosa.

Drama médico: o início da crise

O caos começou em 19 de julho de 2020. Naquele GP da Espanha, que era a primeira etapa de uma temporada atrasada pela pandemia de Covid-19, Marc Márquez caiu na curva 3 de Jerez de la Frontera, acabou atingido no braço direito pela própria moto e fraturou o úmero.

Marc Márquez vai deixar a Honda no fim do ano (Foto: Repsol)

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O que se viu, depois, porém, foi o que resultou em três anos de um piloto outrora dominante preso no limbo.

Erro fatal: a imprudência do retorno

Dois dias após a fratura, Marc foi operado em Barcelona pelo Dr. Xavier Mir. Ainda no hospital, começou a fazer flexões, testando a forma física para poder disputar o GP da Andaluzia, programado para dias depois. O #93 se submeteu a todo o teste físico necessário, foi aprovado, mas acabou desistindo de correr.

13 dias após a cirurgia, voltou a ser operado, já que danificou a placa de titânio introduzida na primeira intervenção por causa do excesso de esforço de tentar retornar à competição.

Mas essa, tampouco, seria a última cirurgia. Em 3 de dezembro, uma terceira operação, agora conduzida por uma nova equipe médica, foi realizada, já que o osso não calcificava. A intervenção durou 8h e, dias depois, a Honda anunciou que os médicos identificaram uma infecção no osso, o que resultou em semanas usando antibióticos.

Ainda assim, o irmão de Álex pôde voltar a correr, o que aconteceu apenas em abril de 2021. Dois meses depois, o piloto de Cervera conseguiu a primeira vitória pós-lesão, justamente no circuito de Sachsenring, um traçado anti-horário onde ele sempre foi dominante.

461 dias depois da lesão, em 24 de outubro de 2021, Márquez vendeu o GP de San Marino, na horária pista de Misano. Na época, chegou a comemorar fazendo uma referência ao braço lesionado.

Só que o caos não tinha acabado. Dias depois, uma queda em um treino de enduro trouxe de volta um problema de visão, que tirou o #93 das corridas do Algarve e de Valência.

Com a virada do ano, Marc voltou liberado para competir, mas, em março, uma queda no warm-up da Indonésia resultou em concussão e no posterior diagnóstico de mais um episódio de diplopia.

Melhor de 4: a última cirurgia

O filho de Roser e Julià voltou às pistas no início de abril, mas, no fim de maio, anunciou que seria submetido a uma quarta operação, desta vez nos Estados Unidos, na famosa Clinica Mayo. A esperança era sanar de vez os problemas no braço direito.

2019 foi o último título de Marc Márquez na MotoGP (Foto: Repsol)

684 dias após a fratura, Marc passou por uma osteotomia, que é um seccionamento cirúrgico do osso. Ou seja, quase como se tivesse voltado ao ponto inicial.

Marc não escondeu, todavia, que o objetivo era salvar a carreira. O hexacampeão da MotoGP assumiu que o avô tinha lhe pedido para se aposentar, mas encarou a cirurgia como última tentativa.

Visita na Áustria: Marc Márquez põe pressão na Honda

Enquanto se recuperava da cirurgia, Marc fez uma visita à equipe no Red Bull Ring. O objetivo era claro: ver como as coisas caminhavam e pressionar a Honda por melhorias em uma RC213V que vinha perdendo mais e mais força.

Naquele dia, como ficou registrado no documentárioMarc Márquez: All In’, Marc quis mostrar o braço forrado de cicatrizes e mandar uma mensagem: esse é o meu esforço. Qual é o de vocês?

A parte dele estava feita: a recuperação física caminhava nos conformes, mas agora era vez de a Honda, enfim, colocar a RC213V de volta aos trilhos. A pressão era justamente por isso.

Mais azar: a fratura de 2023

Só que Marc ainda não estava livre dos médicos. Após anos e anos de problemas, o rapaz de Cerveira começou o ano plenamente em forma, confiante de que poderia, enfim, esquecer os problemas físicos do passado.

Mas isso durou apenas até o GP de Portugal, a primeira etapa do ano. Uma queda resultou em uma fratura no metacarpo da mão direita, que levou a uma cirurgia na mão.

Prova cabal: a performance da Honda ficou no passado

Desde que chegou à MotoGP, correndo sempre com a Honda, Márquez fez da RC213V uma moto dominante. Mas, diferente do que é a Ducati atual, não dá para dizer que a moto japonesa era a melhor do grid.

E, na ausência dele, os resultados foram sumindo mais e mais. Em 2020, defendida por Stefan Bradl e Álex Márquez, a Honda foi a penúltima colocada no Mundial de Construtores, com 77 a menos que a campeã Ducati. E sem poles ou vitórias.

Marc Márquez queda no warm up da Alemanha
GP da Alemanha foi um marco nas dificuldades de Marc Márquez com a Honda (Foto: reprodução/MotoGP)

No ano seguinte, a Honda foi a quarta na tabela, 143 pontos atrás da Ducati, a campeã. 2021 viu uma pole de Pol Espargaró — no GP da Grã-Bretanha — e três vitórias, todas com Marc: Alemanha, Américas e Emília-Romanha.

Ano passado, a Honda somou 293 pontos a menos do que a Ducati e ficou com a lanterna do Mundial de Construtores, com uma pole de Marc no Japão e nenhuma vitória.

Neste ano, a Honda duela com a Yamaha para fugir da lanterna. Por enquanto, é a quarta colocada, já com 348 pontos de atraso para a líder Ducati. Marc começou o ano com uma pole em Portugal, mas a única vitória foi alcançada por Álex Rins, no GP das Américas.

A crise é tamanha que a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, busca alternativas pare beneficiar as duas gigantes japonesas com concessões, algo que, pelo regulamento atual da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), nenhuma das duas tem direto.

Um chora. O outro sorri: o irmão na Ducati da Gresini

O futuro de Marc Márquez ainda não foi anunciado oficialmente, mas o destino deve ser a Gresini — única equipe, fora a Honda, claro, que ainda tem vaga em aberto para 2024. Ou seja, Marc está abandonando o status de piloto de fábrica para defender um time satélite.

Mas se a mudança representa um rebaixamento em termos de status, é também um gigante passo em termos competitivos. Afinal, a equipe de Nadia Padovani conta com uma Ducati, que nem é a versão mais nova, mas que tem um desempenho bom o bastante para desafiar por poles, pódios e vitórias.

Só que, além de poder observar na pista o quão melhor é a Desmosedici, Marc ainda tem uma referência de peso em casa: o irmão Álex. O caçula de Roser e Julià chegou à MotoGP correndo com a Honda, mas subiu na Ducati no início do ano e, desde então, sorri adoidado.

Álex sabe onde, como e no que a Ducati é melhor. E serve de parâmetro para o irmão.

Momentos de desespero: as etapas de Alemanha e Holanda

Sachsenring sempre foi um território de Marc Márquez. Mas a prova desde ano foi caótica. O #93 caiu seis vezes ao longo do fim de semana. O tombo decisivo veio no warm-up e culminou com a decisão de se retirar do GP da Alemanha, já que tinha fratura em um dos dedos da mão esquerda, vários hematomas, uma costela fraturada e uma lesão no tornozelo.

Na semana seguinte, na Holanda, o drama persistiu. Mas, diferente do que aconteceu na Alemanha, desta vez os médicos tomaram a frente e optaram por barrar Marc da corrida, alegando piora na fratura da costela.

Teste de Misano: o primeiro contato com a moto de 2024

Marc Márquez não ficou satisfeito com a evolução da Honda para 2024 (Foto: Divulgação/MotoGP)

Apesar do cenário tumultuado, Misano era a ‘última fronteira’. Se notasse avanço na RC213V, então o contrato poderia ser cumprido sem maiores problemas. Do contrário, a papelada do divórcio começaria a correr.

E o teste foi decepcionante. Ainda na metade da atividade, Marc falou com a imprensa e anunciou que a moto não tinha conseguido a melhora necessária. Foi ali que ele declarou pela primeira vez que tinha planos A, B e C para o futuro. Ou seja, opções demais para quem planeja cumprir contrato.

Olho no olho: reunião no Japão

Ainda em Misano, Márquez deixou claro que tomaria a decisão entre os GPs da Índia e do Japão, duas etapas que, aliás, foram bem melhores para a Honda.

Mas Motegi, uma pista de propriedade da marca da asa dourada, recebeu também uma reunião entre o piloto e os executivos. É verdade que a Honda tentou mudanças, como trocar o diretor-técnico, mas era tarde demais.

Sem perspectivas de retomar a competitividade em curto prazo, Márquez decidiu partir. O espanhol deixou claro que quer buscar resultados, mas agora sente que tem de fazer isso em outro endereço.

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