Hamilton faz o melhor tempo da classificação no GP da Turquia, mas uma punição não lhe dá a pole - em uma das grandes polêmicas do regulamento atual da categoria

Neste sábado (9), após a classificação do GP da Turquia de 2021, o totem com o número um no autódromo de Istanbul Park foi ocupado por Lewis Hamilton. Porém, não será o piloto da Mercedes que largará da primeira posição amanhã, na corrida. Tudo culpa do regulamento da Fórmula 1.

Já há alguns anos, quem efetua mudanças na unidade de potência para além do permitido para a temporada é obrigado a cumprir punições no grid de largada seguinte. É o caso de Hamilton: o #44 teve o motor à combustão trocado pelo time.

Não se gasta mais do que um minuto para olhar na internet e encontrar inúmeros comentários condenando esse regulamento. Muitos, inclusive, comparam com o passado, dizendo que a F1 está chata. O fato é que, lá em Istanbul, ficou aquele clima de festa que deu errado .

Mas, em relação ao regulamento, é possível dizer que ele está errado e certo, tudo ao mesmo tempo.

O P1 do sábado não será o pole do domingo (Crédito: reprodução / Twitter / Mercedes)

Para começar: não estamos mais em 1970, nem em 1980, muito menos em 1990. O mundo mudou. Precisamos ser mais comedidos com custos, nivelar as disputas e, principalmente, sermos sustentáveis.

Limitar a troca de componentes das unidades de potência – cada carro pode usar três dos componentes principais por temporada – é para tudo isso. O primeiro objetivo é, claro, financeiro e esportivo: se não houver limite, quem tem mais dinheiro vai ter quantos motores quiser, podendo tirar o máximo deles o tempo todo e acabando com qualquer competitividade, além de deixar os gastos nas alturas.

Sim, se você está gostando da boa disputa de 2021, em parte é por causa desse limite.

Agora, não podemos deixar de lado a questão ambiental. Quando se obriga os motores a durarem mais, também diminui-se o lixo gerado, consumo de componentes e muito mais. Sem falar que são aprendizados que vão ter impacto nos futuros carros esportivos das marcas e, no fim do túnel, vão chegar no seu carrinho 1.0.

Afinal, o mundo está sofrendo muito com os danos que causamos a ele pela poluição e pelo lixo. E se você não concorda com isso, é negacionista.

Ok, e qual é o problema?

A situação regulamentar tem um twist quando pensamos que as equipes de F1 sempre estão para além do limite. Tudo é feito tanto no máximo possível que ultrapassar essa linha tênue é comum, ainda mais quando se luta pelo título em um ano tão disputado quanto este.

Resultado? Se o carro pode usar três componentes, acaba precisando de quatro.

Bottas foi o segundo na classificação turca, mas será o pole do GP (Crédito: divulgação / Twitter / Mercedes)

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“Há, é só aumentar pra quatro, então!”, você deve estar pensando. Não é tão simples: a F1 já teve limites maiores para essas trocas e, mesmo assim, acabava sendo ultrapassado. Porque andar além do limite é isso: se podem quatro, vão chegar nas cinco. Se pode cinco, vão usar seis…

O problema talvez seja a punição. Penalizar trocas nas unidades de potência com posições no grid tem o objetivo de desencorajar essas atitudes, fazendo valer mais a pena que o piloto e a equipe economizem seu carro em vez de gastar tudo para se dar bem mesmo com o pênalti.

Só que a forma como é feita hoje é artificial, atrapalhando o resultando que os espectadores veem nas pistas. Causa não só essa situação estranha vista na Turquia, mas leva o público a reprovar um regulamento que, sim, é relevante para o esporte e para o mundo.

A Fórmula 1 tem algumas das maiores mentes da engenharia do mundo, por isso já passou da hora de pensar em outras alternativas para penalizar trocas nos carros influenciando os acontecimentos da pista antes deles acontecerem, e não mudando o que já aconteceu – como tirar a pole de um piloto.

Analisando sem ser engenheiro e daqui, de longe, faria mais sentido algo como lastros nos carros. Algumas categorias já utilizaram isso para, artificialmente, diminuir diferenças entre adversários. Chegaram, em alguns momentos, a cogitar algo assim na categoria máxima do automobilismo mundial, mas nunca foi para frente.

Porém, poderiam fazer algo diferente. Cada troca levaria a alguns quilos a mais no monoposto. “Quer trocar a unidade de potência? Ok. Então toma aqui 15kg a mais”, ou algo assim. O peso, claro, aumenta a cada mudança além da regulamentar.

Tal atitude não só continuaria desencorajando essas trocas, mas teria impacto mais sutil no que os espectadores estão assistindo. Até mais do que isso: daria a chance para o piloto habilidoso, de alguma forma, tentar no braço superar parte dessa penalização – só tem que tomar cuidado para não premiar quem deveria ser punido.

Isso, repito, vendo de longe. Podem existir outras alternativas. O que a FIA e o Liberty Media precisam perceber é que ninguém gosta de ver um esportista cravando e não levando. É um anticlimax – e o único ponto negativo de uma ação importantíssima para o esporte e para o mundo.

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