Figura conhecida no iatismo como atleta olímpico e duas vezes campeão mundial e famoso também no ramo de eventos, Alan Adler é o novo nome da Fórmula 1 no Brasil e tem a missão de promover o novo GP de São Paulo. O primeiro desafio é enorme: fazer a corrida acontecer ainda em meio aos tempos incertos pela pandemia

Desde 1989, quando Interlagos voltou a ser palco do Mundial de Fórmula 1 no Brasil, Tamas Rohonyi foi o responsável pela promoção do evento em solo nacional. Húngaro de nascimento, o engenheiro de formação fez história na categoria ao romper a chamada ‘cortina de ferro’ e levar a F1 ao seu país-natal ao lado do então todo-poderoso Bernie Ecclestone e, com o apoio do lendário dirigente britânico, assumiu a gestão do GP do Brasil no fim dos anos 1980, quando a categoria voltou a correr em Interlagos. Mas o fim da ‘era Ecclestone’, em 2017, e o término de um longo contrato vigente da Fórmula 1 com São Paulo, em 2020, também representaram tempos incertos sobre a continuidade do Mundial no país.

O avanço devastador da pandemia no Brasil impediu que a Fórmula 1 aportasse em São Paulo no ano passado. Ao mesmo tempo, também havia em curso a tentativa de levar o Mundial de volta ao Rio de Janeiro, palco da categoria em 1978 e entre 1980 e 1988, mas com um plano pra lá de duvidoso da obscura Rio Motorsports. Um acordo de exclusividade com a chefia da F1, liderada pelo então presidente Chase Carey, chegou a ser assinado, mas havia um ‘pequeno detalhe’: não existia autódromo, e o projeto de Deodoro, que previa o desmatamento de boa parte da Floresta do Camboatá, era inaceitável.

A mudança na cúpula da F1, com a chegada de Stefano Domenicali como novo presidente e CEO da categoria no lugar de Carey, mudou novamente a situação da F1 no Brasil. O italiano fez cair por terra qualquer ligação com a Rio Motorsports e iniciou as tratativas para celebrar um novo contrato com São Paulo. Foi aí que entrou em cena um nome novo no ambiente da Fórmula 1: Alan Adler.

Carioca de 57 anos, Adler vem de uma família vitoriosa na vela. O pai, Harry, nascido em Salvador, disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, na classe Star. E o irmão, Daniel Adler, ganhou a medalha de prata 20 anos depois, em Los Angeles, ao lado do lendário Torben Grael e de Ronaldo Senfft na classe Soling. Atleta olímpico como o pai e o irmão, Alan foi também duas vezes campeão mundial: da classe Star, em 1989, e da J24, em 2006.

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PREMIUM, Alan lembra a trajetória no iatismo como atleta olímpico e como campeão mundial duas vezes.

ALAN ADLER; VELEJADOR; BRASIL 1; VOLVO OCEAN RACE;
Alan Adler nos seus tempos de velejador com o barco Brasil 1 (Foto: Luiz Doroneto/adorofoto)

“Sempre fui muito ligado aos esportes de maneira geral. No ano que nasci, 1964, meu pai participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio, também na vela. Meu irmão também é esportista, foi comigo em 1984, 1988, 1992, ganhou a medalha de prata com o Torben Grael em 1984. Meu pai ganhou medalha de bronze no Pan-Americano de 1963 em São Paulo, na Represa Guarapiranga. 20 anos depois, em 1983, em Caracas, meu irmão ganhou medalha de ouro com o Torben. E 20 anos depois, na classe J24, ganhei a medalha de prata [no Pan de Santo Domingo]. Ou seja, de 20 em 20 anos alguém da família ganha uma medalha diferente”, conta.

Mas além do iatismo, Adler trabalhava em uma empresa da família, a Forjas Brasileiras, localizada no Rio de Janeiro. Graduado em Economia e com MBA em Finanças, Alan teve na sua atividade profissional seu primeiro contato com o universo dos carros. “Era uma forjaria, fornecia biela para motor e todas as peças da caixa de marcha, suspensão… Durante 14 anos, tive diariamente uma conexão com a indústria automobilística, com as maiores montadoras do Brasil. Em 2002, chegou o momento em que a gente resolveu profissionalizar a gestão e tive pela primeira vez tempo para me dedicar a outra atividade. Foi quando fui para o conselho da empresa”.

O esporte dos mares sempre foi uma paixão para Adler, que em 2003 iniciou um projeto ambicioso: levar um barco brasileiro para a Volvo Ocean Race, a famosa regata de volta ao mundo. Foi naquele momento em que Alan iniciou, ainda como atleta, seu caminho como profissional do marketing esportivo.

“Abri uma empresa chamada Vela Brasil para me dedicar a construir um grande projeto de vela, que era, inicialmente, fazer uma America’s Cup pelo Brasil. Só que o orçamento [para fazer a prova] era de US$ 20 milhões, isso em valores de 2002. Fui conversar com a Globo, com várias pessoas que conhecia, até que uma delas era o Leonardo Gryner, diretor de esportes da Globo, que depois foi trabalhar com o [Carlos Arthur] Nuzman lá no COB [Comitê Olímpico do Brasil]. Ele me apresentou uma pessoa que cuidava de marketing esportivo, fiz essa empresa e, já em 2004, conseguimos colocar de pé um dos maiores projetos esportivos do Brasil, que foi o barco brasileiro que participou da Volvo Ocean Race em 2005 e 2006. Aí começou minha trajetória no setor onde estou hoje”, explica.

A expertise com o sucesso com o projeto Brasil 1 tornou Alan Adler conhecido no meio do marketing: “Fizemos 18 vezes o Jornal Nacional ao longo da competição. E, dali, comecei a expandir: comecei a fazer música, trouxe o show do The Police em 2007, com 74 mil pessoas no Maracanã; depois, comecei a fazer golfe, eventos PGA; skate, Megarrampa, com o Bob Burnquist, no Anhembi; Travessia dos Fortes, em Copacabana; trouxemos a NBA para o Brasil; em 2010, o UFC, no Rio de Janeiro…”, enumera.

“Vendi, no fim de 2011, minha empresa para a joint-venture formada entre Eike Batista e a grande IMG, que era a maior empresa do setor, virou a IMX. Me convidaram para assumir o negócio. Fiquei dois anos com o Eike, até ele quebrar, em 2014. Fizemos coisas incríveis: compramos 50% do Rock in Rio; fizemos a joint-venture com o Cirque du Soleil; compramos o Rio Open, que até hoje está aí, maravilhoso… Representamos Neymar, Gabriel Medina, Thiago Silva; fizemos a hospitalidade do futebol no Maracanã, no Beira-Rio, enfim. Construímos uma empresa bem legal. Em 2014, com a quebra do Eike, a Mubadala, fundo de investimentos de Abu Dhabi, que tinha um crédito com o Eike de US$ 2 bilhões, ficou com vários ativos. Aí, da IMX, tiramos o X e ficou IMM [com o último M de Mubadala]”, descreve.

A IMM é a responsável por promover eventos importantes do esporte e do entretenimento no Brasil como o Rio Open de Tênis, Cirque du Soleil, São Paulo Fashion Week, São Paulo Oktoberfest e os musicais da Broadway no país.

Mas foi no fim do ano passado que surgiu a chance de Adler abraçar um dos eventos mais importantes e cobiçados por aqui: a etapa brasileira do Mundial de Fórmula 1.

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Fórmula 1 no Rio era “ideia maluca e descabida”

Alan Adler conta como as portas da Fórmula 1 se abriram. E aí, três pessoas foram fundamentais para que o Liberty Media assinasse um novo contrato com São Paulo, válido por cinco anos: Bruno Covas, prefeito de São Paulo à época — Covas morreu vítima de câncer em maio deste ano —, Tamas Rohonyi e Stefano Domenicali.

“Como a gente tinha uma plataforma de eventos importantes, recorrentes, muitos deles em São Paulo, fui conversar com a Prefeitura para falar de novas oportunidades para São Paulo. Isso na época da gestão do Bruno. E aí conheci o secretário de Turismo na época, Orlando Faria. Numa dessas conversas, surgiu a Fórmula 1. E justamente o que estava acontecendo com a renovação da Fórmula 1, que o processo estava meio diferente, estava difícil de tracionar a negociação. Aí descobri que eles estavam de acordo com o Rio de Janeiro, já havia um acordo de exclusividade. Fui conversar com o Tamas, ver se ele me ajudava nesse processo, e ele se colocou totalmente à disposição”, diz.

“Ele já estava pensando em se aposentar, já estava há 40 anos [na F1]. Chegamos a um acordo com o Tamas, realmente uma parceria, a gente teve esse apoio de poder entender esse negócio e conversar com a prefeitura e a Fórmula 1. E aí, em novembro do ano passado, tivemos a boa notícia, que foi o Stefano Domenlicali entrando como CEO. Uma das primeiras reuniões que ele fez com o acionista, a Liberty Media, foi justamente a tomada da decisão de ir para São Paulo e esquecer aquela ideia maluca e descabida, pelos motivos que todos nós sabemos, de ir para o Rio de Janeiro”, recorda Adler.

JOÃO DORIA; ALAN ADLER; SÃO PAULO; IMM;
Alan Adler em reunião com o governador de São Paulo, João Doria (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

“E aí a gente conseguiu, num prazo muito apertado para todo — porque tinha de colocar São Paulo no calendário antes de fechar o ano —, assinar os contratos todos no fim do ano passado. Em janeiro, começamos de fato a trabalhar na operação do GP de São Paulo, que agora assim é chamado”, complementa.

Adler ressalta que a organização do novo GP de São Paulo é feita por uma empresa à parte, a MC Brazil Motorsports. “Sigo à frente da IMM, mas a Fórmula 1 é uma organização que não se mistura em nada com a IMM. A IMM é a minha história, mas a F1 é totalmente à parte, escritório à parte, tudo à parte”, explica.

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Os ensinamentos de Tamas, a “Fórmula 1 em pessoa”

Diante de Tamas Rohonyi e do seu enorme conhecimento sobre o universo da Fórmula 1 como um todo, Alan Adler é ainda um novato na matéria. O promotor do novo GP de São Paulo tratou de aprender tudo o que foi possível com o húngaro e toda a sua bagagem na organização do evento mais importante do esporte a motor no Brasil.

“O Tamas é a Fórmula 1 em pessoa, né? Tem uma propriedade, um conhecimento, já passou por tudo o que se possa imaginar em termos de organização de Fórmula 1. Então, minha conversa com ele sempre foi muito mais na avaliação de riscos que a gente se envolve do que qualquer outra coisa. ‘Quais são os riscos? Quais nossos grandes desafios para entregar uma grande organização da Fórmula 1?’”.

“O Tamas, com a experiência que ele tem, sempre conseguiu me passar tudo sobre o evento: é um evento muito grande, você tem a FIA, a FOM, as equipes, a prefeitura, você tem o público, o próprio governo do estado, governo federal e o promotor. Então, se você olhar para todos esses encoders, tem de saber administrar todos eles para que, no fim, todo mundo fique feliz, satisfeito e dê tudo certo”, diz.

JOÃO DORIA; TAMAS ROHONYI;
João Doria ao lado de Tamas Rohonyi, que promoveu o GP do Brasil por 30 anos (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

“O Tamas sempre falou que é muito importante estar muito junto das autoridades. A gente não consegue fazer uma Fórmula 1 sem o apoio incondicional da prefeitura, do governo, de todas as autarquias, da Polícia Militar, Polícia Civil, Procon, Receita Federal… Acho que o maior ensinamento do Tamas é esse, trabalhar em sintonia e em harmonia com apoio total de todos os entes públicos, do contrário não é possível realizar um evento dessa grandeza”, complementa o promotor.

Adler: “O GP de São Paulo está confirmado e vai acontecer”

Mesmo com o avanço da vacinação no mundo como um todo, a pandemia ainda está longe de acabar. Prova viva disso é a nova ameaça, chamada variante Delta, uma das razões para o mais recente cancelamento no calendário da Fórmula 1, o GP da Austrália, oficialmente limado do cronograma da temporada 2021 na última terça-feira, 6 de julho.

O Brasil, que registrou seu décimo dia seguido de queda em média móvel de óbitos em razão da pandemia, ainda registra números muito altos, em que pese a vacinação já apresentar efeitos claros. Na última terça-feira, foram 1.787 vidas perdidas por Covid-19.

O cenário trágico no Brasil é acompanhado por todo o mundo. O governo do Reino Unido, onde estão sediadas sete das dez equipes do grid (Mercedes, Red Bull, Aston Martin, Alpine, Williams, McLaren e Haas), coloca o país na lista vermelha de restrições sobre viagens.

ALAN ADLER; SÃO PAULO; IMM;
Alan Adler aposta no avanço da pandemia para que o GP de São Paulo de Fórmula 1 seja realizado em 2021 (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Segundo determinações locais, cada pessoa que viajar a um dos países incluídos nesta lista terá de, antes de viajar de volta para o Reino Unido, fazer um teste de Covid-19 e apresentar resultado negativo antes do embarque, preencher formulário da localização do passageiro e, ao chegar, se hospedar em um hotel administrado pelo governo por dez dias. Só depois de outros dois testes RT-PCR feitos, sendo os dois com resultado negativo, é que a pessoa será liberada para voltar para casa.

Sendo assim, o cenário atual desenha risco de o GP de São Paulo não acontecer. A organização do evento, inclusive, fez uma ressalva nos comunicados sobre a venda dos ingressos para 2021 e reforçou que, em caso de um eventual cancelamento, os tickets terão validade automática para a prova do ano que vem.

Mas Adler aposta na realização do GP de São Paulo e mantém sua fé no avanço da vacinação para que a corrida aconteça na data prevista, 7 de novembro.

“O evento está confirmado. Vai acontecer. Não existe uma data-limite para confirmar porque ele já está confirmado, ele está no calendário. A Fórmula 1 vai vir para São Paulo neste ano”, garante.

O empresário dá detalhes sobre a quantidade vendida de ingressos, já esgotados por ora, mas confia que o evento pode até ter casa cheia. “A gente trabalha, lá no autódromo, com uma capacidade de até 70 mil lugares. A gente tem de se planejar. Tudo é planejamento. A gente assumiu algumas premissas. E a gente resolveu seguir a premissa de trabalhar em torno de 40 mil pessoas no autódromo. A gente espera isso e espera, com toda certeza, que vamos ter a condição de fazer um evento normal, com capacidade normal, que é o que tem de ser. A partir do momento em que você faz um evento seguro, e o que estamos propondo é um evento seguro, não tem por que você ter 40 mil pessoas quando você pode ter mais. Mas hoje estamos trabalhando com 40 mil pessoas”.

“A gente hoje, praticamente, vendeu em torno de 70% dessa capacidade para o público em geral. Porque, quando você faz essa venda pela internet, você limita a venda para até cinco ingressos por CPF, mas tem muitas vendas que são feitas para grupos, agências, parceiros comerciais. Então, pelas reservas feitas por esses grupos todos, tivemos de interromper as vendas porque já chegamos ao limite. A gente não fala em números específicos, estou te dando uma ordem de grandeza do que foi comercializado”, afirma.

“Há uma demanda reprimida doida. A saudade que o público tem de estar em um evento, como a Fórmula 1, que não teve no ano passado, é enorme. Então, a demanda, a expectativa, é muito grande, e a gente espera atender a todo mundo que não conseguiu comprar os ingressos. É o nosso desejo, certeza que vai ser possível, e se olhar para o que está acontecendo em outros lugares, onde a vacinação está um pouco ou mais avançada, você vê realmente os números caindo de forma muito rápida, drástica. Então, tenho certeza que a gente vai ter condições, se Deus quiser, se a pandemia permitir, de abrir mais vendas”, acrescenta.

Confiante, Adler acredita que o GP de São Paulo poderá representar uma espécie de volta à normalidade no Brasil em tempos ainda pandêmicos.

“Acho que vai ser o evento do símbolo da retomada. Não chamo de evento-laboratório, não. É um evento de abertura. Estamos confiantes, sim, de que vai ser um evento normal, de retomada. Vai ser bonito. Você viu hoje o jogo [Inglaterra x Alemanha, realizado no dia da entrevista]? Coisa linda, aquele estádio… Wembley cheio! Wimbledon cheio! Estou sonhando em ver o autódromo de Interlagos com todo mundo, em segurança, porque vai ser um ambiente seguro. Vamos criar um ambiente seguro. Vai ser um evento seguro. E a gente acredita num evento normal. Vamos só aguardar um pouquinho, as coisas estão acontecendo, a vacinação [está avançando]”, observou.

Os contatos da organização do GP de São Paulo com o Liberty Media, a empresa gestora da Fórmula 1, têm sido semanais, e evidentemente o assunto pandemia é abordado. Novamente, Adler frisa a vacinação como fator primordial para que o Brasil tenha um cenário mais seguro no fim do ano e que seja capaz de receber o evento do Mundial.

“O que a gente colocou de rotina [nessas conversas semanais] é ir suprindo as informações sobre a pandemia no Brasil e na cidade de São Paulo. Baseado nas informações que a gente tem passado e nas expectativas de vacinação, estamos otimistas e confortáveis de que o Brasil não vai estar numa situação de lista vermelha. A gente está falando que hoje, em São Paulo, 53% da população da cidade já tomou a primeira dose [da vacina contra Covid-19]. Se você fizer um exercício, a gente vai chegar em novembro praticamente com 100% com a primeira dose, e diria que 80% das pessoas acima de 25 anos já vai ter tomado a segunda dose”, projeta.

“Eles estão acompanhando a situação na pandemia no mundo todo e estão seguros que o governador e o prefeito deram as garantias que esse programa de vacinação vai acontecer. Lógico, tem de atender ao cronograma nacional, ao plano nacional de vacinação, mas, com todas as doses que estão confirmadas hoje, posso dizer que esse cronograma vai acontecer”, diz Adler.

“O que a gente tem de fazer é cumprir com essas exigências. A Fórmula 1 trabalha numa bolha, realiza milhares de testes e tem um número baixíssimo (de resultados positivos para Covid). O que eles pediram foi só para que as autoridades daqui colaborassem com isso. É uma colaboração no sentido de acompanhamento no aeroporto, na chegada ao hotel, coisas fáceis de a gente dar todo o apoio para fazer com que essa bolha deles esteja protegida. Se essa bolha funcionar, não haverá problemas com o governo da Inglaterra”, confia o promotor.

Ministério Público e Câmara de olho no contrato

Parêntese para uma grande questão que envolve o novo GP de São Paulo: o contrato estabelecido entre Prefeitura e a MC Brazil Motorsport, com duração de cinco anos e valor de R$ 100 milhões. Desde a assinatura do acordo, existem questionamentos sobre a lisura do processo. Em janeiro, o vínculo chegou a ser suspenso pela Justiça pela a ausência de licitação para o contrato e pelo sigilo imposto pela prefeitura paulistana. Dois meses depois, um desembargador revogou a suspensão e manteve o acordo válido.

Na semana passada, dias após a entrevista com Adler, depois que o vereador Antônio Donato (PT) protocolou um segundo pedido para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os acordos, na semana passada, o Ministério Público de São Paulo vai olhar mais de perto o vínculo firmado entre as partes. O MP questiona a falta de licitação nos acordos, os valores envolvidos e também os benefícios sociais.

INTERLAGOS
Ministério Público e Câmara Municipal de São Paulo questionam contrato entre Prefeitura e a organizadora do GP de São Paulo (Foto: Duda Bairros/Vicar)

“O presente inquérito civil foi instaurado para apurar possíveis atos de improbidade administrativa, na celebração de contrato entre a Prefeitura do Município de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Turismo, e a Fórmula 1, no valor de US$ 125 milhões, e, ainda, a contratação direta da empresa MC Brazil Motorsport, sem transparência, no valor de R$ 100 milhões, com pagamentos em cinco parcelas anuais de R$ 20 milhões, para a realização de cinco corridas da F1 em São Paulo, entre 2021 e 2025, com dispensa de licitação, em dano ao erário público municipal ou ao interesse social, afrontando os princípios constitucionais da legalidade, moralidade, publicidade, desvio de finalidade e interesse público”, determina o documento enviado pelo Ministério Público de São Paulo, na manhã da última sexta-feira (2), e que é assinado pelo Promotor Paulo Destro.

O MP decidiu investigar os acordos após a publicação de notícias na imprensa sobre o pedido da CPI na Câmara Municipal. “O que causa perplexidade é que a Prefeitura de São Paulo, mesmo sendo detentora dos direitos da realização da F1, transferiu, de forma onerosa, para a empresa MC Brazil Motorsport, os direitos de realização do evento, pagando R$ 20 milhões, anualmente, durante cinco anos”, acrescenta a nota.

A portaria do MP ainda questiona a ausência de contrapartida ou benefício social por meio dos acordos. “Depreende-se da representação e matérias jornalísticas acostadas nos autos, a utilização de dinheiro público pelo Município ao receber a Fórmula 1 Grande Prêmio São Paulo, em contratação direta de empresa sem procedimento licitatório e, ainda, com possível desvio de finalidade e dano ao erário público municipal ou ao interesse social ante a ausência de transparência na negociação.”

“A Municipalidade não receberá nenhuma contrapartida ou benefício social pelo evento automobilístico esportivo no Autódromo de Interlagos, entre 2021 e 2025, visto que a Prefeitura do Município de São Paulo participa, concretamente, apenas como um ente público financiador, em que o contribuinte paulistano pagará pelos vinte milhões de reais anuais, ao arcar com praticamente todas as despesas para a realização da Fórmula 1. É indispensável para a sociedade a transparência e adequação do controle e fiscalização de recursos públicos da Municipalidade de São Paulo”, finaliza a portaria.

Indagada sobre o assunto, a organização do evento respondeu. “Tomamos conhecimento do assunto apenas pela imprensa. O que posso dizer é que fizemos tudo de acordo com a lei”.

Expectativa para a volta da Formula 1 ao Brasil

Por fim, o promotor do GP de São Paulo fala a quem já adquiriu os ingressos e reforça a esperança em ver a volta da F1 ao Brasil como um símbolo de algo próximo da normalidade, ainda que em tempos de pandemia.

“Quero deixar a seguinte mensagem aos fãs, a todos vocês que nos deram esse voto de confiança. O que posso dizer é que vai ser um momento, provavelmente, inesquecível. Repito, o símbolo da retomada dos grandes eventos, da economia. Sabemos que esses grandes eventos movem a cidade de São Paulo, é o maior evento de São Paulo”.

“Garanto que vocês vão encontrar um clima incrível, um clima de esperança, de celebração da vida… Tudo isso brindado por uma competição, por uma temporada que tem sido espetacular, com uma disputa muito acirrada entre a Red Bull e a Mercedes, por que não com a McLaren e a Ferrari vindo logo atrás, cada vez melhores. Ou seja, tenho certeza que a gente vai ter uma grande prova de Fórmula 1 e vai ser muito especial. Tenho certeza que todo mundo vai se lembrar do GP de Fórmula 1 da Cidade de São Paulo 2021”, finaliza Alan Adler.

ALAN ADLER; GP DE SÃO PAULO; FÓRMULA 1;
Alan Adler é o promotor do novo GP de São Paulo de Fórmula 1 (Foto: Beto Issa/F1 GP de São Paulo)

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