Alex Albon foi o rosto dos anos de reconstrução da Williams, que após lidar com um passo atrás em 2024, traz Carlos Sainz para brigar por mais em 2025. O anglo-tailandês falou sobre a reconstrução ao GRANDE PRÊMIO
Entre altos e baixos, Alexander Albon virou o ponto de confiança da Williams, uma equipe que viveu dias terríveis na Fórmula 1, mas tenta dar os seus primeiros passos para voltar a ser relevante no Mundial. A contratação de Alex, ex-Red Bull, em 2022, foi um dos movimentos que o time fez. Para 2025, a promessa é de voos mais altos ainda com a chegada de Carlos Sainz, dono de quatro vitórias na carreira.
Depois de um início meteórico de carreira que rendeu o posto na Red Bull com apenas 12 largadas no Mundial, Alex sentiu os efeitos da pressão pelo segundo assento do time taurino e ficou fora do grid em 2021. Porém, resgatado pela esquadra de Grove, começou a se provar como um dos pilotos mais valiosos do meio de pelotão da Fórmula 1, e aos 28 anos de idade, sonha alto.
A reestruturação da Williams foi o principal tema da entrevista exclusiva dada por Alex ao GRANDE PREMIUM durante a última passagem da Fórmula 1 em Interlagos, corrida que Albon acabou sequer largando depois de sofrer uma forte pancada na classificação.
Albon não voltaria a pontuar nas corridas seguintes e viu a esquadra, muito prejudicada pelo pódio duplo da Alpine em São Paulo, amargar a nona posição no Mundial de Construtores. Porém, a chegada de Sainz aliada com os investimentos em tecnologia comandados por James Vowles, chefe de equipe desde 2023, trazem esperança para o time.
Multicampeão por equipes como Brawn GP e Mercedes, James topou o desafio da Williams, que já não tem mais o envolvimento da famosa família desde 2020 e ganhou sobrevida com a compra pelo grupo Dorilton Capital, comandado por Josh Capito, ex-Volkswagen e que foi o primeiro chefe na transição.
Confira na íntegra o bate-papo que Albon teve com o GP:
GRANDE PRÊMIO: Primeiramente, como você vê essa temporada? A impressão que fica, pelo menos para nós, é que a Williams melhorou após as férias de verão. Você também sente isso?
Alex Albon: Sim, diria que sim. Mas não acredito que tenha sido algo inesperado. Acho que isso tem muito a ver com o fato de termos começado o ano mais atrás do que gostaríamos. Então, desta forma, acho que nós meio que alcançamos o ponto onde deveríamos estar lá no início do ano. Fizemos um ótimo trabalho com as atualizações que introduzimos no carro após as férias de verão. E, desde então, passamos a entender o carro cada vez melhor em cada corrida. Agora estamos em um bom lugar.
A única coisa que eu acrescentaria é que agora temos um grupo de equipes que estão fazendo as suas últimas atualizações. Então, nas últimas etapas, nós meio que retrocedemos um pouco. Mas, no geral, [o cenário] parece positivo. É ótimo ter atualizações que funcionam.
GP: Falando especificamente sobre você. Como você vê a sua pilotagem em 2024 em comparação com o ano passado?
AA: A mesma coisa. Acho que varia de acordo com o ritmo do carro. Tivemos ótimas corridas no início do ano, mas o carro não era rápido o bastante para conseguirmos marcar pontos, infelizmente. Assim que o carro ficou mais rápido, começamos a melhorar cada vez mais. Acredito que fizemos boas corridas este ano.
Acho que tivemos um pouco mais de azar do que no ano passado em relação às primeiras voltas e, em geral, sofremos um pouco mais para terminar as corridas. Não acho que [eram coisas que estavam] sob meu controle. Mas aconteceu em boa parte do ano.
GP: Você esteve em uma situação similar ao longo da carreira em questão de ver mudanças acontecendo com seu companheiro de equipe [saiu Logan Sargeant, entrou Franco Colapinto]. Sabemos que os pilotos costumam trabalhar juntos. Como essa mudança afetou o trabalho que você vinha fazendo de preparação do carro?
AA: Nada mudou. Continua a mesma coisa? Sim. Quero dizer, com honestidade, porque o processo continua o mesmo. Você apenas foca em você mesmo e no seu carro. Acho que é isso.
GP: Qual você acredita que seja o objetivo da Williams para o próximo ano? Todos estão com altas expectativas em relação à Williams, mas como você enxerga isso neste momento? O que significa esse resultado atual (oitavo lugar no Mundial de Construtores) para o próximo ano?
AA: Bem, no ano passado terminamos em sétimo, acredito. Então, seria legal terminar onde estávamos no ano passado. É uma situação um pouco difícil porque sinto que, como equipe, nós melhoramos muito, mas acho que as outras equipes do pelotão intermediário também melhoraram — todos melhoraram tanto que é realmente difícil…. Acho que você tem de olhar muito para si mesmo e pensar ‘ok, nós realmente, como uma equipe, fizemos um ótimo trabalho’.
Talvez tenhamos perdido a posição no Mundial de Construtores, mas estamos em um lugar melhor em termos de estrutura da equipe. Acho que aceitamos que, no começo deste ano, daríamos um passo para trás em termos de estar um pouco atrasados — atrasados com nossas mudanças na equipe e como mudamos os processos. Sinto que este ano foi muito mais um ano de aprendizado.
O oitavo lugar está bom. Honestamente, talvez não esteja onde queremos. O ano que vem será interessante. Acho que estaremos em uma posição muito melhor. Mas ficaria surpreso se subirmos tantas posições. Sinceramente, acho que não. Só acho isso porque o regulamento vai permanecer o mesmo. E acho que só em 2026, quando tivermos a mudança completa, poderemos mostrar o que mudamos nestes últimos dois anos.
GP: James [Vowles] falou sobre o começo da temporada, especialmente esse processo de reconstrução com o time. Você acabou de dizer que acha que o time parece melhor esse ano do que no ano passado, apesar dos resultados. E eu concordo. Acho que o time parece melhor. O trabalho que é feito dentro de portas fechadas, quero dizer, como esse processo de reconstrução tem sido nesses últimos dois anos desde que ele está lá e você chegou na equipe?
AA: Acho que muito disso foi a mudança de processos na fábrica. Acho que desde que James chegou, vindo da Mercedes para a Williams, houve algumas áreas, é claro, em que estávamos indo bem e atualizados. Acho que houve algumas áreas em que estávamos bem atrasados em termos de tecnologia, mas também apenas nos procedimentos que estavam ocorrendo. Acho que algo que ficou bem famoso agora, os documentos em Excel e tudo mais.
Conforme passamos por essas mudanças, obviamente, foi um enorme processo de aprendizado. Não é só mudar algumas coisas e imediatamente você fica melhor. Você tem de reescrever e reestruturar toda a fábrica para acomodar essas mudanças. É aí que os atrasos acontecem. Em parte, por isso que coisas como o carro atrasaram este ano e por que começamos com excesso de peso no carro. É aí que sinto que James realmente causou um grande impacto.
Claro, é difícil. Quando ele chegou, no começo, era fácil ajustar as pequenas coisas, mas as grandes coisas levam muito mais tempo. É aqui que estamos no último ano, este ano, acho que ainda no ano que vem — ainda mudando essas grandes áreas. De certa forma, precisamos dar um passo para trás para dar dois passos para frente.
GP: Você diria que o maior sucesso é a reconstrução da filosofia mais do que a reconstrução das coisas?
AA: Sim, diria que sim. Acho que é a reconstrução da filosofia, mas é claro que com isso vêm muitas mudanças em termos de investimentos e foco em áreas diferentes. Acho que a forma como a equipe está agora é muito saudável com a Dorilton [Capital, proprietária da equipe] e também com as contratações. Por exemplo, a chegada de Carlos para o ano que vem. É possível perceber que tudo está sendo levado a um nível superior. Quando penso sobre a cultura que temos agora na equipe, é muito diferente de alguns anos atrás. Muitos rostos novos, muitas pessoas vindas de equipes diferentes também. É interessante. Acho muito interessante. Acho que até mesmo o feedback que recebemos agora na pista, em comparação com o que tínhamos antes, está indo melhor. Parece muito mais com aquilo que vivenciei, por exemplo, na Red Bull.
GP: Quero ouvir sobre a batalha de 2019 contra Lewis [Hamilton] aqui em Interlagos. Como foi para você? O que mais mudou desde aquela época de novato, Alex?
AA: Para responder à primeira parte, não sinto que foi algo tão decepcionante. No momento, foi, obviamente, decepcionante porque pensei que seria meu primeiro pódio. Um grande momento, que levei um pouco mais de tempo para entender. Mas, no final, não foi nada. Foi apenas um acidente. Ainda poderia ter me saído um pouco melhor naquela situação, quando olho para o incidente em si. Não acho que Lewis foi totalmente culpado em uma situação como essa. Mas é claro que [a situação] teve um grande efeito em marcar um pódio.
Em termos de como estou agora e naquela época, acho que a velocidade e o feeling com o carro são muito semelhantes. Acho que guio de forma muito parecida. Não mudei meu estilo nem nada assim. Acho que o mais importante é que agora tenho mais experiência e entendimento, especialmente da Fórmula 1. Não estou falando apenas de… Claro, sou melhor na parte de engenharia e no entendimento com meus engenheiros e coisas assim. Mas também há um grande entendimento em termos de como sou como humano, ficando mais maduro, lidando com as atividades fora da Fórmula 1, lidando com as diferentes pressões da Fórmula 1. Administrando melhor meu tempo e minha energia. Coisas assim. Acho que tudo isso soma bastante. No começo, eu era muito tímido, muito sozinho. Era só eu. Não tinha um empresário naquela época, e agora tenho uma equipe ao meu lado para me apoiar.
GP: James disse algumas semanas atrás sobre a Williams ter a melhor dupla de pilotos para 2025 com você e Carlos. E, claro, você teve alguma turbulência em sua carreira na Fórmula 1. Imagino que seja bom pensar o quão longe você chegou daquela época para esta época, onde você está agora. Quero saber o que se passa na sua cabeça sobre este período de turbulência para agora ser visto como tal piloto.
AA: Para ser sincero, não vejo muita diferença. Acho que tem sido bem natural. Não diria que parece uma diferença tão grande. Acho que estou mais relaxado. Acho que essa seria a maior diferença de antigamente para agora. De muitas maneiras, tornar-me um jogador de equipe ou um líder de equipe, de muitas maneiras, e também melhor no desenvolvimento do carro. Acho que meus papéis mudaram bastante. Antes eu estava apenas tentando sobreviver. Agora sinto que estou um pouco mais inserido em uma equipe e entendo os processos e para onde a equipe está tentando ir, e estou tentando fazer parte dessa jornada. Então é mais ou menos assim que parece. Diria com certeza que quando você começa sua carreira na Fórmula 1, começa ano a ano e tem contratos de um ano a cada vez —já estamos acostumados com isso desde os oito anos de idade. Conforme passamos o tempo, há essa sensação de pressão. Você tem de entregar bons resultados todo ano, e você fica incerto quanto ao seu futuro. Então quando você está com um contrato de longo prazo e estabelecido em uma equipe, parece que sua mente pode começar a se concentrar em coisas diferentes. Essa tem sido mais a atitude mental geral em relação às corridas agora do que em relação ao passado.
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