3ª força, McLaren acerta ao apostar em garotos e rouba holofotes na Indy 2020

O início da McLaren na Indy é bastante promissor. Impulsionada por boas atuações, especialmente, de Pato O'Ward, a equipe já parece estar na frente da poderosa Andretti e não parece sentir falta alguma de James Hinchcliffe

A McLaren é uma das melhores notícias do começo da temporada 2020 da Indy. Em recuperação na Fórmula 1, a equipe britânica resolveu investir pesado no projeto dos EUA e, até aqui, vem colhendo os frutos. Após seis etapas, é a terceira força do grid, já soma dois pódios, sete top-10 e excelentes performances de seus pilotos, que foram anunciados cobertos de desconfiança em 2019.

É verdade que tudo começou com uma atuação bastante discreta no GP do Texas e que, naturalmente, isso preocupa para a Indy 500, por se tratar de um oval longo. Mas a resposta foi imediata e, principalmente no misto de Elkhart Lake, e no oval curto de Iowa, o carro rendeu que foi uma beleza.

Para entender o momento da McLaren na Indy, é necessária uma breve retrospectiva. Duas explicações para o sucesso nos EUA estão intimamente ligadas a fracassos em um passado recente. Para começo de conversa, a aventura comandada por Zak Brown dificilmente aconteceria se a situação na F1 seguisse delicada. Por lá, Andreas Seidl e companhia promoveram uma revolução que tirou o time da rabeira do grid e estabeleceram os ingleses como Quarta Força de 2019.

Oliver Askew voou em Iowa (Foto: Indycar)

O outro ponto está relacionado ao mundo da Indy, mais precisamente ao que foi a Indy 500 do ano passado para a McLaren. Em um projeto completamente equivocado desde o começo, a equipe confiou em Bob Fernley e a na parceira Carlin e, quando se deu conta do buraco em que havia se metido, foi eliminada ainda no Bump Day com Fernando Alonso. Um vexame de enormes proporções que exigiu atitudes enérgicas para crescer na categoria. Atitudes como adquirir uma das melhores equipes do meio do grid.

E aí começou uma sequência de acertos da McLaren, alguns até esperados e outros bem arrojados. Para início de conversa, Gil de Ferran, nome fundamental na volta do time aos trilhos na F1, foi chamado para colocar o projeto da Indy nos eixos e, com a estrutura que era da Schmidt Peterson, tudo foi muito bem planejado. Um carro promissor, um nome de peso por trás, uma boa estrutura e o motor Chevrolet, melhor em 2019, formavam já uma base bem sólida. Faltava decidir quem seriam os pilotos.

A expectativa era até de Fernando Alonso e James Hinchcliffe, já que o espanhol e seu desejo pela Indy 500 têm tudo a ver com o ingresso da McLaren como equipe na Indy. Mas a solução não passou por nenhum dos dois. Alonso seguiu sem se interessar pela temporada completa e Hinch, por mais que tivesse contrato com a Schmidt Peterson, não interessou tanto assim o time, que resolveu ir para o risco: um projeto carregado por dois jovens talentos.

Pato O’Ward já tem pole e pódio em 2020 (Foto: IndyCar)

Pato O’Ward, de 21 anos, era o veterano da dupla. O mexicano somava incríveis nove corridas na Indy, mas, sim, havia impressionado. Campeão da Indy Lights em 2018, Pato foi tão bem que a Red Bull resolveu tirá-lo dos EUA e tentar algo diferente na F2 e na Super Formula. Não rolou, é verdade, mas o retorno ao grid da Indy tinha mesmo tudo para ser positivo.

E tem sido. Dono de um indiscutível talento, Pato foi destaque grande em ao menos quatro das seis corridas de 2020 e quase venceu em Elkhart Lake após sair da pole. Até aqui, um quarto lugar na classificação do campeonato e performances bem interessantes em tudo que é pista.

O segundo nome escolhido foi o de Oliver Askew. Aos 23 anos, chegou ainda mais cru que O’Ward, mesmo um pouco mais velho. Campeão da Lights em 2019, o americano também é talentoso e também começou forte, mas já cometeu alguns errinhos que Pato passou longe.

De todo modo, Askew soma três top-10, um deles o pódio na corrida 1 em Iowa, pista em que teve suas melhores performances. Mesmo com alguns tropeços, um começo forte e que, em performance e pontos, passa longe de dever algo para o que fazia Hinch nos últimos anos de Schmidt Peterson.

Oliver Askew foi ao pódio em Iowa (Foto: IndyCar)

O conjunto McLaren é dos mais divertidos do início do ano. Com uma dupla arrojada, jovem, que já trocou tintas na pista mais de uma vez e que tem pontuado bem, com um carro que é bem nascido e que já desponta na frente de gente do calibre da Andretti, o começo de trabalho é melhor que a encomenda.

É difícil saber se a equipe vai ter pique para acompanhar Ganassi e Penske, é improvável que O’Ward consiga buscar Scott Dixon e Josef Newgarden na luta pelo título, mas o posto de terceira força conquistado tão cedo e o quão rápido Hinch foi esquecido mostram que o caminho escolhido pela McLaren foi certeiro. Que venha a Indy 500 com Alonso em busca da Tríplice Coroa.

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