Coluna Indy Rocks, por Hugo Becker: Dixon e o não-favoritismo

Dixon é um não-favorito com três resultados brilhantes, ponto alto de seu ano. O tri, se vier, será na base da cautela e da sorte. A primeira é inútil para quem precisa ir para o tudo ou nada. A segunda, claramente, lhe deixou à margem. E é inútil disparar acusações: o momento é de pilotar com inteligência e sossegar a mente. Se não der, 2014 está logo ali

 
Scott Dixon chega a Houston, palco da primeira das três provas finais da temporada 2013 da Indy, como um dos postulantes ao título. Entre os três reais candidatos, no entanto, é o que está em pior momento, tanto emocional quanto em desempenho e resultados.
 
Helio Castroneves segue como o alvo a ser derrubado e, quase 50 pontos à frente do neozelandês, atual vice-líder, depende apenas do próprio sangue frio e pode fechar a conta já na corrida 2 da cidade texana. Simon Pagenaud, terceiro colocado, é aquele que enfrenta zero pressão e corre totalmente por fora, tranquilão, sem rigorosamente nada a perder e assistindo de camarote ao embate entre os dois primeiros colocados.
 
E Dixon? Bem, Dixon parece o cara certo no lugar errado, ao menos em 2013. A Ganassi trabalhou muito mal na primeira metade do campeonato e entregou a ele um carro capaz apenas de conquistar resultados medianos, até Pocono. No tri-oval, do nada, o time de Chip Ganassi armou uma trifeta com Scott na frente, Charlie Kimball em segundo e Dario Franchitti em terceiro. Na sequência, mais dois triunfos, na rodada dupla de Toronto. 
"Votem em mim" (Foto: Lucas Oleniuk/Getty Images)
Lá estava o bicampeão na crista da onda. E é aquele negócio, dar motivação a um cara cascudo e vencedor como o neozelandês é sempre um perigo para os adversários. O piloto cresce, se impõe e, normalmente, passa a superar adversidades com menos dificuldade e, também, a ser mais respeitado e temido pelos demais companheiros de grid.
 
O problema é que nas três provas seguintes, deu tudo errado para Dixon. Sétimo lugar em Mid-Ohio, uma lambança estratosférica com Will Power nos boxes de Sonoma que o jogou da terceira para a 15ª posição final, e um acidente com o mesmo Power na parte final do GP de Baltimore, que o colocou como 19º na classificação da corrida. E Helio lá, marcando seus preciosos pontos dentro do top-10 nas três etapas e abrindo vantagem.
 
Pagenaud entrou no jogo quase no apagar das luzes, já que foi segundo, quinto e primeiro nesta mesma trinca de GPs, o que prova o crescimento da Schmidt no campeonato.
 
Dixon, é claro, está furioso com tudo e com todos. Frustrado e inconformado com a súbita queda de desempenho, só nas últimas semanas o piloto já apontou o dedo para Beaux Barfield, diretor de provas da Indy, para Tim Cindric, presidente da Penske, para Power, para a organização da categoria… A conclusão clara é a de que o neozelandês nitidamente acusou o golpe e é, no momento, o cara que mais sofre pressão nesta reta final.
 
A grande questão é uma só: Scott é, de fato, um postulante real ao título de 2013?
 
Suas três vitórias consecutivas foram responsáveis por alavancá-lo ao posto de possível algoz de Castroneves e sugeriram, em certo momento, que sua ascensão atingiria o ponto máximo justamente no momento de decidir a taça – impressão reforçada, é claro, por seu histórico vencedor e por seu temperamento habitualmente seguro e confiante.
 
Só que ao pé da letra, os triunfos, tomados como "arrancada rumo ao tri", foram a exceção em uma temporada que se aproxima do fim e que trouxe, conforme já dito, uma Ganassi para lá de mediana. Se Helinho impressiona por ter completado 15 das 16 etapas dentro do top-10, Dixon impressiona pelo motivo contrário: foram nada menos que sete provas fora dos dez melhores. Nas outras nove rodadas, foi ao pódio apenas em quatro: as três vitórias mais um segundo lugar no Alabama. E só. É bem pouco para merecer a taça.
 
É evidente que qualquer coisa pode acontecer nas três corridas restantes. A Indy não preza pela lógica. Mas a realidade é que se há alguma direção para a qual o vice-líder do campeonato deve apontar o dedo em riste, é para dentro da própria Ganassi, que não trabalhou bem em 2013 e não deu a ele um carro digno de brigar de verdade pela taça.
 
Dixon é um não-favorito com três resultados brilhantes, ponto alto de seu ano. O tri, se vier, será na base da cautela e da sorte. A primeira é inútil para quem precisa ir para o tudo ou nada. A segunda, claramente, lhe deixou à margem. Nada impede, mas também nada indica, que ela volte. E é inútil disparar acusações: o momento é de pilotar com inteligência e sossegar a mente. E se não der certo, oras, 2014 está logo ali, como diria o outro.

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