Coluna Indy Rocks, por Hugo Becker: O que une e separa Muñoz e Montoya

Aprendizado na Europa, sucesso nos EUA e estreia arrasadora na Indy 500 pela melhor equipe do momento: o que os separa, por enquanto, é o futuro construído por Juan Pablo

 
A incrível pole-position de Ed Carpenter no Pole Day para a 97ª edição das 500 Milhas de Indianápolis acabou roubando a cena daquele que talvez tenha sido, de fato, o maior destaque das atividades no oval de Indiana ao longo da semana passada.
 
Oriundo da Indy Lights, Carlos Muñoz jamais havia colocado seus glúteos latinos em um carro da Indy-mãe antes do último dia 11, quando participou do primeiro treino livre para a prova. De cara, já marcou o terceiro melhor tempo e chamou a atenção. No entanto, poucos carros haviam ido para a pista e os dois primeiros do dia também não foram lá grandes figurões da categoria – Carpenter liderou e Josef Newgarden ficou em segundo. "Um treino atípico", quiçá.
 
Mas a partir segundo dia de testes, se fez necessário olhar para o colombiano de 21 anos com muito mais atenção. O piloto ficou no topo da tabela de tempos com certa facilidade. Alguém há de dizer: "Mas com essa Andretti e em um oval, até eu. É só acelerar e virar o volante para a esquerda". Não, não é bem por aí. Definitivamente.

O novato superou com tranquilidade seus companheiros de equipe, que dominaram cinco das seis primeiras posições – Ryan Hunter-Reay, atual campeão, em segundo, Ernesto Viso em terceiro, Marco Andretti em quarto e James Hinchcliffe em sexto. 

 
Mesmo para um treino livre, não era pouco.
 
Muñoz ainda foi líder da sexta sessão – sendo o único a liderar dois dias na extenuante semana de preparação para o Pole Day – e ficou em terceiro no treino que antecedeu a classificação. A atividade seguinte seria o grande tira-teima para o piloto.
 
E o colombiano, natural de Bogotá, não negou fogo: avançou com facilidade para o Fast Nine e foi o único a ameaçar a pole de Carpenter, ficando com a segunda posição no grid. Vale repetir: é a estreia do 'pibe' não só em Indianápolis quanto na categoria.
 
O feito, no entanto, não é inédito. Havia, em 2000, um certo piloto de formas ainda não-roliças, que, em sua primeira vez na Indy 500, também estava na melhor equipe do grid, também largou na segunda posição, e, como de costume, levou a vitória.
 
Outro colombiano, também de Bogotá. Atende pela graça de Juan Pablo Montoya. 
 
Na época com 24 anos, o então piloto da Ganassi já havia sido campeão da Champ Cars no ano anterior. Mas como o calendário da categoria não contava com as 500 Milhas de Indianápolis, a estreia só aconteceu no ano seguinte, quando houve a junção com a IRL apenas para a disputa da tradicional prova.
 
Outro ponto em comum nas carreiras de Muñoz e Montoya é a trajetória nas categorias de base. Assim como o roliço da Nascar, o atual piloto da Andretti fez todo o processo de aprendizado na Europa. Entre 2008 e 2011, passou por divisões da F-Renault, andou na F-3 Inglesa e também na Europeia e disputou o tradicional GP de Macau. Só em 2012 desembarcou na Indy Lights, mudando completamente o perfil de sua formação.
 
É preciso dizer que, ao contrário de Juan Pablo, Carlos não teve nenhum resultado de destaque antes de desembarcar na América. Nem títulos, nem vitórias. 
 
Na terra do Tio Sam, no entanto, Muñoz parece ter encontrado seu caminho: de cara, pelo time de baixo da Andretti, foi quinto no campeonato, com duas vitórias, cinco pódios e uma pole. Neste ano, lidera o certame com impressionantes duas vitórias, duas voltas mais rápidas e três pódios em três corridas. Irrepreensível.
 
Partindo deste ponto, seu resultado arrasador em Indianápolis passa a ser fruto de um crescimento sólido na carreira, não um mero acaso. Também é notável sua idolatria ao antecessor. "Ter apenas 21 anos, ser apenas uma criança e sentar na primeira fila como Montoya fez é incrível”, disse o novato, logo após conquistar o segundo posto no grid da Indy 500.
 
Após Indianápolis, vencendo ou não, Muñoz voltará para sua atual realidade e tentará o título da Lights. A partir de 2014, portanto,estará livre, pronto e maduro para assumir um dos cockpits da Andretti na categoria principal.

O que separa as carreiras de Montoya e Muñoz, por enquanto, é o futuro que o primeiro construiu, com sucesso, vitórias e títulos que abriram caminho e atraíram respeito para o automobilismo colombiano – antes apenas um fantoche exótico a colorir as últimas posições dos grids mundo afora.

 
Diante da impressionante evolução que o garoto tem mostrado, vê-lo repetir o sucesso de seu antecessor é algo plenamente possível. Mais do que isso: é provável.

Talvez estejamos vendo o surgimento arrasador de um dos pilares da nova geração da Indy. O tempo, somente ele, dirá.

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