Coluna Indy Rocks, por Hugo Becker: Pagenaud, o tranquilão

Castroneves precisa de muito, muito pouco para ser campeão. Já Dixon vê a vaquinha acoplando o traseiro em solo pastoso e começa a dar ares de quem vai partir para o tudo ou nada. Numa dessas, sobra para Pagenaud. Enquanto o caldo ameaça entornar entre os líderes, o francês, tranquilão e na dele, é bom e esperto o suficiente para levar a taça

 
Simon Pagenaud surgiu, após a bela vitória na etapa de Baltimore, realizada no último dia 1º, como um possível azarão na luta pelo título de 2013 da Indy, polarizada, até o momento, entre Helio Castroneves e Scott Dixon, líder e vice-líder do campeonato, respectivamente.
 
O brasileiro soma 501 pontos e está isolado na primeira colocação, enquanto o neozelandês, que já conta com as taças de 2003 e 2008, aparece com 452. O jovem francês pulou para terceiro com o triunfo em Maryland e figura, agora, com 431, em um pelotão parelho que ainda traz Marco Andretti (430) e Ryan Hunter-Reay (427). No quesito emocional e de desempenho, no entanto, o momento é totalmente favorável ao gaulês.
 
Nada indica que a Andretti superará o desempenho claudicante apresentado ao longo de 2013 e emplacará um de seus pilotos como campeão. A Schmidt, por sua vez, mostrou desempenho inesperadamente sólido em Baltimore e, desde o início, se colocou entre as favoritas, com até mesmo Tristan Vautier liderando um dos treinos livres. Em um campeonato que chega à sua reta final dominado quase que inteiramente por Penske e Ganassi, uma performance deste tipo, com mais duas etapas em circuitos mistos pela frente, serve, sim, para abrir o olho dos rivais e suscitar alguma preocupação nos líderes.
Simon Pagenaud vibra com segunda vitória no ano em Baltimore (Foto: John Cote/IndyCar)
A farta distribuição de pontos da Indy provoca suas discrepâncias, como Marco ainda com chances de título mesmo sem nenhum triunfo no ano. Mas há um ponto a favor da categoria: a vitória é extremamente valorizada, e pode – deve – definir a taça. É aí que reside o grande risco, principalmente para Castroneves, já que Dixon é franco-atirador.
 
Enquanto todo o peso da responsabilidade da conquista recai sobre os ombros do brasileiro, o neozelandês se vê na obrigação de pilotar com a faca entre os dentes em um quase desespero para alcançá-lo. Já Pagenaud, correndo por uma equipe consideravelmente menor e sem nenhum tipo de protagonismo no campeonato, pode emplacar ao menos mais uma vitória e ficar dentro do top-10 nas outras duas corridas restantes. São 70 pontos de diferença, mas uma vitória de Simon combinada com um abandono de Helinho já faria a desvantagem cair para míseros 19 – fora o golpe moral.
 
Mais: o clima de tensão em função dos incidentes em Sonoma e Baltimore envolvendo Dixon e Power, com acusações diretas e abertas por parte do piloto da Ganassi contra a Penske, pode provocar uma verdadeira guerra aberta entre as duas equipes mais tradicionais e vencedoras do grid, e nem mesmo toda a cautela de Castroneves poderia salvá-lo em caso de um "troco" deliberado – algo que, provavelmente, prejudicaria ambos. 
 
Por tudo o que tem se visto ao longo do ano, é de se esperar que nenhuma surpresa aconteça e que o 'fair play' seja mantido, porque Helio precisa de muito, muito pouco para ser campeão. Já Scott vê a vaquinha acoplando o traseiro em solo pastoso e começa a dar ares de quem vai partir para o tudo ou nada – de forma tão ética quanto sugere seu aspecto de vovó inglesa confeiteira, ou tão questionável quanto a ambição desmedida encrustada no DNA de todo campeão, seja de qual categoria for.
 
Numa dessas, sobra para Pagenaud. Enquanto o caldo ameaça entornar entre os líderes, o francês, tranquilão, é bom e esperto o suficiente para abocanhar a conquista. Seria a maior zebra dos últimos tempos – ainda que fruto da evolução do automobilismo francês.

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