GUIA 2025: Rosenqvist cresce junto de Meyer Shank e busca vitória na Indy
Ao GRANDE PRÊMIO, Felix Rosenqvist falou sobre a evolução com a Meyer Shank e o objetivo de retornar ao Victory Lane da Indy em 2025. Sueco anotou pole em 2024 e foi destaque nos sábados
Felix Rosenqvist vive um momento diferente na Indy. Após passagens cercadas de expectativas por Ganassi e McLaren, o sueco se encontrou com uma posição na Meyer Shank a partir de 2024, e definitivamente colaborou com o crescimento do time, permanecendo no top-10 durante quase toda a temporada, anotando uma pole-position em Long Beach e registrando outros resultados consistentes.
Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Rosenqvist foi questionado se a temporada pela Meyer Shank foi a melhor que teve na carreira na Indy, iniciada em 2019. O piloto ainda prefere o primeiro ano pela Ganassi, quando foi o sexto colocado no campeonato, mas entende que se adaptou muito bem ao novo time.
“Acho que meu primeiro ano na Indy ainda é o meu melhor, quando terminei em sexto, eu acho. Mas definitivamente, meu primeiro ano com a Meyer Shank foi… conseguimos pegar o ritmo muito rapidamente. Sabe, quando fui para a McLaren, tive um primeiro ano bem difícil. E sim, sinto que o potencial no ano passado foi, provavelmente, o melhor que já tive na minha carreira. Mesmo que tenhamos sofrido um pequeno declínio no final, o potencial era realmente grande”, declarou.
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O sueco terminou a temporada 2024 na 12ª colocação. Abandonos em Iowa, Nashville e Toronto foram prejudiciais para a campanha, que depois de um início incrível, indicava uma presença no top-10 do campeonato, o que acabou não se concretizando.
“As classificações foram ótimas, praticamente em todos os lugares. Tivemos algumas corridas realmente boas, as 500 milhas (de Indianápolis) foram muito boas. Infelizmente, tivemos muitos abandonos, principalmente problemas mecânicos. Alguns deles estão sob nosso controle, mas a maior parte, na verdade, está fora de controle, infelizmente. Mas, sim, isso me deixa animado para entrar em um segundo ano. Sinto que temos peças muito boas, tipo, todos os pedaços do quebra-cabeça estão meio que lá, só precisamos juntar tudo. Precisamos trabalhar um pouco no dia da corrida — provavelmente é o que mais podemos melhorar. Mas é empolgante. Acho que não há razão para não termos um ano muito melhor em termos de resultados, e na mesma velocidade que tivemos no ano passado”, disse.
Rosenqvist se destacou muito pelas boas classificações com a Meyer Shank. Além da pole em Long Beach, largou da primeira fila em St. Pete e do terceiro lugar em Laguna Seca, Toronto e Nashville. Porém, Felix entende que falta traduzir o bom desempenho dos sábados também nos domingos, mas citou também a falta de capricho e experiência do time em determinados aspectos.

“Domingo é um dia muito mais difícil, essencialmente. Acho que os sábados são algo que consegui meio que decifrar, digamos. É uma receita simples, certo? Só precisamos fazer uma boa volta e é isso. No domingo, há muito mais variáveis. Há coisas que podem acontecer. Há outros pilotos. Há, sabe, cada sequência de pit-stop. Há uma linha de procedimentos que não podemos errar em nenhum deles. E envolve muitas pessoas também. Então, é uma coisa muito mais complexa e muito mais difícil de executar. Acho que, à medida que os anos passam na Indy, fica muito mais difícil. Percebemos isso, acho que como equipe, no ano passado, quando começamos a entrar nos top-5, vimos que é muito difícil permanecer lá. Podemos estar lá em termos de desempenho e então, quando temos um pit-stop ou algo assim, de repente estamos em nono e então precisa lutar para nos recuperarmos, porque não executou tudo perfeitamente. Sabe, volta de entrada, volta de saída, pit-stop, troca de pneus, abastecimento, tudo isso. Então, realmente é questão de detalhes”, citou.
“Pessoalmente, também acho que sempre fui um pouco mais inclinado a ter boas classificações. E é algo em que estou constantemente trabalhando, tentando, sabe, gerenciar o risco versus a recompensa nas corridas. Sinto que na Indy é complicado agora porque temos de ser extremamente agressivos. Caso contrário, seremos ultrapassados por todo mundo. Mas também, não podemos nos dar ao luxo de jogar algo fora. É uma linha muito tênue que precisamos equilibrar. E acho que, às vezes, tenho jogado de forma muito conservadora porque tento, tipo, apenas garantir os resultados que temos. Por exemplo, digamos que estamos em sétimo e sentimos que é um dia para ficarmos em sétimo. Talvez não tentemos ir em busca de um terceiro lugar. Mas normalmente, quando jogamos esse jogo, isso acaba jogando contra nós. Você meio que tem de sempre lutar para frente nesta categoria. Então, sim, há várias coisas diferentes que tento melhorar, a equipe tenta melhorar. E como em tudo neste esporte, trata-se de misturar tudo e não ter nenhum destaque grande que não seja bom”, comentou.
Uma das novidades da Meyer Shank para 2025 é a aliança técnica com a Ganassi. O time, inclusive, teve participação importante na transferência de Marcus Armstrong, que será o novo companheiro de Felix após a saída de David Malukas. O sueco competiu duas temporadas com a CGR, onde inclusive conquistou sua única vitória na Indy em 2020. E ele sonha em vencer de novo.

“Essa é a esperança e o objetivo. Acho que nossa parceria com eles realmente funcionou. E com a Ganassi, que eu sinto que é realmente mais próximo, ainda não passamos um dia juntos no carro, mas no papel, estamos um pouco mais unidos, como a forma como trabalhamos juntos. Muito mais importante que qualquer coisa. E esses caras são ótimos. Os caras da Ganassi são ótimos. E acho que podemos fazer algo muito bom juntos, mas precisamos entrar no caminho certo primeiro. Acho que tenho um dia de teste. Na verdade, dois meios dias de teste em Sebring, e então tudo começa. Tempo muito limitado, com certeza”, seguiu,
2025 também ficará marcado como o primeiro ano de uso completo da tecnologia híbrida nos motores. Na opinião de Felix, o impacto ainda não foi tão sentido pelos pilotos, que aprenderam rapidamente a utilizar o sistema de recuperação de energia. Porém, o piloto também vê margem de evolução para que os companheiros possam usufruir da tecnologia de maneira diferente.
“Acho que, surpreendentemente, não teve nenhum impacto real na categoria. A classificação entre os pilotos e as equipes, parece que realmente não mudou muito. O carro é um pouco mais pesado. Parece que todos aprenderam o sistema muito rapidamente e como utilizá-lo com, pelo menos, 95% de eficiência. Com certeza, é um desafio maior lidar com ele. É mais difícil para todos, pilotos e equipes. Há mais carga para todos com esse novo sistema. Mas essencialmente, sinto que temos um carro mais eficiente, e é basicamente isso. As corridas, não diria que são melhores ou piores, elas sempre foram ótimas na Indy. Sinto que alguns de nós estávamos realmente preocupados que isso iria prejudicar as corridas, o que não aconteceu. Acho que, em alguns casos, melhorou. E em alguns casos, provavelmente tornou tudo um pouco pior”, citou.
“Então, durante toda a temporada, diria que estamos em igualdade. Acho que no futuro, tipo, ainda estamos nos primeiros dias desse sistema híbrido. Acho que todos ficariam animados se esse sistema também fosse um pouco desenvolvido no futuro, talvez com um pouco mais de capacidade para o híbrido, para que possamos brincar mais com a bateria, saber como economizá-la e como utilizá-la, porque agora é bastante limitado. E acho que é por isso que não vimos uma grande mudança no desempenho de diferentes pilotos e carros. Mas ainda estamos no começo. É o primeiro capítulo de tudo isso. Então eu diria que foi um sucesso até agora. Esperamos que isso possa realmente melhorar as corridas no futuro”, seguiu.

Rosenqvist desembarcou na Indy em 2019 depois de passagem pela Fórmula E e é considerado como um dos principais nomes da invasão europeia que a categoria passou nos últimos anos. Felix admitiu que tem o desejo de ver o campeonato correndo novamente fora da América do Norte, como aconteceu até o início da década de 2010. Mas trouxe uma importante questão sobre os custos e a logística.
“Geograficamente também faz muito mais sentido para as equipes, etc. Então sempre temos de levar em conta o cenário todo. As equipes no final vão ter que pagar a maior parte, e o transporte e tudo mais. E do ponto de vista de marketing, tem de fazer sentido, certo? Foi por isso que eles foram ao Japão naquela época com a Honda. E isso também fez muito sentido. Então, sim, é difícil. Mas eu adoraria nos ver começando, experimentando pelo menos uma corrida no exterior em breve. Isso seria muito legal para a categoria”, afirmou.
Para finalizar, Felix também recordou o forte acidente sofrido nas ruas de Detroit em 2021. Na ocasião, sofreu uma grave batida na corrida de sábado e acabou perdendo os dois GPs seguintes, apesar de não vivenciar lesões mais graves. Passados quase quatro anos de um dos acidentes mais graves da carreira, ele refletiu sobre a volta por cima na categoria, especialmente após uma primeira experiência negativa na McLaren.
“Com certeza foi um ponto baixo para mim, não apenas na Indy, mas provavelmente na minha carreira. Para ser sincero, aquele ano foi muito difícil. E eu simplesmente não conseguia entender, como se as coisas não estivessem funcionando bem. Olho para trás e, para mim é, como se diz, uma confirmação do fato de que sempre podemos superar uma dificuldade. E mesmo que tenha sido uma droga na época, acho que tirei muito conhecimento e experiência disso. E o fato de que sempre podemos nos recuperar. E quando recuperamos um pouco de confiança, é como um efeito espiral. E é como uma metáfora da vida em geral”, declarou.
“Quando estamos sofrendo, podemos nos concentrar ou podemos desistir. E eu definitivamente trabalho muito duro. E para muitas corridas, parecia sem motivo. Mas em algum momento, talvez mudemos algumas coisas em nossa vida diária também, o que eu acho que é tão importante quanto trabalhar duro na pista. E temos bons amigos, um bom apoio. E de repente, você pensa, deixou isso para trás, você está em uma boa situação. Então isso faz parte do esporte. Acho que todos nós passamos por isso. Todos os atletas passam por isso em algum momento da carreira, altos e baixos. E esse foi definitivamente um ponto baixo. E no geral, tipo, só dá para olhar para frente, não é? No final das contas, a única coisa que importa é o que você fará amanhã. Então, sim, eu vejo isso como uma lição aprendida, com certeza”, completou.

