Há 50 anos, Clark abria caminho para ser único piloto da história a vencer Indy 500 e Mundial de F1 na mesma temporada

Jim Clark foi um dos melhores e mais versáteis pilotos da história. Em 1965, no ano de sua carreira que mais mostrou superioridade contra os concorrentes de todas as partes do mundo, Clark venceu as 500 Milhas de Indianápolis num 31 de maio como hoje e seguiu para ser campeão mundial de F1

Era uma vez uma invasão britânica no mundo do automobilismo. O ano era 1965, Indianápolis havia passado por uma corrida trágica um ano antes com as mortes de Dave McDonald e Eddie Sachs, e enfim era a hora que Jim Clark conseguiria cruzar a bandeira quadriculada na frente da concorrência. Seria a primeira – e até hoje a única – vez que o mesmo piloto venceria a Indy 500 e o Mundial de F1 no mesmo ano.
 
Apesar de desde 1960 a Indy 500 não fazer parte do Mundial, o Brickyard não era estranho a Clark. Ele tinha andado lá duas vezes seguidas. Era o grande piloto do planeta à época, tinha sido o segundo colocado em Indianápolis em 1963, largou na pole e dominou boa parte da prova em 1964 até perder uma das rodas e abandonar. 
 
Mas estava de volta em 1965, dessa vez numa escolha. Como a prova em Indianápolis aconteceria no mesmo dia que o GP de Mônaco, ele e Colin Chapman escolheram mandar a Lotus 38 aos Estados Unidos. A prova foi diferente. Com o acidente duplamente fatal de 1964, quando os carros arderam em chamas, menos carros tinha gasolina como combustível. O metanol foi incentivado. Também foi a primeira vez que a maioria do grid teve motor na parte traseira do carro.
 
Clark chegou como um dos favoritos. Era campeão mundial de F1 em 1963 com sete vitórias em dez corridas, algo que só seria alcançado de novo com Alain Prost. E no ano seguinte, a glória máxima escapou por problemas do acaso, mas ele já conhecia o suficiente para ser uma ameaça na Europa e nos Estados Unidos.
 
AJ Foyt, então já duas vezes vencedor em Indy, se classificou na pole, mas foi Clark quem dominou a corrida. A Lotus era melhor e não havia alguém que pudesse superar o escocês. Ele liderou logo a primeira volta, mas Foyt recuperou a ponta por mais dois giros. A partir da volta número três, a corrida estava nas mãos de Clark. E com excessão de dez giros após um dos reabastecimentos, ele não ficaria longe da ponta até o final.
Jim Clark, ao lado de Colin Chapman, comemora vitória em Indy (Foto: Scotcars)
Era a primeira vez em 49 anos, desde Dario Resta em 1916, que um não-americano ficava com as glórias de Indy – Gaston Chevrolet, vencedor de 1920, apesar de nascido na França era naturalizado americano. A vitória de um campeão mundial de F1 em Indy se transformaria em uma pequena sequência no ano seguinte, quando Graham Hill, campeão de 1962, ficaria com a conquista. Clark seria o segundo colocado na oportunidade.
 
Porém, para Jim, o ano era de ouro. Mais do que vencedor das 500 Milhas naquele 31 de maio, exatos 50 anos atrás, ele já vencera a abertura da temporada da F1, na África do Sul. Depois de não ir ao Principado, ele venceria na Bélgica, na França, na Inglaterra, na Holanda e na Alemanha em corridas seguidas. Clark também seria campeão da australiana Tasman Series naquele ano, mostrando que não havia local no mundo onde ele não pudesse vencer.
 
O segundo título mundial chegaria ao fim de 1965 – seria o último de Clark. Em 1966 a Lotus não era tão forte, e em 1967, apesar de vencer mais que qualquer outro piloto, ficou com a terceira colocação. Quando em 1968 a Lotus prometia dominar e Clark abriu a temporada com vitória, o destino se mostraria trágico.
 
Durante a primeira corrida de 1968 da F2, que na época tinha participações dos pilotos da F1, Clark perdeu o controle de sua Lotus e saiu da pista em Hockenheim, na época com quase nenhuma segurança. Ele entrou pela floresta e atingiu em cheio uma árvore. O acidente foi prontamente fatal, com o pescoço de Clark sendo quebrado após o piloto ser arremessado do carro.
Jim Clark em Indy (Foto: Reprodução/Twitter)
A morte de Jim Clark não apaga o talento do homem que foi campeão mundial de F1, venceu em Indy e chegou a ser terceiro colocado em Le Mans. Mesmo quase cinco décadas após sua morte, ele ainda tem recordes da F1. Ninguém conseguiu ter tantos Grand Chelem na carreira quanto Clark. Foram oito as vezes em que ele anotou pole, vitória, volta mais rápida e venceu de ponta a ponta na carreira. Oito vezes. Seu domínio 71,47% de voltas lideradas em 1963 também não foi alcançado em termos de porcentagem.
 
Até hoje, embora o nome de Clark muitas vezes pareça perdido nas conversas dos melhores da história do esporte, uma porção importante de pessoas ainda se lembra do escocês. Tanto que, em 2009, o jornal inglês 'The Times' o elegeu o melhor piloto da história da F1. 
 
Em discussões onde aparecem Michael Schumacher, Ayrton Senna, Alain Prost e Juan Manuel Fangio, entre alguns outros nomes, jamais é permitido que se esqueça de Clark.
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