Juncos confirma tendência e encerra vínculo com Canapino com efeito imediato

A Juncos confirmou a informação adiantada pelo GRANDE PRÊMIO e rompeu o vínculo com Agustín Canapino com efeito imediato. O argentino, assim, já não corre pelo time na semana que vem, no oval de Gateway

A Juncos confirmou as expectativas e anunciou, nesta quarta-feira (7), que encerrou o vínculo contratual de Agustín Canapino. O substituto do argentino ainda não foi revelado, mas tende a ser Conor Daly, em busca desesperada da equipe por pontos que colocariam o carro na faixa de premiação da Indy.

Apesar da publicação oficial falar em “comum acordo”, o GRANDE PRÊMIO apurou que a equipe rescindiu no começo desta semana o contrato de Canapino, em uma movimentação que vai além de uma mera demissão. Com problemas financeiros, a mudança seria indício de uma reestruturação societária, que pode envolver a saída de Ricardo Juncos, sócio-fundador, do comando do time.

“Após importantes duas temporadas na Indy, a Juncos Hollinger e Agustín Canapino decidiram mutualmente se separar. Cumprimentamos Agustín por ter vindo para monopostos e não só ter aprendido um novo estilo de pilotagem, mas também mudado para os EUA e aprendido novo idioma. Agustín e a equipe trabalharam incansavelmente para aprender, crescer e estamos extremamente orgulhosos do que atingimos juntos. Agradecemos ao Agustín pelo tempo juntos e torceremos por ele na jornada”, escreveu a Juncos em comunicado.

Canapino chegou à equipe em 2023 como uma aposta pessoal de Juncos, já que praticamente não tinha experiência em monopostos. No entanto, mostrou rápida adaptação em exibições, testes e nas primeiras corridas, além de desembarcar na Indy com um forte apoio governamental argentino — montante que trouxe um período de bonança no aspecto financeiro para a estrutura de Ricardo e Brad Hollinger.

Ricardo Juncos e Agustín Canapino romperam na Indy (Foto: IndyCar)

Esse dinheiro sumiu para 2024. A eleição de Javier Milei como presidente da Argentina trouxe cortes radicais no orçamento do país, o que impactou diretamente a Juncos, que viu ser encerrado o apoio. Ao mesmo tempo, a equipe não conseguiu patrocinadores, apenas acordo pontuais em algumas etapas nos carros de Canapino e Romain Grosjean.

A expectativa estava no contrato de parceria técnica e comercial da McLaren para que este frutificasse em 2025. Quando se fala nessa colaboração, logo se lembra que Zak Brown, CEO da equipe britânica, se destacou no meio do automobilismo na área do marketing, sendo proprietário da Just Marketing International, apontada como a principal agência do mundo na modalidade. Apesar de assinado em 2023, o timing não foi adequado para ter bons acordo de patrocínio já em 2024. A equipe recebeu a alegação de que muitas empresas estavam com o orçamento comprometido.

O sonho de, então, se recuperar no futuro acabou pouco depois do GP de Detroit. O acordo foi rompido após torcedores de Canapino invadirem as redes sociais de Théo Pourchaire com discurso de ódio, depois do francês ter batido no argentino na corrida. A McLaren não gostou de ter visto o piloto desdenhar das reclamações do, então, representante do #6, bem como achou que a Juncos não teve uma medida enérgica para condenar o ocorrido. E encerrou unilateralmente a parceria.

A saída de Canapino se mostrou um caminho natural por todos esses fatores — além da confusão entre as partes, que resultou no afastamento de Agustín do GP de Road America —, mas a troca não deve ser o último capítulo da saga. Ricardo Juncos negocia a venda de parte da equipe para novos sócios, o que pode envolver toda a participação do argentino no time. O dirigente abriu conversas com a família de Devlin DeFrancesco. O GRANDE PRÊMIO pode confirmar duas reuniões entre as partes, sendo uma antes da pausa da categoria e outra no período de recesso, em Miami, onde reside o piloto canadense.

Devlin DeFrancesco de volta? A Juncos já trabalha com essa ideia (Foto: Indy)

DeFrancesco não assumiria o posto no #78 da Juncos logo de cara. Com cinco etapas para o final e quatro em circuito ovais, Daly seria o piloto escolhido. O intuito é que o norte-americano busque pontos para o carro terminar entre os 22 melhores, ganhando o bônus de praticamente US$ 1 milhão [aproximadamente R$ 5,65 milhões] do Leaders Circle da Indy. Devlin correria apenas em Portland, único circuito misto restante em 2024.

Existem dois indícios que sugerem a saída do argentino do comando da Juncos. O GRANDE PRÊMIO soube Brad Hollinger, também sócio da esquadra, investiu US$ 30 milhões [cerca de R$ 168 milhões] e o prazo para retorno é até o final de 2025. Até aqui, o britânico praticamente não viu nenhum valor retornar.

O segundo ponto é que Hollinger procurou Bryan Herta, ex-piloto, estrategista de Kyle Kirkwood na Andretti e pai de Colton Herta, para assumir o comando da estrutura. Basicamente, procurou alguém para exercer as funções atuais de Ricardo no time.

A Juncos vive um ano sofrido também nos resultados. Grosjean até teve momentos de competitividade, mas amarga a 16ª posição geral, com 199 pontos e nenhum pódio. Canapino deixa o time em 22º, com 109 tentos anotados e nenhum top-10 na atual temporada. Aliás, o argentino sai da Indy sem ter ficado entre os dez primeiros colocados em nenhuma corrida oficial em dois anos.

Enquanto os bastidores seguem pegando fogo, a Indy retorna nos próximo dias 16 e 17 de agosto, com o GP de Gateway, um oval em Maddison, no Illinois. A largada será no sábado à noite, programada às 19h [de Brasília, -3 GMT], com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.

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