Na Garagem: Joia uruguaia, Rodríguez sofre acidente e morre em Laguna Seca

Gonzalo Rodríguez mostrava grande talento e real capacidade para ser um dos grandes nomes do automobilismo em pouco tempo. Mas um grave acidente sofrido há exatos 20 anos, quando perdeu o controle do seu Penske e capotou ao bater na barreira de proteção na curva Saca-Rolhas, acabou por encerrar precocemente sua trajetória. A história virou até filme e motivou iniciativa pioneira da sua irmã, Nani Rodríguez, em prol de mais segurança nas estradas

11 de setembro de 1999. Manhã de sábado em Monterey, cidade californiana onde fica localizado o desafiador circuito de Laguna Seca, para a 17ª de 20 etapas da Cart (divisão da Indy após a cisão com a IRL de Tony George) naquela temporada. Gonzalo Rodríguez fazia sua segunda participação no certame depois de terminar o campeonato da F3000 em terceiro lugar, com direito a uma grande vitória em Mônaco. 
 
Aos 28 anos, o piloto buscava se adaptar à categoria, que disputaria de forma integral no ano seguinte, uma vez que tinha contrato assinado com a equipe Patrick. Mas não houve tempo. Uma falha no acelerador do Penske-Mercedes #3 impediu Gonzalo de frear na entrada da curva Saca Rolha. Rodríguez perdeu o controle do carro, bateu no muro e decolou para então acertar o solo. Com o impacto, o uruguaio morreu instantaneamente, encerrando uma carreira promissora.
 
Nascido em Montevidéu em 22 de janeiro de 1972, Gonzalo Rodríguez teve uma carreira de sucesso no kart do seu país. Mas depois de mostrar talento naquele que representa o primeiro passo no automobilismo, 'Gonchi' foi alçar voos mais altos na Europa em 1994, com 22 anos, idade avançada para os padrões atuais. 
Nani e Gonchi, os irmãos Rodríguez (Foto: Reprodução/Twitter)

Naquele ano, o piloto disputou a F-Renault Britânica e Europeia. No ano seguinte, subiu para a F3 Inglesa, classe na qual dividiu curvas com pilotos como Helio Castroneves, Cristiano da Matta, Alex Wurz, Marc Gené e Chrsitian Horner, ele mesmo, o chefe de equipe da Red Bull.

 
Depois de mais um ano na categoria britânica, Gonzalo ingressou na F3000, a antecessora do que é hoje a F2. Depois de um ano de aprendizado, sua estrela começou a brilhar em 1998, ano em que venceu duas corridas: Nürburgring e Spa-Francorchamps, terminando o campeonato num bom terceiro lugar. Em 1999, contratado pela Astromega, equipe belga que era uma espécie de Benetton Jr., o uruguaio triunfou em Mônaco. Pouco depois, foi convidado pela Penske para disputar a etapa de Detroit pela Cart.
 
1999 foi um ano um tanto estranho para a Penske. À época, a lendária equipe chefiada por Roger Penske tinha como principal piloto o veterano Al Unser Jr. No entanto, André Ribeiro, contratado pelo time até o ano anterior, atendeu a um chamado do patrão para deixar o macacão e cuidar das empresas do norte-americano no Brasil, encerrando assim sua carreira nas pistas. O #3, então, não chegou a ter um piloto fixo ao longo do ano. Tarso Marques se revezou com Alex Barron. Rodríguez também teve a chance de ganhar experiência e fez duas corridas.
 
O Penske-Mercedes era um carro muito diferente — e com direção bem mais dura — ao qual estava acostumado na F3000. Ainda assim, sua estreia na Cart não foi ruim: 12º lugar nas ruas de Belle Isle, disputando com um dos seus grandes amigos nas pistas, Juan Pablo Montoya.
 
Roger Penske se impressionou com seu trabalho, mas já tinha fechado contrato com Greg Moore e Gil de Ferran para 2000. Então, Pat Patrick agiu rápido e o contratou para ser companheiro de equipe de Adrián Fernández. Era seu primeiro contrato profissional e, obviamente, Gonzalo estava muito feliz por este novo momento em sua carreira.
Gonzalo Rodríguez teve a chance de defender a Penske (Foto: Gonchi la Película)

Mas o acidente trágico na entrada da curva Saca Rolha, durante os treinos para a etapa de Laguna Seca, meses depois de correr em Detroit, impediu a grande ascensão de 'Gonchi', que morreu aos 28 anos. Gonzalo foi, sem dúvidas, o maior expoente do automobilismo uruguaio.

 
 
O legado de ‘Gonchi’
 
O GRANDE PRÊMIO republica aqui uma entrevista feita em 2015 com Maria Fernanda ‘Nani’ Rodríguez, irmã de Gonzalo. Foi por suas mãos que, pouco depois de o piloto perder a vida em Laguna Seca, buscou manter sua chama acesa por meio da Fundação Gonzalo Rodríguez, com sede em Montevidéu. Nani acompanhou os passos da carreira do irmão, foi à Europa, permitiu-se sonhar, comemorou vitórias incríveis como em Spa, Nürburgring e Mônaco, e chorou pelo adeus precoce a ‘Gonchi’.
 
Entretanto, era preciso seguir em frente. Sempre é. E Nani procurou, de alguma forma, dar sequência ao trabalho que provavelmente seu irmão faria. Nascia a Fundação Gonzalo Rodríguez, com participação destacada sobretudo no Uruguai e na América Latina, mas registrada também nos Estados Unidos e na Inglaterra. 
Nani Rodríguez à frente do projeto Latin NCAP de segurança no trânsito, empreendido pela Fundação Gonzalo Rodríguez (Foto: Fundação Gonzalo Rodríguez)

A entidade foi criada com o propósito inicial de melhorar a qualidade de vida das crianças e jovens uruguaios, desenvolvendo programas próprios que utilizam o esporte como forma de educação, desenvolvimento e inclusão social.

 
“Começamos pouco depois da morte de Gonzalo. Primeiramente, focamos em promover o esporte como uma plataforma de educação para a população no Uruguai. Naquele momento, apenas 8% das escolas públicas tinham a educação física em sua grade, e trabalhamos nisso por muitos anos e conseguimos ajudar a promover uma lei na qual o esporte tornava-se algo obrigatório em todas as escolas primárias públicas do Uruguai. Esta foi uma grande vitória”, disse Nani Rodríguez.
 
A lei sobre a qual Nani se refere é a de número 18.213, resultado de um projeto chamado ‘Esporte para Todos’, que foi declarado de Interesse Nacional pela Presidência da República Oriental do Uruguai. O êxito de tal projeto empreendido pela Fundação Gonzalo Rodríguez foi o responsável pela lei, que oferece uma alternativa real aos jovens uruguaios: o esporte como grande plataforma educacional.
 
Foi o primeiro passo de um desafio muito maior, como conta Nani. “E depois disso, passamos a focar em algo mais complicado, a principal causa de morte entre as crianças no Uruguai. Então, com a ajuda de Charlie Whiting, diretor da FIA, contei que queria ajudar nesta causa no nosso país, e contei que as empresas não estavam dispostas a ajudar muito, uma vez que o Uruguai é pequeno perto do Brasil, Argentina ou México, por exemplo. E conversando com Whiting no GP da Espanha, em Barcelona, há 14 anos, perguntei se ele poderia ajudar a desenvolver um plano-piloto para melhorar a segurança das crianças no trânsito no Uruguai e exportar isso para toda a América Latina.”
 
“E essa ideia foi transmitida ao então presidente da FIA, Max Mosley, que se mostrou muito entusiasmado com o projeto. De Barcelona, fomos até Londres para nos reunir e começar de fato esse trabalho”, explicou. A partir daí, foi desenvolvido um projeto chamado EDU-CAR, cujo objetivo é “proteger os meninos de hoje e educá-los como os motoristas do amanhã”. Trata-se de algo desenvolvido com o foco em longo prazo, focado em segurança vital para as crianças no trânsito, algo que depois foi expandido para a América Latina e o Caribe.
O legado de Gonzalo Rodríguez continua vivo. E sua irmã, Nani, ajuda e muito nesta missão (Arquivo Nani Rodríguez/Sutton Images)

Assim, foram desenvolvidas normas técnicas e de segurança, como a adoção e padronização das cadeirinhas de segurança usadas pelas crianças no banco traseiro dos carros ou em transportes escolares, minimizando ao máximo os riscos em um acidente de trânsito. Tudo com base em estudos científicos, objetivos e independentes. Projeto empreendido pela Fundação Gonzalo Rodríguez e com apoio da Fundação FIA.

 
É difícil para Nani Rodríguez mensurar quantas vidas foram salvas desde quando começaram os trabalhos na Fundação. Mas é inegável que o sentimento de dever cumprido e, principalmente, de ver o legado do irmão garantir o sorriso de outras tantas famílias por toda a América Latina é ameniza uma saudade sem fim.
 
Ao falar do irmão, Nani não escondeu a emoção. Primeiro, ao se lembrar do que Gonzalo representou e ainda representa para o esporte e para o povo uruguaio como um todo.
 
“Para nós, Gonzalo foi o piloto que chegou mais longe no automobilismo. E, além disso, as pessoas também se lembram da sua personalidade, não apenas por seu talento, mas também porque ele era uma pessoa muito alegre, muito franca e aberta aos fãs e à imprensa, e é difícil hoje que um esportista seja tão comunicativo como ele era. Meu irmão foi uma pessoa muito carismática e muito aberta. Então isso causou um impacto muito grande junto ao povo uruguaio”, recordou.
 
Guardadas as devidas proporções, ‘Gonchi’ é para o uruguaio que outra figura do esporte a motor representa para o Brasil. “Quando Gonzalo morreu, com apenas 28 anos, isso foi algo que causou grande comoção, porque foi no momento em que ele estava virando profissional, passando a ganhar salário, a viver do automobilismo. Para nós, é como se fosse nosso Ayrton Senna, com todo o respeito que temos a Ayrton e aos brasileiros, para nós Gonzalo era alguém assim.”
 
 
Eternizado nas telas
 
"Cojones. Tenía muchos cojones."
 
A carreira de Gonzalo Rodríguez poderia ser sintetizada assim. É com ela, aliás, que o grande rival dos tempos da F3000, Juan Pablo Montoya, descreve o piloto uruguaio nos minutos finais do documentário 'Gonchi', lançado pelo Netflix em 2015. Hoje, o filme está disponível em espanhol no YouTube.
 
E se hoje, 20 anos após sua morte, o leitor der uma busca na Wikipédia para saber quem foi Gonchi, não vai encontrar grandes resultados nas maiores categorias do esporte. Ele não fez história na Indy, não chegou à F1, não andou na Nascar ou em protótipos. 

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Fez sua carreira nos monopostos e morreu tragicamente em sua segunda corrida na então Cart, pela Penske, em Laguna Seca. Sem conhecer a história de Gonchi, talvez a ideia inicial seja que se trate de uma história de final triste para um piloto mediano. Não se engane. Não é uma história triste e Gonzalo não foi mediano.
 
É a história de um piloto pioneiro e de uma personalidade irradiante numa narrativa brilhante captada pelas lentes dos diretores Luis Ara e Federico Lemos ('O Último Carnaval'). É justo dizer que Gonchi foi no mundo do automobilismo o que foi para ultrapassar Montoya em Spa-Francorchamps na manobra mais famosa da curta carreira: meteórico.
 
Entre dar os primeiros passos que de fato chamaram a atenção na Europa, na temporada 1995 da F3 Britânica, e sua morte passaram-se apenas pouco mais de quatro anos. Mas foram o suficiente para a construção de um mito uruguaio e uma das grandes histórias de 'e se?' do esporte no último meio século. 
 
O documentário é não apenas o contar de uma história belíssima, também usa artifícios ricos. Os trechos explicados pelo próprio Gonzalo em entrevistas antigas dos grandes momentos de sua carreira, intercalados aos depoimentos detalhistas de familiares, amigos e colegas fazem uma construção que envolve espectador o jogando para dentro da história. É, neste aspecto, bem semelhante ao 'Montage of Heck', outro filme lançado há pouco tempo e que mapeia vida e obra de uma das personalidades mais excêntricas do entretenimento, Kurt Cobain.
 
 
"Era um personagem maior que a vida."
 
As semelhanças entre Gonzalo e Cobain param exatamente nesta frase dita por Christian Horner, que foi companheiro do uruguaio nos tempos de Alan Docking Racing, na F3 Britânica, muitos anos antes de se tornar chefe da Red Bull na F1. Enquanto o cabeça do Nirvana era autodestrutivo e sentia raiva de tudo e todos, Rodríguez se notabilizou por ser uma pessoa de humor em dia e sorrisos marcantes. 
 
Talvez a grande passagem do filme que mostre isso tenha sido a brincadeira dos comissários, liderada por Charlie Whiting, ao fim da temporada 1998. Na reunião dos pilotos antes da prova em Nürburgring, Rodríguez recebeu um prêmio inusitado: um boné que o homenageava por ser o piloto com maior número de punições por drive-through no ano. Quem estava presente, conta que ele fez piadas e a sala caiu na risada.
 
Gonchi venceu a prova, sua segunda no ano. E brincou sobre o boné na coletiva.
Gonchi em Silverstone correndo na F3 Inglesa (Foto: Gonchi la Película)
Senna uruguaio
 
Verdade seja dita: o Uruguai não é uma praça tradicional do automobilismo. Apenas três uruguaios fizeram aparições na F1 em toda história, todos nos anos 1950, e apenas em, de fato, aparições. Nenhum chegou a ser piloto titular de uma equipe regular. Por isso e pelo carisma que tende a aparecer uma vez por geração, ao vencer, impressionar e sorrir, Gonchi arrecadou uma legião de fãs quando ganhou a Europa. 
 
Chegar ao que era, então, o grande chamariz da F1, a F3000, e fazer seu nome foi marcante. Com dificuldades para conseguir patrocínios grossos, correu em equipes pequenas nas duas categorias. Além do time de Alan Docking na F3, foi à belga Astromega após um ano de Redman & Bright na 3000. Nos dois anos derradeiros por lá, a diferença que fazia era marcante. 
 
Fez 60 pontos, enquanto seus companheiros conseguiram somar quatro. Nestes dois anos, 1998 e 1999, terminou no terceiro lugar do campeonato. Os campeões foram, respectivamente, Montoya e Nick Heidfeld, guiando pela tradicional Super Nova e pela West, então operada pela McLaren. Uma disputa desequilibrada.
 
Mas antes dos resultados, as formas de sobreviver longe da família na Inglaterra. Ao sair do Uruguai, primeiro em 1994, foi guiar na F-Ford na Espanha. Lá, conheceu o que acabou por ser segundo pai, Jok Clark, mecânico que o deu abrigo. Na casa da família Clark, ele morou por quase cinco anos enquanto fazia sua escalada no esporte.
 
Sobre os patrocínios, teve uma ideia: levar em seu capacete a marca de Mark Sutton, um dos mais respeitados fotógrafos do mundo do automobilismo. Sutton havia sido, como conta no filme, fotógrafo de Senna e também se impressionou com Gonchi nos tempos de F3000. O acordo entre os dois é, como diz a irmã de Gonzalo, Nani Rodríguez, mais importante hoje do que Sutton jamais pensou. Suas imagens são o que de mais vivaz há da memória de Gonchi.
Cartaz do documentário 'Gonchi', disponível atualmente no YouTube (Foto: Gonchi la Película)
 
Realizando sonhos de criança
 
Foram três vitórias de Gonzalo na F3000. A primeira, em Spa-Francorchamps, com uma ultrapassagem lendária em Montoya na Les Combes. Se na época o colombiano culpou o câmbio pela perda de velocidade, 17 anos depois Juan Pablo admite que nada anormal aconteceu em seu carro. A segunda, na chuva em Nürburgring, encerrando a temporada de 1998, vencida pelo rival colombiano. A terceira e última foi já em 1999, por uma distância imensa em Mônaco. 
 
Até nisso, a história de Gonchi foi caprichosa. Três vitórias em três das pistas mais exigentes do automobilismo mundial. Como destaca Nani em dado momento do filme, as curvas cegas de Spa, a velocidade de Nürburgring e a pressão e as ruas travadas de Mônaco são diferentes o bastante para mostrar um piloto completo.
 
 
Estados Unidos e morte
 
A ligação de negócios entre Mikke Van Hool, dono da Astromega e amigo de Rodríguez, e Roger Penske promoveram, então, um encontro e uma chance de o uruguaio ir aos Estados Unidos e testar a Penske. Na sequência, foi convidado para fazer uma corrida em Detroit. 1999 era um péssimo ano para a Penske, e certamente andar na frente de Al Unser Jr. na primeira participação na categoria chamou os olhos de Roger. Ele o fez com ajuda de Montoya, o maior rival. Praticamente campeão e piloto da Ganassi, o colombiano queria, segundo disse, rivais a altura. Por isso contou o mapa da mina de Belle Isle para um ressabiado Rodríguez. Era tudo verdade.
 
Infelizmente para Gonchi, era tarde demais — a equipe já tinha sua dupla de pilotos firmada para 2000. Mas o uruguaio conseguiu um acordo com Pat Patrick para ser titular na Cart no ano seguinte. Para ele, mais valia ter carros competitivos nos Estados Unidos que andar no fim do grid da F1. Ganhou mais uma chance, também, em Laguna Seca, pela Penske.
 
Chegando lá, Gonzalo teve problemas desde o começo. Na sexta-feira, no treino livre, teve um problema com freios, que travaram. Um cavalo de pau e muita sorte evitaram a batida. Mas no sábado, a sorte não seria repetida. 
O acidente fatal em Laguna Seca (Foto: Reprodução)
A 225km/h, a Penske #3 não parou de acelerar mesmo enquanto o piloto freava. Gonchi passou direto na curva Corkscrew (ou Saca-Rolhas), o carro acertou a barreira de concreto e levantou voo, capotando e parando de cabeça para baixo do outro lado do muro. A cabeça de Gonchi acertou o muro, causando fratura na base do crânio e lesões no pescoço. Ele morreu imediatamente. Dois anos antes do dia que dividiria a humanidade em antes e depois, o 11 de setembro de 1999 parou o coração do Uruguai.
 
Os depoimentos dos pilotos foram gravados em 2014, mais de um ano atrás. A triste ironia do destino é que Justin Wilson, companheiro de Rodríguez na F3000 em 1999, é um dos entrevistados. Cruelmente, o filme acabou saindo após alguns poucos dias da morte do próprio Wilson em um acidente na Indy.
 
É bem verdade, nos 16 anos entre as mortes de Gonchi e Greg Moore – que também foi ferido mortalmente na Cart em 1999 – e a de Wilson, as coisas avançaram. Após 1999, por exemplo, a categoria tornou obrigatório o uso do HANS. A fatalidade com Justin mostra uma vez mais o quanto a segurança nunca está em seu ápice – ainda há sempre o que fazer.
 
 
Um mito
 
Penske levou o corpo de Rodríguez para Montevidéu num voo particular. Chegando lá, o cortejo fúnebre foi acompanhado por milhares de pessoas que se despediam de talvez o grande ídolo do esporte uruguaio nos tempos modernos que não jogava futebol. O choro nas ruas e a comoção em imagens desoladoras dão o tom de quanto significava para muita gente em casa.
 
Talvez Gonchi não fosse moldado para a F1 dos anos 2000, dizem. Piloto de pouco interesse em detalhes e informações técnicas, gostava mesmo do pé pesado. Independentemente de ter tido ou não condições para tanto, seu nome ficou marcado. A revista inglesa 'Autosport' o colocou no 29º lugar numa lista recente dos 50 melhores pilotos da história a nunca terem corrido na F1.
Gonzalo Rodríguez comemora vitória consagradora em Mônaco (Foto: Arquivo Nani Rodríguez)
Após sua morte, a irmã, Nani, criou e passou a administrar a Fundação Gonzalo Rodríguez, que organiza uma série de trabalhos sociais no Uruguai, tendo sido inclusive homenageado pelo Laureus.
 
No final das contas, entre carisma e pé pesado, as dificuldades, a escalada e todas as boas frases, o que mais se prende à cabeça é a fala de Jok Clark nos minutos derradeiros do documentário.
 
"Se você o desse a oportunidade, ele faria as mesmas escolhas de novo. Mesmo sabendo o resultado."

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