Na Garagem: Kanaan leva título da Indy por antecipação após 2º lugar em Fontana

20 anos atrás, Tony Kanaan coroou uma das temporadas mais regulares da história da Indy para levantar o título com uma corrida de antecipação, no oval em Fontana

Foi em 3 de outubro de 2004 que Tony Kanaan escreveu o nome de vez na história do automobilismo brasileiro. Com o segundo lugar na etapa do oval de Fontana, na Califórnia, o baiano de 29 anos levou a Andretti ao topo da Indy, conquistando o título com uma etapa de antecedência. Foi o único título de Tony e o último de um piloto do Brasil na categoria.

Foi um ano em que a consistência ditou o ritmo. Em um calendário em que só se corria em oval, Kanaan completou as 16 corridas no top-8, sendo que 15 delas foram no top-5, ficando de fora apenas na estreia em Homestead. Mais do que isso, concluiu simplesmente todas as voltas da temporada, feito raríssimo.

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Na corrida em que garantiu o título com antecedência, Tony precisou lidar com novos desafios. Não registrou tempo na classificação e, por isso, largou em 21º e último, já que Darren Manning nem alinhou no grid. Foi uma prova de escalar o pelotão.

E isso aconteceu desde a largada, que foi muito precisa. Helio Castroneves saiu na pole, mas Adrián Fernández partiu melhor e tomou a dianteira saindo da quinta posição. Crescimento parecido com o do mexicano teve Tony, que de 21º foi parar no meio do grid em não mais que três voltas, costurando as mais diferentes linhas para evitar qualquer enrosco, mas passando sem perder tempo.

Tony Kanaan recebeu a coroação de campeão na etapa seguinte, no Texas (Foto: Indycar)

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Na volta 6, Fernández e Castroneves começavam a escapar juntos na ponta, enquanto Kanaan seguia seu começo de corrida absurdo e já tinha 15 posições conquistadas, em sexto. Não demorou muito para que o baiano deixasse Sam Hornish Jr. e Dario Franchitti para trás, colando em Dan Wheldon, seu grande rival na luta pelo campeonato. Buddy Rice, o outro piloto com chances, vinha no meio do pelotão sem muito ritmo.

A corrida foi se desenrolando de forma tranquila com um bom revezamento na liderança com nomes como Castroneves passando por lá. Meira e Felipe Giaffone abandonaram com problemas no câmbio, enquanto AJ Foyt IV e Alex Barron tiveram acidentes já no final.

Mesmo assim, com amarelas em momentos derradeiros, a vitória parecia estar entre Fernández e Kanaan, que tinha tudo para sacramentar a conquista. Os dois, inclusive, estavam lado a lado quando, com seis voltas para o final, os xarás Tomas Scheckter e Enge protagonizaram uma senhora paulada, reagrupando o pelotão e chamando a amarela com Tony em ligeiríssima vantagem vista apenas no recurso eletrônico.

A última relargada aconteceu apenas na volta final e a chegada foi de tirar o fôlego. Fernández venceu por 0s018, um bico de carro para Tony, que se sagrou campeão sem grandes sustos. Wheldon, 0s209 atrás do vencedor, garantiu o vice, enquanto Rice foi quinto, 0s494 distante do primeiro lugar, ficando em terceiro no campeonato. Hornish, Franchitti e Castroneves também completaram a prova na volta do líder e menos de 1s atrás do mexicano. Campeonato fechado antes da final no Texas com 1-2 da Andretti.

Tony Kanaan virou chefe de equipe adjunto da McLaren (Foto: IndyCar)

Ao GRANDE PRÊMIO, Kanaan relembrou a conquista e comparou o domínio com os de Lewis Hamilton e Michael Schumacher na Fórmula 1, admitindo que não deu o valor necessário à época para tamanha regularidade.

“Todo mundo tem dificuldades e aquilo era o que a gente tinha na época. E realmente o feito, de como a gente ganhou o campeonato, na época eu não dei o devido valor ao fato de ter completado todas as voltas. O meu pior resultado, naquele ano, foi um oitavo, na primeira corrida. O resto eu cheguei, todas as vezes, entre os cinco primeiros. Foi um campeonato que você só vê hoje na Fórmula 1, com o [Max] Verstappen. Esses domínios que a gente via com [Michael] Schumacher, com [Lewis] Hamilton. Então [o meu feito] foi em uma categoria na qual os carros eram todos iguais e isso torna um pouco mais difícil para fazer. Não estou aqui me gabando, dizendo que sou melhor que alguém. Estou só dizendo que é um pouco mais difícil”, declarou.

Tony também comparou a evolução da Indy de lá para cá. 2004 foi a última temporada da categoria em que todas as provas foram disputadas em circuitos ovais. Com a reintegração das pistas de rua e os circuitos mistos, o brasileiro vê a recuperação de popularidade da categoria, muito perdida com a ruptura que gerou CART e IRL a partir de 1996.

“Com a separação das duas categorias, a gente sofreu demais. Quando a gente voltou, em 2003, ainda eram só [circuitos] ovais. Mas era natural voltar para o que era antes, ou seja, um mix de tudo [circuitos mistos, ovais, de rua]. A categoria evoluiu muito, a gente começou a crescer de novo. Lógico que não dá para comparar com o que era antes. A gente perdeu muito para a Nascar na época. Pessoal nem sabia o que era Fórmula 1 aqui. Hoje, com a Netflix [a série Drive To Survive], é uma categoria extremamente popular também aqui nos Estados Unidos. Mas a categoria evoluiu demais, cada um na sua época”, completou.

O período de sete anos na Andretti foi de excelentes resultados para Tony. Além do título em 2004, o brasileiro foi vice em 2005 e ficou em terceiro em 2007 e 2008. A Indy 500, no entanto, só veio em 2013 pela modesta KV.

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