Na Garagem: Wilson morre aos 37 anos em decorrência de acidente em Pocono

Há exatos cinco anos, o britânico, ex-Fórmula 1 e vencedor de sete corridas na Indy, não resistiu ao impacto de um grave acidente nas 500 Milhas de Pocono. Ele foi atingido na cabeça por um pedaço do carro de Sage Karam, que bateu à sua frente

O dia 24 de agosto de 2015 ficou marcado na história do automobilismo mundial de uma péssima maneira. Um dia após um grave acidente durante as 500 Milhas de Pocono, Justin Wilson não resistiu e morreu aos 37 anos. O ocorrido mexeu no destino da Indy, que não perdia um piloto desde Dan Wheldon, em 2011, mas se viu obrigada a agir de forma importante para os anos seguintes. Foi a morte de Wilson que jogou luz na importância da adoção de uma proteção de cockpit, gerando o aeroscreen, cinco anos depois.

A corrida do domingo (23) em Pocono foi completamente turbulenta. Com uma série de batidas, teve apenas dez pilotos chegando ao final. A primeira delas foi na volta 37, quando Sébastien Bourdais foi parar no muro logo depois de uma relargada por amarela causada por uma roda solta de Jack Hawksworth. E foi o próprio Hawsworth que se envolveu no incidente seguinte, escapando de traseira, tocando em Charlie Kimball e, no fim, os dois se arrastando pelo muro.

A prova seguia completamente picotada e, até certo ponto, bastante perigosa. E o momento mais assustador veio no 92º giro, quando uma linha de três foi formada de maneira nada adequada, Tristan Vautier pisou na grama e deu em Graham Rahal. Até então candidato ao título do campeonato, o americano bateu forte e saiu irado do carro com a atitude do piloto da Dale Coyne.

As 500 Milhas de Pocono em 2015 foram muito complicadas (Foto: IndyCar)

Após finalmente encaixar uma sequência de voltas em bandeira verde, a corrida foi parada novamente na volta 132, quando Tony Kanaan, que vinha muito rápido, perdeu o controle de sua Ganassi e encontrou o muro. E a relargada ali já quase nem durou, com Marco Andretti também perdendo o carro e batendo. Marco, aliás, saiu do bólido com dores no joelho e um tanto atordoado com o impacto.

Depois de algumas voltas de bandeira verde e de uma amarela insólita devido a uma raposa que atravessou a pista, nova relargada e nova batida, com 34 voltas para o fim. Pior para Helio Castroneves, que dava adeus ao título e encontrava o muro. As 500 Milhas de Pocono já eram das piores dos últimos anos, lotada de incidentes. Mas foi com 21 voltas para a bandeira quadriculada que aconteceu o incidente que mexeu com a história da Indy.

Primeiro foi o então líder Sage Karam que foi para o muro. Logo depois, foi Wilson quem também bateu com violência. O americano da Ganassi deixou o carro claramente atordoado, até mancando, mas bem. A situação do inglês da Andretti preocupava mais. Na repetição, percebeu-se que um pedaço da asa de Karam voou e bateu exatamente no capacete de Wilson, em uma região do cockpit que não era protegida em 2015. O inglês, então, foi direto no muro. Wilson foi removido da pista de helicóptero e já não havia mais clima algum para a corrida, mas a Indy resolveu continuar.

Justin Wilson não resistiu a um acidente em Pocono (Foto: IndyCar)

Foram sete voltas para um fim melancólico, com bem menos ação que no resto da prova e um clima pesadíssimo. Ryan Hunter-Reay deu o bote em Gabby Chaves e Takuma Sato e venceu, mas foi a comemoração mais fria dos últimos tempos. Michael Andretti, chefe de Hunter-Reay e de Wilson, não esboçou qualquer comemoração com o triunfo de seu piloto. Pelo contrário, o chefe do time parecia completamente abalado com o acidente do inglês.

A confirmação do pior veio na noite do dia seguinte, às 22h15 (em Brasília). Uma semana após grande performance e briga pela vitória em Mid-Ohio, acertado por um pedaço do carro de Karam no capacete, Wilson não resistiu e morreu aos 37 anos no hospital em Allentown.

“Em nome da família Wilson, é com profunda tristeza que anunciamos que Justin Wilson morreu em decorrência da lesão que sofreu na cabeça ontem em Pocono. Ele faleceu na companhia de sua família, de seu irmão Stefan e sua esposa. Como sabemos, a indústria das corridas é uma grande família. Vamos oferecer o apoio que eles precisam durante este período. Sua falta será sentida. Gostaria de agradecer em nome da família, da Indy e da Andretti, à equipe médica da Holmatro e aos médicos. Particularmente, a família de Wilson gostaria de agradecer aos colegas de pista dele”, declarou Mark Miles, CEO da IndyCar.

Justin Wilson fez pódio em Mid-Ohio dias antes do acidente fatal (Foto: IndyCar)

O piloto Ed Carpenter também esteve presente junto de Miles. “Estou aqui em nome dos pilotos da Indy. Dias como estes são extremamente difíceis. Gostaria de enviar minhas sinceras condolências à família de Justin. Obviamente ele foi um grande profissional, extremamente bem, e fora isso, era um cara incrível. Um dos poucos que realmente era amigos de todos no paddock”, afirmou.

Wilson foi o primeiro piloto a morrer na Indy desde Dan Wheldon, também inglês, que perdeu a vida em um acidente múltiplo no oval de Las Vegas na última etapa da temporada 2011. Aquela foi também a última prova do antigo carro da Indy. Em 2012, a categoria introduziu o DW12, fabricado pela Dallara e nomeado em homenagem a Wheldon, e nenhuma fatalidade havia acontecido.

Na carreira nos monopostos norte-americanos, Wilson conquistou sete vitórias, quatro na então CART e três na fase da IndyCar. O último triunfo foi no Texas, em 2012, correndo pela Dale Coyne. Ele deixou a equipe no fim de 2014 e voltou a competir em regime parcial pela Andretti em 2015.

Wilson também teve passagem pela Fórmula 1. Em 2003, disputou a primeira parte da temporada pela Minardi e, para as últimas cinco etapas da temporada, foi contratado pela Jaguar para substituir o brasileiro Antonio Pizzonia. Pelo time, chegou em oitavo no GP dos Estados Unidos e marcou seu único ponto no Mundial. Justin deixou a esposa e duas filhas.

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