Retrospectiva 2024: Herta dá volta por cima e emplaca melhor temporada da vida
Colton Herta deixou para trás oscilação e inconstância com grande desempenho e resultados na reta final da Indy em 2024. E já desponta como candidato ao título do próximo ano
Colton Herta, principalmente na parte final da temporada, mostrou que pode ser desafiante ao trono de campeão da Indy e desbancar Álex Palou em 2025. O norte-americano diminuiu consideravelmente os erros e mostrou nível de consistência nunca antes visto vindo da parte dele na categoria. O resultado: fim do jejum de mais de dois anos sem vitórias e o primeiro triunfo em circuito oval, fechando o ano com o vice-campeonato.
Uma coisa precisa ser dita: apesar de ter feito sua temporada mais forte na Indy, Herta ainda não foi um postulante ao título. De fato, andou quase todo o campeonato entre os cinco primeiros do certame, mas faltou um início de ano mais forte para bater de frente com Palou. Começou sendo terceiro em St. Pete — palco do polêmico caso da fraude do push-to-pass da Penske, que gerou a desclassificação de Josef Newgarden e Scott McLaughlin, que, originalmente, tinham sido primeiro e terceiro, respectivamente — e foi segundo em Long Beach, alcançando o top-10 no Alabama e no GP de Indianápolis.
Até aí, inegável que tinha um início de campeonato melhor do que os passados, mas vieram as 500 Milhas de Indianápolis e o GP de Detroit, quando errou sozinho nas duas ocasiões, deixando pontos importantes pelo caminho — foi 23º e 19º nessas corridas. E essas duas falhas foram cruciais na luta pelo campeonato.
A recuperação veio em seguida, no GP de Road America, disputado na sequência da etapa de Detroit. Mesmo acertado em dois incidentes logo no início da prova, que jogaram o piloto para as últimas colocações, Herta conseguiu escalar o grid e terminou na sexta posição. Na pista de Elkhart Lake, viveu a grande polêmica da temporada: reclamou ao site norte-americano Frontstretch dos acidentes e disse que na Indy “só se é punido se der um tiro”. A declaração causou um rebuliço na categoria, que se reuniu com o piloto naquela semana.
Talvez tenha sido a reunião ou só o próprio desempenho, mas Herta passou a ser mais consistente a partir daquele ponto. Foi segundo em Laguna Seca, quarto em Mid-Ohio e fez a pole da corrida 1 em Iowa — a primeira em circuitos ovais. Ali teve muito azar, quando uma bandeira amarela veio exatamente ao entrar para a última parada nos boxes, com o acidente justamente de Palou. Conseguiu ganhar algumas posições e fechar em 11º. Ainda foi quinto na corrida de domingo, que encerrou a rodada dupla.
Mas o ponto de virada veio com a vitória no GP de Toronto, que encerrou o período de 799 dias sem vitórias na Indy para Herta. O piloto da Andretti admitiu que não foi fácil conviver com o jejum. Declarou, logo após receber a quadriculada no circuito de rua do Canadá, que “foi difícil aguentar isso”. Sem sustos, venceu facilmente — apesar de Kyle Kirkwood acompanhá-lo bem de perto. Foi a prova cabal que o norte-americano elevou o patamar.
A reta final do campeonato teve um erro por parte de Herta: bateu sozinho na classificação do GP de Gateway, algo que passou despercebido após fechar a corrida em quinto. Se manteve entre os cinco primeiros em Portland, quando foi quarto colocado. Passou até a alimentar a expectativa de brigar pelo título, então, mas aí foi a vez da Andretti falhar no GP de Milwaukee 1. Andando entre os primeiros colocados, Colton foi chamado aos boxes, mas uma roda mal encaixada forçou um pit-stop extra.
Foi um erro raro da equipe, cada vez mais comandada por Rob Edwards, chefe de operações da Andretti. O dirigente deve ganhar ainda mais espaço em 2025, visto que Michael Andretti vai ocupar funções mais distantes do cotidiano do time — uma mudança anunciada em outubro passado.
Em Milwaukee 2, conseguiu o terceiro lugar e subiu pela primeira vez ao pódio em um circuito oval. Manteve o embalo e venceu na sequência, no Nashville Superspeedway, que encerrou o campeonato. Palou foi tricampeão, com Herta, vencendo, enfim, em um oval e fechando como vice-campeão.
O desempenho de Herta, ao menos de Road America para cá, é digno de um piloto que pode ser campeão na Indy. Rápido e constante, que soube se sair muito bem quando esteve em adversidades. No entanto, até o fim do campeonato, em setembro, o assunto Fórmula 1 parecia enterrado para o vencedor mais jovem da história da categoria. Em Nashville, até desdenhou que alcançou os pontos da superlicença.
Coincidência ou não, o jejum de vitórias de Herta foi durante o período em que não escondia o sonho de um dia correr na F1. Acontece que, agora, passa a ser um prospecto para a Cadillac, que vai usar a estrutura da Andretti para correr por lá a partir de 2026. Resta saber com qual cabeça Colton vai entrar na temporada de 2025: querendo ser campeão da Indy ou sonhando em correr na categoria mais popular do planeta.
A Indy retorna só no próximo ano, entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março, com a abertura da temporada 2025, no GP de St. Pete.
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