Conta-giro: Ingo Hoffmann vira professor da Mitsubishi na Lancer Cup em palco de última prova na Stock Car

Lenda do automobilismo brasileiro e dono de nada menos que 12 títulos da Stock Car, Ingo Hoffmann hoje se diverte como coach dos gentlemen-drivers da Mitsubishi Lancer Cup. No último fim de semana, em Goiânia, o ‘Alemão’ voltou ao cenário da sua última corrida para encarar uma jornada “extremamente gratificante”

Três meses depois de disputar, como convidado de Rubens Barrichello, sua última corrida na Stock Car, Ingo Hoffmann regressou ao Autódromo Internacional Ayrton Senna, na bela Goiânia, mas desta vez com uma missão muito mais leve e prazerosa. Bem diferente do ambiente competitivo em que esteve envolvido naquele fim de semana de março, desta vez o ‘Alemão’ tinha como função servir como coach, ou instrutor dos pilotos da Mitsubishi Lancer Cup, categoria de automobilismo de pista da montadora dos três diamantes.

Ingo, dono de grande experiência em Goiânia — esteve na inauguração do circuito, ainda nos anos 70, disputou inúmeras provas por lá e cumpriu participação especial em março na Stock —, é a grande referência dos gentlemen-drivers que integram o grid da categoria. Tratam-se de pilotos que têm o automobilismo como hobby, diversão aos finais de semana, mas que abordam o esporte de maneira competitiva. Assim, nada melhor do que ter ao lado como professor um verdadeiro mito das pistas. Hoffmann é sinônimo de uma carreira laureada de quase 40 anos de duração, que inclui nada menos que 12 títulos da Stock Car, passagem pela F1 e em outras tantas categorias.

“Eu me considero uma pessoa absurdamente abençoada. Depois de ter corrido profissionalmente por 37 anos e depois ter parado em 2008, ainda estar atuando no meio com diversas atividades. Uma delas é servir de coach dos pilotos novos aqui. É super prazeroso passar minha experiência e ter a chance de guiar constantemente os carros na Lancer Cup”, declarou Ingo ao GRANDE PRÊMIO no último sábado (20), durante as atividades no circuito goiano pelo Mitsubishi Racing Day.

Ingo Hoffmann é a grande referência para os gentlemen-drivers da Mitsubishi Lancer Cup (Foto: Tom Papp / Mitsubishi)

Como parte do trabalho, Hoffmann tem de pilotar todos os carros do grid da Mitsubishi Lancer Cup de forma a garantir igualdade de condições para todos os pilotos que competem no fim de semana. Assim, o lendário piloto de 62 anos percorreu em torno de 500 km no total. Além de checar o funcionamento e cada carro, Ingo também serviu como referência aos pilotos, cuja maioria corria pela primeira vez em Goiânia.

“Como andei muito aqui e sei bem a pista, conheço todos os seus macetes para passar ao pessoal. Com o auxílio da metria, é possível explicar aos pilotos o que fiz em cada lugar da pista, os pontos de frenagens, todas as coordenadas. E quando o pessoal escuta, assimila tudo, certamente que a melhora é muito grande. Então é extremamente gratificante estar no meio”, disse.

No fim das contas, Ingo entende que trabalhar como professor dos gentlemen-drivers da Lancer Cup acaba sendo muito mais prazeroso porque não há mais o ambiente extremamente competitivo com o qual lidava na Stock Car.

Pela primeira vez em sua história a Mitsubishi Lancer Cup correu em Goiânia (Foto: Cadu Rolim/Mitsubishi)

“Quando estive na Corrida de Duplas, por exemplo, me cobrei muito. Não consigo competir por prazer, quero ganhar sempre. E aqui agora é prazer, não tem ninguém para competir, portanto tem sido extremamente prazeroso esse trabalho com a Mitsubishi”, afirmou.

Dentre todos os alunos de Ingo na Lancer Cup, Bruno Mesquita é quem vem obtendo as melhores notas. Atual líder da temporada 2015, o paulista guiou o Lancer RS, dotado de motor de 340 cv, e venceu a etapa realizada em Goiânia. Depois de triunfar na tarde de sábado, Mesquita descreveu o que representa ter ao seu lado como instrutor uma lenda viva das pistas.

“O que eu aprendi, pessoalmente, é que tendo um coach com experiência, que pode ajudar numa metria, em técnicas de pista, como um todo, o caminho a ser percorrido diminui muito. E quando se trata do Ingo, é algo inacreditável”, vibrou o piloto, que definiu Hoffmann como um extraterrestre.

“Ele ajuda demais a todos nós. É muito prestativo, sempre disposto a nos auxiliar. As dicas dele sempre nos fazem evoluir muito. Então é sensacional estar ao lado de um cara que a gente assistia quando criança e o via como um ‘cara de outro planeta’. Para mim, que estreei na Lancer Cup, a evolução acaba sendo mais curta, e não há pessoa melhor para ensinar do que ele”, destacou.

Ao lado do mestre Ingo, o aprendiz e piloto Bruno Mesquita, vencedor em Goiânia (Foto: Tom Papp/Mitsubishi)

Adalberto Baptista é um habitué das provas de automobilismo. Gentleman-driver, o ex-dirigente do São Paulo Futebol Clube costuma participar de competições pelo Brasil e mudo afora, mas teve sua primeira experiência como piloto em Goiânia. E comemorou o fato de ter como seu grande norte um nome com o histórico vitorioso de Ingo.

“Todos que estão aqui são apaixonados por automobilismo e todos têm o Ingo como ídolo”, reverenciou Baptista. “E você estar aqui e poder dividir histórias com ele é fantástico. Ter essas experiências e você ter o prazer de tê-lo no teu carro, comparar a telemetria com a dele, o ponto de freada, é algo que a Lancer Cup oferece que é indescritível”, comentou.

Fabio França, que compete na classe Lancer R, também não escondeu a admiração pelo professor. “Ele é um ícone do automobilismo brasileiro. E é um cara muito profissional e atencioso com todos. Dou nota 10 para ele também como professor. Ele sabe como a gente pode tirar o melhor em cada volta, ele consegue passar as sensações do carro e melhorar nosso desempenho na pista.”

Com entusiasmo, o mineiro ressaltou a humildade do lendário Ingo: “Ele fala a nossa língua. Você consegue entender o que ele nos passa, é uma enorme referência. Além disso, é um cara humilde, aberto, não ‘se acha’, sabe? Então é um privilégio ter alguém do quilate do Ingo como nosso professor aqui na Lancer Cup”, falou.

O ‘Alemão’ recebe os elogios com um indisfarçável orgulho e com a certeza de que, mais uma vez, tem feito um grande trabalho. “O mais importante é passar a minha experiência para eles. Claro que ter o nome que eu tenho, a experiência, o currículo, isso tudo ajuda também. É uma referência a mais, acabo tendo muito mais confiança por parte dos pilotos. É um trabalho gostoso, bem interessante de fazer”, disse.

Instituto Ingo Hoffmann fica na cidade de Campinas, no interior de SP (Foto: Divulgação)

Além do seu trabalho como coach na Lancer Cup, Ingo divide seu tempo com aquela que ele mesmo define como a maior vitória da sua vida: o Instituto Ingo Hoffmann, sediado em Campinas, dedicado a prestar todo o suporte possível a crianças portadoras de câncer e suas famílias. O projeto, que é realizado em parceria com o Centro Infantil Boldrini, hospital referência mundial em tratamento de crianças com câncer, é a grande obra de Hoffmann, que fala com brilho nos olhos sobre o trabalho.

“O trabalho tá bem, tá legal. Em todo o tempo, estamos correndo atrás de dinheiro para tocar o projeto. Inauguramos agora uma academia para os pais e para as crianças. Estamos tentando melhorar sempre, buscando eventos para melhorar o Instituto a cada dia. Mas é um trabalho árduo, de formiguinha, dia após dia. É como sempre falo: agora que o avião levantou voo, temos de abastecê-lo em pleno voo, não podemos parar. É um trabalho muito importante, muitas pessoas dependem de nós”, disse.

Seja no Instituto, seja no trabalho na Mitsubishi Lancer Cup, Ingo Hoffmann deixa claro que tudo com enorme paixão, competência e dedicação. Elementos que fizeram do ‘Alemão’ um vencedor.

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