Administrador judicial põe fatia da KTM nas ações da MV Agusta à venda em meio à crise
Em um anúncio feito na corte de Ried im Innkreis, no norte da Áustria, um administrador judicial colocou à venda a fatia de 51% das ações da KTM na MV Agusta. O Grupo Pierer Mobility enfrenta uma séria crise financeira
A crise na KTM segue tendo desdobramentos. A novidade da vez é que um administrador judicial colocou as ações que a companhia austríaca possui na MV Agusta à venda. A decisão foi anunciada no tribunal de Ried im Innkreis, no norte da Áustria, na última terça-feira (17).
Dono da KTM, o Grupo Pierer Mobility comprou 25,1% das ações da MV Agusta em novembro de 2022, mas, no início deste ano, adquiriu mais uma fatia para chegar a 51% e assumir o controle majoritário. Além disso, o administrador também está vendendo a parte da KTM na MV Agusta Services, tudo parte do processo de insolvência que envolve a marca laranja.
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Segundo a publicação inglesa Autosport, Timur Sardarov, o ex-dono da MV Agusta, está interessado em comparar as ações para reassumir o controle acionário.
Assim como a KTM, a MV Agusta também teve superprodução nos últimos meses, com cerca de 2 mil motos paradas em armazéns na Áustria. A produção deve ser reduzida para se ajustar à atual demanda do mercado.

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Tal qual acontece com a companhia de Mattighofen, o revés na MV Agusta também afetou funcionários na Itália. O sindicato e a diretoria da marca chegaram a um acordo para que os salários sejam reduzidos em 20%.
A situação dos trabalhadores da KTM também é preocupante. De acordo com a rádio ORF, mais 50 pessoas devem ser demitidas até o fim do ano, elevando o total para 800 desde o início do processo de insolvência.
A cúpula da KTM se uniu com os sindicatos locais (PRO-GE e GPA) e com a Câmara de Trabalho da Alta Áustria, mas os detalhes seguem reservados. A expectativa, contudo, é de novos cortes.
A Câmara de Trabalho da Alta Áustria declarou que “perdeu a confiança” na KTM após os salários de dezembro não terem sido pagos antes do Natal, como havia sido acordado.
“Por conta da situação econômica em constante mudança e às condições estruturais incertas, a AK, os sindicatos e os conselhos de trabalhadores não mais confiam em anúncios, mas vão agir apenas com base nos fatos”, anunciou.
O tribunal regional de Ried im Innkreis vai receber nesta sexta-feira o primeiro encontro entre os credores da KTM. Peter Vogl, que é o administrador do processo de insolvência, deve estar presente. A corte é quem vai definir se a KTM e as duas subsidiárias, que foram declaradas autoliquidadas, podem seguir operando.
De acordo com a publicação austríaca Der Standard, a KTM deve para 1.630 credores, incluindo quase 180 bancos, totalizando um montante de € 796 milhões (aproximadamente R$ 5,2 bilhões). A lista de credores tem 34 páginas, 13 delas com empresas austríacas e o restante com companhias de Alemanha, Índia, Espanha, Itália, Espanha, Portugal, Países Baixos, Eslováquia, Eslovênia, Polônia, Irlanda, Suíça, Grã-Bretanha, Canadá, Estados Unidos, Argentina, Tailândia, China, Coreia do Sul, Mianmar, Austrália e Japão.
Além de bancos, a lista conta com empresas menores entre os credores, como é o caso de pequenos comércios como padarias e cafeterias.
Do lado da matriz, o Grupo Pierer Mobility anunciou esta semana que contratou o Citigroup Global Markets Europe para reorganizar a estrutura proprietária.
“O Pierer Mobility AG está atualmente conversando com potenciais investidores estratégicos e investidores financeiros. Por um lado, são parceiros existentes e, por outro, são conversas com novos investidores estratégicos e investidores financeiros”, anunciou o Grupo Pierer. “Para seguirmos adiante com esse processo em uma maneira estruturada, transparente e eficiente no interesse de todos os acionistas, o Citigroup Global Markets Europe AG foi contratado hoje para apoiar esse processo de investimento”, seguiu.
“A meta do processo de investimento é que os investidores subscrevam a um necessário aumento de capital ou instrumentos financeiros do Grupo Pierer Mobility. Os recursos serão usados para fortalecer o Grupo Pierer Mobility, em especial da KTM AG”, completou.
Só que não para por aí. De acordo com relatos do Oberosterreichische Nachrichten confirmados pela Austria Press Agency, a FMA (Autoridade Financeira de Mercado, em tradução livre) iniciou uma investigação para analisar se a empresa controladora — o Grupo Pierer Mobility — cumpriu com os regulamentos de publicidade dos atos. O questionamento reflete o período entre maio e novembro, quando as previsões do negócio foram ajustadas e uma mudança no conselho de administração foi acionado.
Pela lei, as empresas devem dar publicidade imediata a informações privilegiadas para que elas estejam disponíveis a todos os participantes do mercado ao mesmo tempo. Caso a regra não seja cumprida, a companhia fica sujeita a penalidades.
As ações do Grupo Pierer Mobility seguem operando em baixa nesta quinta-feira e agora são vendidas a ₣ 10,36 (cerca de R$72,71).
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